Não sei se já assistiram a uma série chamada Red Band Society que o Canal Sony exibiu aos domingos – na verdade neste último domingo ela exibiu o último episódio da série que teve apenas uma temporada, mas tem a versão original espanhola que terá segunda temporada e chama Polseres Vermelles – e eu mesma nunca falei dela lá no outro blog, aonde moram meus comentários sobre TV porque ela não tem nada de sensacional. Acabei por assisti-la porque estava disponível no NOW da Net e parecia adequada para “deixar rolando” enquanto eu fazia outra coisa
A série “acontece” na ala pediátrica de um hospital e foca-se na vida de adolescentes com doenças graves: uma menina em estágio avançado de anorexia, um rapaz com fibrose cística, dois rapazes com câncer, uma garota que precisa de um transplante de coração e um menino em coma.
Apesar dos dramas médicos, a verdade é que Red Band Society – uma referência às pulseiras vermelhas que eles recebem e que acaba por torná-los um grupo – é sobre o que sentes esses adolescentes, o fato de viverem em um hospital se torna um detalhe.
A frase que dá título a este texto e falada pela enfermeira Brittany no último episódio para Caroline, a desolada mãe de Emma, a menina com anorexia.
Ao longo do vários episódios da série vemos Emma fingindo estar bem para todos os demais personagens, enquanto sua mente é assombrada pela imensa culpa que ela tem a cada vez em que come algo, mas pouco vemos de como a doença aconteceu. Há três episódios do final ela volta para casa como curada e somente então vemos uma distância enorme entre a menina e sua mãe.
Sabemos então que a avó materna de Emma também teve anorexia, problema descoberto apenas após sua morte, quando comidas são encontradas escondidas por toda casa.
A dificuldade dos pais em lidar com a doença é aparente, principalmente por parte da mãe, e somos levados a pensar que elas são afastadas e que esse poderia ser o principal problema de Emma. No último episódio, com a menina já de volta ao hospital, um psicólogo pede que elas façam aquele exercício da queda de confiança, quando uma pessoa cai de olhos fechados e a outra deve segurá-la, ou seja, a que cai precisa confiar plenamente de que será “acolhida”.
Emma não consegue se deixar cair nos braços da mãe, acaba falando sobre como a doença começou e que os pais nunca perguntaram se não estava tudo bem. Caroline sai da sala e entra no elevador decidida a ir embora quando Britanny aparece e entra no elevador com ela.
Brittany dá parabéns a Caroline pela filha que tem e ela responde rapidamente que a enfermeira deve saber que ela é anoréxica e não maravilhosa – devo dizer que essa é a primeira vez que Brittany tem real utilidade na série.
A enfermeira então fala sobre o fato da anorexia ser a doença da menina e não quem ela é e enumera suas qualidades, fala do como ela é uma pessoa boa e que com certeza a mãe tem participação nisso: “Porque você a fez”.
Caroline então volta para a terapia e desabafa: ela se afastou da filha durante a doença porque na verdade sabia da verdade desde o começo e porque se sentiu responsável pelo que aconteceu com ela. Após seu desabafo é a vez da filha admitir que teve vergonha de contar o que acontecia para sua mãe a quem considerava a melhor amiga.
Uma das frases da mãe em seu desabafo: “na tentativa de não ser como minha mãe, eu me tornei uma mãe pior ainda”.
Aqui entre nós: seja qual for sua relação com a sua mãe, toda mãe já se sentiu a pior mãe do mundo. A gente normalmente se sente responsável por cada coisa de errado que possa acontecer enquanto o filho cresce e acho que em algumas dessas vezes a gente sente vontade de sumir para que ele possa se recuperar de nós.
Ser mãe não é das tarefas mais fáceis, definitivamente. Ficamos assim tentando encontrar o impossível equilíbrio entre ser presente e dar liberdade, em ser acolhedora, mas deixá-los independentes. Entre ser mãe e fazer com que seu filho saiba que também pode confiar em você quando se sentir sozinho.