Pense antes

SweatShop reality sobre a indústria fabril no Camboja

Lembram da onda de blogs com o “look do dia”? Eu imagino que ainda existam muitos, eu é que não sigo mais nenhum, não faço ideia de quem são metade das meninas que são as tais “it girls” do momento. Ou melhor, sigo apenas um, o da Ana Carolina.

Acredito que a maior parte de vocês já conheça o blog, mas para quem não conhece a Ana começou sua história pouco depois da Cris Guerra começar o Hoje Vou Assim original e a ideia da Ana, que eu sempre achei uma sacada sensacional, era mostrar que é possível sim se vestir bem com pouco dinheiro.

Com o tempo o blog da Ana Carolina passou a ser bem mais que isso, um reflexo do que aconteceu com sua autora mesmo, que foi ir descobrindo o que consumir com consciência significa – e daí você entende porque eu continuo seguindo o blog dela.

Ela está sempre lembrando que a gente não precisa ter um monte de roupa, além da roupa não precisar ser cara, para se sentir bonita e feliz. Ela fala sempre sobre pensar antes de comprar.

E, na verdade, o pensar antes, que deu nome a este texto, anda em falta em geral nesse mundo moderno.

Pensar antes de consumir, pensar antes de comer, pensar antes de comprar, pensar antes de beber, pensar antes de continuar usando água como se nada estivesse acontecendo na represa, pensar antes de tornar a calçada da sua casa mais um pedaço enorme de cimento para não ter de se preocupar em cortar a grama. O povo todo está ficando com cada vez mais coisas de que não gosta realmente, engordando horrores e endividado sem perceber que, no processo, está mais infeliz.

Assim como a Ana eu não acho que ninguém deve viver de tanga e chinelo de dedo, não comprar algo que é um sonho ou algo do tipo, apenas fazer aquela perguntinha “preciso mesmo” por mais que um segundo apenas.

Em tempos em que a internet parece oferecer minutos de fama a todos, ainda que para plateias pequenas, as pessoas buscam através do ter se diferenciar umas das outras – ter o carro mais novo, o apartamento com mais coisas, a bolsa mais cara – e acabam não percebendo que apenas estão ficando mais iguais.

Aí vem a angústia e não conseguem entender o por quê dela.

Só que eu não quero falar só sobre a angústia de não entender porque você não está feliz, mas sobre o efeito de tudo isso na sociedade: cadê a empatia?

Parece que entramos em uma espiral do “salve-se quem puder” e pouco importa a dor da pessoa ao seu lado, e menos ainda de quem está longe.

Nesta semana tomou a internet a divulgação de um reality show norueguês que colocou três blogueiros para trabalhar em uma indústria têxtil no Camboja. O nome da série? Sweatshop.

 

 

Como este texto do Update Or Die comenta, ao longo do programa os participantes saem de um estado que eu só posso entender como negação – “Para ela, esta é a sua casa; ela não acha que é ruim” -até entenderem o quão é injusta a forma como o mundo está funcionando hoje.

Eu só queria, de verdade, que não fosse preciso uma pessoa ser obrigada a viver como essas pessoas vivem para que ela entendesse o quanto isso é errado.

Porque, além de não tornar a pessoa mais feliz, essa onda de consumismo, de comprar muito coisas baratas, pouco importando sua origem, de trocar coisas perfeitamente boas apenas para ter algo mais novo, aumentando as montanhas de lixo, todo esse consumismo realmente tem acabado com a vida de muita gente. Muita gente mesmo.

P.S. Eu sei, já falei isso aqui antes, acho que vivo repetindo isso na vida real e acho que vou continuar repetindo por um bom tempo ainda.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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