Bicicletas e subidas

Ao que parece alguns paulistanos estão com dificuldades para entender como é que pode alguém usar bicicleta em uma cidade de revelo tão irregular como São Paulo – oie, eu moro na Vila Pompéia, conhece? – e acham uma loucura as ciclovias serem pintadas em ruas tão íngremes.

Por conta disso apresento a vocês imagens que poderão ser chocantes:

1. Uma ciclovia em Seattle, Estados Unidos

Seattle bicycle path ciclovia

2. Uma ciclovia em San Francisco, Estados Unidos

SF-Market-Street bicycle path ciclovia na rua do mercado em san francisco

Vocês sabia que San Francisco tem relevo bastante parecido com o da cidade de São Paulo? E que sua primeira ciclovia data de 1971, mas desde então o sistema cresceu e sofreu modificações por conta dos impactos que causou? Por exemplo: nem todas as ciclovias foram mantidas ao lado da calçada, a fim de facilitar para que carros pudessem fazer conversões. Ah, sim, em 2010 ela foi escolhida como a sexta melhor cidade para o ciclista no mundo.

A questão é que as dificuldades não atrasaram a implantação de ciclovias ou mesmo diminuíram o entusiasmo dessas causas. Lá até mesmo os ônibus estão preparados para a comutação, tendo ganchos frontais aonde o ciclista pode colocar a sua bicicleta enquanto usa o transporte público por determinado trecho.

Eu, particularmente, prefiro viver numa cidade para pessoas e não para carros e realmente não estou dando a mínima bola para a qual partido pertence a pessoa que fizer isso acontecer – mas confesso que é provável que ele ganhe meu voto outras vezes por ter encarado o peso político de tomar decisões difíceis.

Vale conhecer: StreetsBlog SF e Bike And The City.

 

P.S. Para quem quer entender como ficará a Avenida Paulista pós ciclovia dá uma olhadinha aqui – o espaço de pedestres nas travessias da avenida será preservado.

P.S. do P.S. Mesmo em cidades como San Francisco ainda existem vozes dissonantes, algumas insistem em dizer que as bicicletas tornam o trânsito mais perigoso – humm, deixa eu ver, uma carro de toneladas a velocidades altas versus uma bicicleta de 15 quilos que dificilmente irá a mais de 15km/h… é, bicicletas são perigosas, ahan -, algumas protestam porque, como dizem na internet, hatters gonna hate. O importante é lembrar que não queremos ser autoritários: você pode continuar usando seu carro, mas deverá arcar com os custos de sua decisão, enquanto os demais PODERÃO escolher ir de bicicleta.

P.S. do P.S. do P.S. Aposto, e ganho, que boa parte de quem hoje protesta contra as ciclovias fazia parte do mesmo grupo que antes reclamava dos ciclistas nas ruas e dizia que eles deviam ir para as ciclovias.

P.S. do P.S. do P.S. do P.S. Esse blog é meu, aqui não tem democracia, comentários infelizes serão apagados. Obrigada, de nada.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

2 Comentários


  1. Si, os nossos governantes ainda acham que “Governar é abrir estradas” – até porque estradas tem licitações e licitações tem porcentagens (nos caixas 2 ou 3), né? Ou seja, pessoas públicas que não tem a menor vontade de melhorar as cidades para o público.

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  2. Agora, imagina que maravilha seria em Brasília, que tem vários trechos planos? Mas não fazem, ou fazem errado, tirando (MESMO) o espaço dos pedestres, a parte mais fraca da relação; ou interrompendo-as abruptamente, fazendo-as ligar o nada ao coisa nenhuma. Quando fazem uma um tiquinho mais decente (no canteiro central do eixo monumental, mas é só num trecho pequeno dele), tem o povo do “ain, mas e o tombamento?”.

    É difícil, viu. Dá vontade de mudar pra Marte.

    Enfim. Ver o projeto daí me dá esperanças de que talvez sirva como piloto e modelo para outras cidades. Eu jamais aproveitaria diretamente as ciclovias, mas tenho certeza de que todos aproveitariam indiretamente, inclusive os que reclamam.

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