Assistir a Hannibal acabou me deixando muito curiosa sobre os livros que inspiraram os produtores da série. No final do ano passado li Dragão Vermelho e, mais recentemente, O Silêncio dos Inocentes. De pois de ler os livros assisti aos filmes, no caso do segundo eu reassisti, e tive algumas dificuldades em lidar com o que meus olhos viam e o que minha mente achava que deveria ver.
O Hannibal de Mads e o Will de Dancy se tornaram a perfeita interpretação dos personagens de Harris e era estranho ver outras interpretações para os mesmos papéis.
Outro efeito de ler os livros é ter considerado o antes criado pelos produtores da série simplesmente perfeito. Ver Will encantado por Hannibal para depois se descobrir enganado e conduzido e então a ter como objetivo ver este sofrendo mais do que ele sofreu.
Ver Jack se culpando por ter deixado Will “louco” para depois descobrir que Hannibal era um grande manipulador. Eu via isso acontecendo na tela e me deliciava. Do outro lado, ansiava loucamente pelo momento em que a verdade viria à tona.
Yakimono foi surpreendente porque sua condução nada teria a ver com esse “antes” da minha imaginação. Na verdade, caso os acontecimentos do final do episódio sejam reais e não apenas um delírio ou uma enganação, Yakimono pode significar o “divórcio” entre obra literária e televisiva e eu, ainda muito ligada aos livros, não sei como encarar isso.
E o episódio já se iniciou bastante desconexo dos acontecimentos: o encontro de Miriam Lass e a busca por respostas que somente ela teria quebra a sequência esperada do episódio final, ainda que entrecortada com a libertação de Will e o fato deste e Jack tentarem pegar Hannibal em algum tipo de armadilha.
A falta de nexo foi o que me deixou com a pulga atrás da orelha sobre o que realmente significa a moça reconhecendo em Chilton seu assassino, após toda armação de Hannibal para que ele fosse pego, e sobre a morte do diretor do hospício. Chilton é personagem recorrente e odiável nos livros de Harris, por isso da importância de investir nisso perto do fim da temporada.
Seria tudo um delírio? Ou parte da armação de Jack para pegar Hannibal no pulo? Se delírio acredito que teremos essa resposta já no próximo episódio e estaria de acordo com as cenas que vimos. Se é parte de uma armação eu vou, primeiro, ficar decepcionada porque até aqui eles nos conduziram junto com o que o FBI e Will sabem e isso significaria pregar uma peça na gente também, já que as cenas mostraram mais que a simples armação da morte, mas a surpresa de Jack e o desespero de Miriam.
A verdade é que, se demorei a engrenar no episódio por conta da falta de ligação dele com os anteriores, seu final me deixou sem saber o que pensar, ainda que até aqui os roteiristas tenham sabido muito bem como conduzir a trama.