Filmes: A Vida Secreta de Walter Mitty

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Primeiro: clique aqui e coloque o vídeo de Space Oddity para rodar em looping, assim você já vai entrando no clima.

Ah, e você que torceu o nariz porque é um filme de e com Ben Stiller: destorça.

Sinopse: Walter Mitty (Ben Stiller) é o responsável pelo departamento de arquivo e revelação de fotografias da tradicional revista Life. Ele é um homem tímido, levando uma vida simples, perdido em seus sonhos. Ao receber um pacote com negativos do importante fotógrafo Sean O’Connell (Sean Penn), ele percebe que está faltando uma foto. O problema é que trata-se justamente da foto escolhida para ser a capa da última edição da revista. É quando, Walter, com o apoio de Cheryl (Kristen Wiig) é obrigado a embarcar em uma verdadeira aventura.

A sinopse está aí apenas para garantir que a moça do lado de cá não saia falando demais e conte o que não é para ser contado, mas, aqui entre nós: A Vida Secreta de Walter Mitty é muito mais do que o que está escrito aí em cima.

Foi mais ou menos assim: duas amigas elogiaram muito o filme no Facebook e eu fiquei curiosa. A filha estendeu as férias com os avós para que eu pudesse trabalhar – aquele meu trabalho de contadora, sabe? ele mesmo – e então fomos eu e o marido assistir cinema de adulto. Curiosidade mais oportunidade resultou em uma das melhores experiências que tive no cinema nos últimos tempos.

Começo dizendo que você deve assistir a ele no telão, de preferência numa daquelas salas que realmente ficam escuras e tem som caprichado. Primeiro porque a fotografia do filme valoriza cada um dos lugares pelos quais Mitty, em sonho ou realidade, passa. Mais que isso, ela valoriza as históricas capas da revista Life que passam pela tela ou os dosados efeitos especiais que aqui servem ao propósito que deveria sempre ser lembrado pelos produtores – que é ajudar a contar uma boa história. Segundo porque a trilha sonora é maravilhosa. Bem escolhida te faz embarcar na viagem na melhor das companhias.

Sei, sei, você acha que só “filmão” ainda vale a pena ser visto na telona, aqueles em 3D, aqueles com efeitos fantásticos? Eu também pensava assim, mas aí A Vida Secreta de Walter Mitty me fez pensar de novo, porque eu nem ligo mesmo para efeitos 3D ou efeitos fantásticos, mas amo uma boa história. E, ahhh, nada como uma boa história contada em uma tela imensa.

E a história de Mitty por vezes esbarra na nossa, pessoas comuns que em algum momento desistiram de um ou outro sonho porque a vida obrigou ou porque não teve coragem de enfrentar os obstáculos – estive lá, reconheço sua dor – e porque nunca existiram tantas incertezas sobre qual o caminho mais seguro a tomar.

Mitty é gerente do setor de negativos de uma grande revista. Sim, isso mesmo, de negativos. Quando ele conta isso ao representante dos novos proprietários da revista, que pretendem torná-la apenas online, ele próprio vê o quanto isso não se encaixa no novo mundo. Ainda assim, e merecidamente, ele tem orgulho do que faz e sempre se dedicou de coração.

Quer dizer, quase sempre, porque de vez em quando ele desliga e sonha acordado.

Então é um tanto irônico que seja por causa desse emprego “praticamente acabado” que Walter possa viver aventuras, ao invés de sonhar com elas: ele precisa achar o negativo 25, aquele que traduz a quintessência da vida e que deve estar na capa da última edição da revista para a qual ele trabalhou por toda uma vida.

O filme então vira um road movie, Walter, então, deixa sua mesa e não pensa mais na grana guardada no banco, mas no que precisa ser feito, custe o que custar.

E é impossível não pensar no que isso significa: algo que você considerava morto te levar a realmente viver a vida; avaliar o “por que eu não fiz isso mesmo?”; na melancolia de viver uma vida sem paixão, mas ainda assim com alguns amores – por mais que ele acabe naquela mesa porque a vida o levou a isso, isso não diminui o amor com que ele trabalhava todos os dias.

Eu espero, de verdade, que você experimente o que eu experimentei ao ver A Vida Secreta de Walter Mitty, porque eu sai do cinema sentindo esperança e porque eu fiquei pensando no quanto a gente se segura ao não saber do quanto a gente é capaz.

P.S. O filme tem uma página fofa no Facebook.

P.S. do P.S. E o final é simplesmente sensacional!

P.S. do P.S. do P.S. E o Adam Scott? E o boneco elástico? E Shirley MacLaine? Tudo TÃO bom!

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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