The Newsroom: Election Night – Part 2 (2×09)

O que escrever sobre este episódio quando Sorkin disse tudo que era preciso? Com um episódio como este de The Newsroom a minha vontade era colocar o vídeo aqui embaixo e nós discutindo sobre cada diálogo magistral que tivemos a oportunidade de vivenciar. Sim, vivenciar, porque, ao contrário de alguns, eu simplesmente vibrei em cada um dos 59 minutos.

Como não farei isso, direi apenas para clicarem aqui e colocarem o vídeo em looping enquanto nos lembramos do que vimos – no meu caso, três vezes.

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Charlie: Ligue de volta e agradeça, mas não, obrigado.

Não importa o erro que cometemos, isso não deve mudar quem realmente somos. É isso que abre o último episódio desta brilhante temporada de The Newsroom. Mesmo que não seja a notícia que lhe trará mais prestígio ou que possa lhe trazer tempos mais calmos depois da tempestade. Porque o que o jornalismo que eles praticam deve, acima de tudo, tentar mudar o mundo pelo menos um pouquinho e contar a verdade acima de tudo.

Lembre-se da parte do “contar a verdade” e guarde com você.

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Will: Não aceitarei suas demissões.

Jim: Com todo respeito, se Leona aceitar a sua, não poderá…

Porque precisamos lembrar do quanto conta a verdade e fazer “diferença” sempre foi importante, desde daquele primeiro episódio há pouco mais de um ano – lembram? o nome já dizia tudo: We Just Decided To. Charlie, Will, Mac. Eles três tinham um sonho – desculpe-me se soa clichê – de fazer o jornalismo ser importante novamente. De fazer com que a verdade chegasse às pessoas e assim lhe ajudar a decidir sobre o que realmente queriam para si. Para seu país.

E se Genoa foi o desvio, ou obstáculo, inesperado no caminho, nem ele foi capaz de destruir o que eles construíram e é por isso que todos entregariam suas cartas de demissão caso esses três partissem. Porque mais do que um emprego, ali eles quase criaram um culto. Ou melhor, eles fizeram com que cada uma daquelas pessoas se sentisse importante ao sair da cama e ir trabalhar todos os dias.

Não foi só amizade, não foi pelos olhos azuis e lindos de Will que eles partiriam com eles, era muito mais que isso. O melhor tipo de lealdade.

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Charlie: Quis dizer, por que deixou que Reese decidisse?0

Leona: Por que não tenho certeza se Elizabeth Windsor é a melhor mãe do mundo.

A surpresa então estava separada para outra personagem marcante: Leona. Ah, como nós a odiamos há pouco tempo! Como nós queríamos que Charlie e Will derrubassem “aquela” mulher e seu filho metido. Só que o mesmo obstáculo que fez com que Will, Charlie e Mac pensassem que tinham perdido tudo, serviu para que ela mostrasse porque chegou aonde chegou e com certeza não foi fazendo o que esperavam que ela fizesse.

E depois do “minha mãe não deixa” de Reese no episódio passado ela nos surpreendeu de novo ao deixar que ele, e sua Rockette, decidisse se aceitaria a demissão do trio principal.

O diálogo dela e Charlie – com ela dizendo que o pessoal do marketing tem sua própria plantação de maconha – entra desde já para a lista de um dos momentos mais sensacionais da televisão. Ah, poupe o trabalho de separar: coloque o episódio todo lá.

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Don: Inacreditável, as coisas pelas quais podemos processar. … Sabe o que diz na caixa de pudim? ‘Cuidado, o pudim ficará quente quando aquecido.’ Em um hotel, sabe o que diz na toca de banho? ‘Cabe apenas uma cabeça.’ 

Rebecca: Você usa toca de banho?

Don: Eu li. Vou morrer se não souber o processo que levou a colocarem instruções na toca de banho. Olhe a caixa do ferro de passar. Lá diz: ‘Cuidado, não passe roupas já vestidas’. Temos mesmo que pegar leve com essas pessoas?

Porque: como deixar de fora Don falando sobre os processos judiciais americanos que sempre nos surpreendem tanto? Eu fico aqui com meus botões: sim, eles processam pelos mais diferentes absurdos, mas os seres humanos são capazes dos mais terríveis absurdos. Quando o diálogo acabo eu lembrava de uma palestra a qual fui e em que o palestrante de uma empresa que produz aviões falava de por que existem cinzeiros nos banheiros se é proibido fumar em vôo. A melhor resposta: porque nós projetamos para humanos.

E sim, eu gostaria que alguém passasse roupa com o Dantana dentro delas.

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Don: O que tenho não pode ser ensinado.

E então, quarenta minutos nos mostrando como é alucinante acompanhar uma eleição americana – justamente por conta da imprevisibilidade dos resultados, o complicado de seus panoramas, seus estatísticos – enquanto seus pés parecem queimar em fogo pelas indecisões que estão no ar, Sorkin com maestria vira o leme em outra direção e entrega o primeiro pedaço do que buscamos ao longo da temporada: Sloan beija Don.

Ah, vai me dizer que você não passou boa parte dos episódios querendo que esses dois ficassem juntos de uma vez? E ao invés disso Sloan saiu com o cara chato que ela socou depois – sim, Charlie, um dos melhores acontecimentos da temporada – e Don não tomava uma atitude. Até o leilão. Até Sloan ver aquele cartaz de cinema num canto da parede. Ah, eu sorri quando eu vi aquele cartaz!

Ainda assim, eu não estava preparada para o momento certo, para o beijo, para o sorriso de vitória de Sloan e para a frase de Don. Sem sombra de dúvida, a partir daqui, temos um dos melhores casais da televisão. Estou louca para ver como serão as conversas desses dois.

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Jim: Por que cortou seu cabelo?

E aquele era apenas o primeiro pedaço. Se ver Jim e Hallie em seu namoro “pelo computador” aquece meu coração – porque eu sou louca por ele e acho que Hallie é um par a altura – eu ainda poderia me encantar com Jim tentando ajudar Maggie, ainda que tenha sido preciso Lisa e Hallie lhe empurrarem nessa direção.

Jim sempre será o meu personagem mais querido. Maggie me irritou bastante ao longo do caminho. No final das contas, se eu pude ver essa conversa depois e, mais adiante, ver Maggie clicando naquele alerta amarelo, ah, eu não posso reclamar de mais nada. É até estranho lembrar do começo de tudo, Jim tropeçando nas malas e eu me apaixonando por ele no mesmo instante, depois eu xingando o Don só porque ele estava no caminho, nem era porque eu não gostava dele. E depois eu achando que Maggie estava fazendo a maior burrada da vida dela ao escolher Don ao invés de Jim.

Só que, sabe, os dois são tão jovens. Os dois cresceram tanto. Pode até ser que existe algo no futuro para os dois, eu prefiro que não, gosto de Jim com Hallie, mas a questão é que a relação deles, de amizade, atingiu um novo patamar, e é o tipo de amizade delicioso de se ver.

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Will: Não, digo que sou Republicano porque sou. Acredito em soluções de mercado, em realidades do senso comum, e na necessidade de nos defender contra um mundo perigoso e é isso. O problema é que agora tenho que ser homofóbico,  que contar o número de vezes que as pessoas vão à igreja, que negar fatos e pensar que pesquisas científicas são um golpe. Tenho que pensar que pobres estão se dando bem, e tenho que ter um deslumbrante complexo de inferioridade ao ponto de temer educação e intelecto no século 21. Mas, acima de tudo, o maior requisito agora, o único requisito,  é que tenho que odiar os Democratas. E tenho que odiar Chris Christie por não ter cuspido no presidente quando saiu do Força Aérea 1.

Ah, Will, não te amar seria impossível! Você é um cabeça dura, você partiu o coração da Mac em mil pedaços há 15 minutos, e de propósito, e estou eu aqui babando por você novamente! Pela pessoa que você é, pela sua coragem de ser fiel a aquilo que acredita.

Confesso: tenho interesses pessoais nisso tudo. Eu sou de direita num país em que isso é ainda mais feio do que ser republicana nos EUA de hoje em dia. Assim como Will eu acredito no mercado, nas realidades do senso comum, na meritocracia e na iniciativa privada. Assim como ele eu não ligo para quantas vezes uma pessoa vai à igreja, acho que o aborto é decisão única e exclusiva de quem fazê-lo e que os homossexuais são iguaizinhos a todo o resto. Mas vivemos num mundo em que essas diferenças nem sempre são aparentes e em que fica difícil você simplesmente lutar pelo que é certo.

Sorkin, entrego meu coração a você, afinal eu sei que Will tem tanto de você que é difícil separar um do outro.

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Will: Tem uma história.

Mac: O quê?

Will: É sobre uma criança que vivia rasgando papel. Seus pais o levam para todos tipos de médicos para fazê-lo parar. Eles o levam para o médico mais caro no mundo que vira para criança e diz: Se parar de rasgar papel, seus pais pararão de levá-lo a médicos. A criança vira para os pais e diz: Por que não disseram logo?

Mac: Tudo bem, então.

Will: A moral da história é que a criança poderia ficar feliz simplesmente parando. 

Mac: Acho que é, não sei.

Will: Eu venho tentando descobrir. Eu não devolvi. Porque estou apaixonado por você.

Mac: Quê?

Will: E porque… Casa comigo?

Mac: Espera.

Will: Perguntei: casa comigo? E antes, disse que sou apaixonado por você. É… É nisso que estou chegando. Poderia fazer isso melhor se tivesse um segundo.

Mac: O que está acontecendo?

Will: Se eu… Se eu… Não quero nunca ser… Não. Eu te amo. Vou voltar para isso. E casa comigo? E deixe-me dizer que acho que deve. Acho que deve dizer sim. Mas não importa o que diga, nunca mais vou te magoar. E não importa o que diga, vou continuar apaixonado por você. Não tem uma saída. É uma lei física do universo. Eu sou seu. Não importa o que…

Mac: Sim.

Will: …diga, eu nunca vou parar…

Mac: Sim. Minha resposta é sim.

Will: Está dizendo sim?

Mac: Sim.

Will: Graças a Deus.

E eu ainda estava deliciada com a aula de política que eu havia recebido na reprise de The Nersroom – eu nunca assisto no horário oficial, preciso estar com a mente limpa e fresca para absorver tanta coisa – quando vi “aquele olhar” no Will e o vi pegando aquela caixinha em sua gaveta. Ah, Sorkin, quase que meu coração não aguenta!

Ele corria por aqueles corredores berrando pela Mac e eu pensava – em voz alta, confesso: não deixe para a próxima temporada, não deixe para a próxima temporada!

E você não deixou, Sorkin. Você nos deu o mais lindo, patético e romântico pedido de casamento dos últimos tempos. Você colocou naquele diálogo tanta química, tanta loucura, tanta paixão que eu fui obrigada e me tornar uma pessoa romântica novamente. E eu chorei com um casal de personagens fictícios como há muito eu não choro por nenhum casal real.

MacHale McAvoy pode até não funcionar, mas, ah, esses sorrisos dos dois já dizem que eles funcionam, funcionam sim!

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E se não ficou para a próxima temporada, o que faz meu coração até que eles todos voltem para a minha vida? Essa é a pegunta que eu ainda não sei responder.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

6 Comentários


  1. e todos os blogs da internet … enfim chegou a review que eu queria ler

    sim, pois ficar criticando falando mal e mil abobrinhas sem sentido de uma série incrível pra mim é ser sem-noção

    enfim alguém que me entende e que gosta de série boa !!!
    este episódio foi envolvente e eu pulava a cada cena …. até consegui teorizar do pq a Maggie cortou e pintou o cabelo, pra mim tem muito da Lisa na decisão pois a Maggie perdeu a amiga e perdeu alguém para quem ela poderia se abrir, bomm essa é a minha opinião

    eu amei acena do Will pronunciando os mais diversos nomes de shippers para ele e para a Mac … coisa mais linda que tb curti em Castle fazendo o mesmo

    se teve cara de series finale … eu nem ligo … pois foi bom pra caramba e ficaria muito feliz, mas como não foi então estou rindo a toa 😀

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    1. Eles não assistiram a série, só isso explica!

      Eu achei o episódio perfeito perfeito perfeito. Gostei da sua teoria de ter sido o afastamento de Lisa o boom que fez com que a Maggie “quebrasse”

      Mac e Will = <3

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  2. Simone que review fantástica. As minhas reações ao assistir esse episódio foram totalmente descritas por você, pois foram as mesmas que as suas. Amei o final com o Will e a Mac reatando. Teremos agora um novo casal para torcer, Don e Sloan que tem uma química extraordinária. A evolução de Don nesta temporada foi maravilhosa. Não gostava de Don no começo da série e hoje sou fã de carteirinha.
    Como comungo da mesmíssima inclinação política que você assino embaixo de tudo o que você falou a respeito.
    A excepcional fala de Will: “Não, digo que sou Republicano porque sou. Acredito em soluções de mercado, em realidades do senso comum, e na necessidade de nos defender contra um mundo perigoso e é isso. O problema é que agora tenho que ser homofóbico, que contar o número de vezes que as pessoas vão à igreja, que negar fatos e pensar que pesquisas científicas são um golpe…” é um primor de realismo político. A única coisa que lamento quando assisto The Newsroom, hoje a série mais genial em cartaz, é ligar as nossas TVs e nossos telejornais e não ver nada, nada remotamente parecido com o canal ACN com sua ética, amor pela verdade e honestidade de princípios. Shame on you Brazilian TVs. Shame on you.

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    1. Com certeza falta um jornalismo igual, mas também está faltando mais gente assim no geral Quel, por aqui o povo torce na política como se fosse jogo de futebol, tão triste isso.

      Eu vou rever as duas temporadas na sequência antes da próxima, considero de The Newsroom uma obra de arte!

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  3. Minha única queixa: o descaso com que trataram a Sloan. Aliás, não é a primeira vez que isso me incomoda nessa temporada. Por outro lado, a personagem cresceu muito e espero que ela seja melhor aproveitada na próxima temporada. E sim, adorei ela ter ficado com o Don.

    As frases que são colocadas nas embalagens, meu, eu morri de rir nessa hora. Essa é uma das coisas que amo em The Newsroom: as risadas que ele provoca em meio a temas sérios.

    O discurso republicano do Will… tem como não amar?! Eu não sei se seria republicana lá, mas sou de direita aqui e vê-lo colocar tão claramente o maniqueísmo de hoje em dia (válido lá e aqui) me fez sorrir de orelha a orelha.

    A coisa do corte de cabelo da Maggie: continuo achando que tem um erro de continuidade aí. Que a Maggie cortou o cabelo assim que voltou da África (a gente sabia que essa era a principal motivação, o que ninguém conseguia entender era em que momento ela tinha cortado), mas nas filmagens se esqueceram disso, e é só por isso que ela aparece que cabelo comprido e loiro durante o caso Genoa. Por que ela demoraria tanto pra cortar? Não faz sentido. Esse tipo de atitude é tomado por impulso. Então, aposto no erro de continuidade da produção.

    Acho que vou rever o episódio hoje. E guardar pra rever muitas vezes até a próxima temporada.

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    1. Lu, eu acho que eles acabaram abusando dela como alívio cômico, mas ainda assim vi ela crescer bastante então não me incomodou tanto.

      Talvez tenha sido mesmo erro de continuidade, mas é que é tão absurdo eles não terem pensado nisso, tipo, uma camiseta trocada, um copo na mão errada eu até entendo, mas um corte de cabelo? Acho que a ideia de que ao ver que Lisa nem ao menos falaria com ela e que Jim já estava com outra pessoa podem ter sido a gota da água são plausíveis.

      Eu vou rever a primeira e a segunda temporada, acho…

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