Uma amiga disse: claro que existe bom gosto e mau gosto, é só olhar em volta.
Outro amigo: você nunca vê ninguém com bom gosto musical ouvindo música alta dentro do carro.
Será mesmo? O que nos autoriza a dizer que o gosto do outro é ruim? Só porque é diferente do nosso? Pior é quando a gente escuta que mau gosto está relacionado a erudição, viagens e aprendizado, como se classe social ou nível educacional servisse como atestado de qualidade para o que uma pessoa faz.
Questão é que a única coisa que consideramos ao “julgar” o gosto alheio é o nosso próprio gosto e ele é tão pessoal quanto cada um é. Não que a gente seja obrigado a gostar de tudo, vejam bem, mas o fato de não gostarmos de algo não torna aquilo obrigatoriamente errado.
Eu, por exemplo, não gosto daqueles cortes de cabelo meio a meio – metade do cabelo mais comprido, metade curtinho. E por que eu não gosto é mau gosto? Com certeza não. Conheço pessoas que considero lindas, porque são um apanhado de qualidades e individualidades que admiro, que usam o tal cabelo. Na mesma medida que uso meu cabelo branco de que já falei antes.
Além de tudo gosto é mutável. Hoje eu não uso neon, saia de bico e acessório com tachas. Amanhã não sei, ontem eu também não usava meia calça colorida e estou aqui de pernas cor de rosa. A gente muda, muda a forma de ver a vida, por que não pode mudar de ideia?
Ontem Carol ouvia, além do rock que conheceu em casa, Gustavo Lima e Luan Santana. Passaram esses e agora ela cantarola a exaustão as músicas da novelinha infantil Carrossel, de que não gosto.
Eu, que adoro Black Sabbath, Leftover Cuties e Wintersleep, também tenho Oswaldo Montenegro no iPod.
Mau gosto, ou desgosto mesmo, só de quem acha que porque aprendeu muito, viajou muito, viu demais, pode decidir o que o outro deve gostar também.