A gente não quer só comida…

2013-05-13 09.34.35

No passado distante, quando o pessoal saia pela Europa para lutar em guerras ou buscar novas terras ou conquistar vitórias, eles levavam na mochila (mala?) queijos e pães. O pão precisava ter uma casca mais grossa para aguentar as intempéries do tempo. Um dia algum deles, não sei o nome, resolveu esquentar o queijo já quase estragado e mergulhar nele o pão já mais que endurecido na falta de qualquer outra coisa para comer. Assim nascia o fondue , hoje chique e charmoso e lá atrás queijo estragado e pão velho – até hoje chamado de pão de campanha, nome dado as tais saídas pelo mundo.

A gente não quer só comida, ou pelo menos eu não, eu quero a celebração do fazer e do comer. Quero conhecer a história do prato e a história do cozinheiro, porque ele faz daquele jeito, porque tem aquele tempero, porque mesmo naquela ordem?

Comer para mim é mais que aplacar a fome.

E eu só conseguia pensar nisso quando Nigella, aquela moça que faz aqueles doces lindos na televisão, deu as caras aqui pelo país para lançar seu livro. Não fui convidada para conhecê-la, afinal não sou blogueira de gastronomia, sou apenas uma moça que gosta demais de comida, mas aproveitei cada uma de suas entrevistas como se lá estivesse. Adorei quando ela falou que não era chef, mas cozinheira, e que tem uma relação sentimental com o fazer, para si e para os outros, que lembra de sua mãe, que cria laços com seus filhos.

Eu gosto da ligação sentimental com alguns sabores, costumo experimentar a comida na colher de pau que retorna à panela, mas sei que tem gente que acha isso um horror. Gosto de temperar sem medida certa, sem regra rígida.

A primeira comida que fiz para a Carol foi sopa, claro, e hoje repito o ritual no frio do outono de São Paulo, separando e depois juntando ingredientes, do jeito que minha mãe me ensinou.

Receita da Sopa da Minha Mãe

Escolha os legumes de seu gosto e os separe em cumbucas.

Aqueça o azeite e refogue meia cebola picadinha até ficar dourada. Junte a proteína da escolha, aproximadamente duzentas gramas de carne vermelha ou branca, mexendo sempre até não soltar água. Coloque um litro de água fervente na panela e acrescente a cenoura.

Cinco minutos de fervura depois acrescente a vagem, depois a abóbora, o cará, a batata e a mandioquinha. Ou outros legumes, o importante é lembrar de contar cinco minutos entre cada um, de maneira que amoleçam de forma similar. Tempere a gosto com sal e pimenta e sirva com torradas e parmesão ralado na hora.

Como a Carol não é amiga das vagens e chuchu, eu costumo cozinhá-los primeiro na água com a batata, retiro a carne, levo ao liquidificador e bato até formar um caldo. Retorno o caldo ao fogo e então vou colocando os demais legumes aos poucos.

A proteína da vez pode ser substituída por caldo de carne caseiro ou mesmo industrializado quando o tempo estiver curto ou você sem tempo de correr ao açougue.

Os legumes podem ser comprados na feira já picadinhos, só lembre-se de não comprar o pacote com tudo misturado, caso contrário, quando a cenoura finalmente estiver mole, a mandioquinha já terá sumido.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

2 Comentários


  1. Mandioquinha sumida, para esta joaninha é bênção! Vc acredita que não gosto deste negócio desde que era bebê? hahahahah
    delícia de sopa! Essa visita da Nigella despertou o melhor em nós todos, não?

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    1. Que a gente continue lembrando das comidas conforto, né Lu? Minha mãe ama mandioquinha, risos. Então eu ouço na minha cabeça: coloca a mandioquinha por último! Beijo amada

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