Como meu relato no post anterior já demonstrou, sou uma apaixonada pela minha cidade e acho que esse trechinho da foto, no final de Um Lugar Na Janela, se aplica bastante a forma como tento levar os 365 dias do ano, encontrando coisas novas por todo lugar que passo, mesmo que seja a rua paralela a que moro e sem um tostão no bolso.
A despeito disso, é claro que eu adoro viajar e se não viajei mais é porque a grana e os compromissos não deixam – além de, é claro, eu ter me prendido demais por tempo demais pelos motivos errados, mas isso fica pra outro texto.
E, já que não viajo tanto quanto gostaria, ficamos com os os relatos de amigos queridos – tipo o blog As Estradeiras – ou livros que contam histórias divertidas, que nos dão aquela visão sobre um lugar que é particular porque é somente daquela pessoa, que teve aquelas experiências.
E é isso que Um Lugar Na Janela nos entrega: não é guia de viagem e nem indica o melhor lugar para se comer em Barcelona ou do que você deve fugir em Tókio, mas conta do que Martha Medeiros, autora de muitas crônicas e muitos livros que eu um dia conheci nas páginas de uma revista Capricho, viveu, sentiu e viu quando esteve aqui e ali.
Conta dos seus olhos que viram o mar em volta de Fernando de Noronha e de sua cabeça que jura ter visto um golfinho dando olá, conta da Tókio que conheceu na companhia da filha que falava um tanto de japonês e do sofá em que dormiu quando chegou com a cara, coragem e um telefone um papelzinho na Espanha.
Martha é uma ótima contadora de histórias e se o livro não é um guia de viagens, ele nos mostra um pouco mais de quem ela é e do que viveu e, como eu disse a uma amigo estes tempos, a gente vive um tanto de sonho quando um amigo realiza seu sonho e viaja um tanto pra longe ao ler ou ver as lembranças da viagem de alguém.
Sinopse
Em Um lugar na janela, a cronista Martha Medeiros abre espaço para a viajante. Aqui não há nada inventado, tudo aconteceu de verdade: as melhores lembranças, as grandes furadas ainda em tempos pré-internet, as paisagens de tirar o fôlego. A autora de Feliz por nada compartilha com seus leitores as mais afetuosas memórias de viagens feitas em várias épocas da vida, aos vinte e poucos anos e sem grana, depois, já mais estruturada, mas com o mesmo espírito aventureiro, e com diversos acompanhantes: as amigas, o marido, as filhas, o namorado, não importa a companhia, vale até mesmo viajar sozinha.
Com o mesmo estilo pessoal das crônicas, Martha Medeiros transmite aquilo que de melhor se leva de uma viagem: as recordações. É como deixar-se perder num lugar novo – pode ser uma mochilagem pela Europa, uma aventura em Machu Picchu, uma temporada no Chile, poucos dias no Japão – para depois se reencontrar consigo mesma.
Um Lugar na Janela é um convite para deixar de lado a comodidade do sofá, as defesas e embarcar junto com Martha. O bom viajante é aquele que está aberto a imprevistos, ou seja, a viver.
