Não é seriado de TV: Salve Jorge

A convite da Tv Globo eu e outros blogueiros estivemos na semana passada no Projac para conversar com Gloria Perez sobre a nova novela das nove da noite que tem a missão de substituir Avenida Brasil: Salve Jorge.

Mas o bate-papo com a autora foi muito além disso: Gloria relembrou Explode Coração, a primeira novela a usar recursos online para contar uma história – para quem não lembra a personagem principal, uma cigana, conhece e se apaixona por usando algo semelhante ao Skipe de hoje, e na abertura da novela Hans Donner já havia colocado um tablet (imaginado, é claro).

Falando sobre outro sucesso de sua carreira, Caminho das Índias, ela nos contou que sim, ela sempre pensou que Maia e Raj ficariam juntos, mas ela não tinha certeza de que o publico compraria essa história, por isso tateou um pouco antes de mostrar esse desfecho. Ela acabou ficando supresa e feliz quando percebeu que o publico também estava torcendo pelo amor construído, tão diferente do que estamos acostumados em nossa cultura.

Tivemos oportunidade de assistir a um vídeo exclusivo da novela, que teve cenas gravadas na Turquia e abordará o trafico internacional de pessoas. A escolha do país, segundo Gloria, foi guiada pela vontade de mostrar um país que fosse bonito, interessante e tivesse importância histórica, além do gosto de novidade para o público por ser pouco mostrado por aqui. Gloria considera que Istambul, cidade que aparece na historia, é mais próxima de nos que a India, por exemplo.

Gloria passou vinte dias na cidade para conhece-la melhor e saber como utiliza-la na novela – um dos aspectos que chamou a atenção da autora foi o da moda e a influencia aparece nos figurinos das atrizes do núcleo da cidade. A visita rápida pelos cenários mostrou claramente que o olho turco (também chamado por aqui de olho grego) deve ganahr as ruas eu que adoro nem reclamo. Para retratar de maneira adequada muita coisa foi trazida do país, de bijoterias a tapetes.

Um cuidado de Gloria foi que a história passasse também pela Espanha para mostrar que o trafico não é um problema de um único país, mas mundial. Outro é a ajuda de pesquisadores diversos para cobrir os diversos assuntos abordados na novela.

No Brasil a história é centrada no Complexo do Alemão. A autora falou sobre o quanto a tomada do morro foi marcante para ela – confesso que só fui entender o impacto da pacificação para os cariocas depois de conversar com a autora – e entendia que essa era uma comunidade que merecia ser mostrada. Para isso ela entrou contato com as associações de moradores até para entender como a novela poderia ajuda-los.

A luta dos moradores para resistir ao domínio do trafico e para criar uma nova historia após a pacificação inspirou a figura do guerreiro, o mito do guerreiro. E nada mais adequado que sua retratação em São Jorge – que teria nascido na Capadócia, mas é um santo cuja comprovação história não existe.

Ficou pra mim quando Gloria afirma que, em verdade, todos nós carregamos um guerreiro dentro de nós que nos faz vencer as batalhas que um dia julgamos invencíveis.

Quetionada sobre o desafio de suceder Avenida Brasil, produção que praticamente parou o Brasil, a autora tem uma visão diferente da nossa: ela considera um privilégio suceder um sucesso, já que ele vem a reafirmar que o público não cansou das novelas e que é possível contar boas histórias usando este formato.

Ao ser questionada sobre a influencia das mídias sociais na condução das historias, ela sabiamente fala que é interessante observar a movimentação na ferramenta, mas é preciso observar com cuidado já que não temos uma percepção do que ela significa, do quanto ela representa do público fiel. Então, apesar de acompanhar, ela ainda conduz a história com base na sua intuição.

Sobre o discutido uso de expressões de língua estrangeira em meio ao português, Glória é bastante prática: não é possível fazer parte da novela em outra língua, mas é importante que o público possa perceber o sabor estrangeiro nas falas. Gloria, então, faz uma escolha pessoal dela das expressões que serão usadas, mas o publico é que decide quais vão virar moda.

Falando em moda: alguém duvida que as danças populares turcas mostradas na novela não vão pegar?

E falando em seriados de TV, afinal estamos aqui pra isso: Gloria é ótima de percepção. Ao ser questionada sobre o sucesso que as séries de TV andam fazendo por aqui, ela fez questão de lembrar que nos últimos anos as séries estão mais parecidas com as novelas que o contrário, passando a ter histórias que conduzem os acontecimentos ao longo dos anos.

Depois do delicioso bate-papo nós pudemos conhecer a área de produção de figurinho da Globo, da onde saem, mensalmente, mais de 2.000 peças únicas que seguem a orientação artística relacionada a cada personagem. Um verdadeiro exército que trabalha com prazos curtos – estilo “é pra amanhã”.

Prazos curtos, diga-se de passagem, é com eles mesmos: o PROJAC conta com 4 estúdios de mais de 1.000 m² vada para as novelas. Três são para as novelas que esao no ar, um para a pré-produção da próxima a estrear. Nestes estúdios são gravadas as cenas internas. O ritmo: as quatro da manhã começa a montagem dos cenários que serão usados naquele dia para filmagem (eles são definidos em função da agenda de cenas definida), a montagem tem de acabar antes do meio-dia, quando então começam as gravações. Estas seguem até aproximadamente as nove da noite, quando tudo começa a ser desmontado novamente para o dia seguinte.

Já as cidades cenográficas: conhecer o PROJAC é um pouco como ir a um parque de diversões (ainda mais se você é um apaixonado por televisão como eu). Ver de perto o cuidado com que ruas, casas, espaços são reproduzidos. No Complexo do Alemão o cuidado vai das roupas nos varais aos gatos nos postes. Em Istambul você é realmente transportado para outro país.

E é claro que, na medida permitida pela bateria do iPhone (esqueci a câmera, imperdoável), tirei muitas fotos que você pode ver aqui.

P.S. de ciclista: eu queria que na vida real as cidades contassem com tantos paraciclos quanto eu vi nas cidades cenográficas.

P.S. do P.S. A Andrea do Mulheres Odeiam esteve comigo por lá e também escreveu a respeito. Leia aqui.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

1 comentário


  1. Simone ai como tenho vontade conhecer o PROJAC deve ser muito legal a central de produções da Globo!

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