Os livros de Carlos Ruiz Zafón são marcados pela fantasia, algumas vezes um pouco assustadora. As histórias vividas por seus personagens nas ruas das cidades da Espanha (Barcelona em especial) do passado nos soam impossíveis demais, estranhas demais – não à toa o USA Today um dia disse que seus livros mereciam um gênero literário só para eles.
Mas enquanto você está com um de seus livros em mãos você não consegue pensar nada disso: é absolutamente impossível não se apaixonar por seus personagens e não se ver torcendo por eles em meio a estes absurdos acontecimentos – que nem ao menos soam absurdos no momento da leitura em questão.
Marina foi o quarto romance publicado pelo autor, lançado na Espanha em 1999 e dirigido ao público juvenil – assim como seus três trabalhos anteriores -, na visão do autor ele também poderá interessar a jovens de 23, 40 ou 53 anos de idade e ele não está errado.
Sua história acontece a Barcelona dos anos 70, quando Óscar Drai e Marina se encontram, se apaixonam e vivem a mais estranha aventura de suas vidas, que inclui Óscar fugindo de seu internato, a história de um homem inteligente cujo passado era desconhecido, uma mulher cuja beleza e voz se tornaram sua maldição e a estranha descoberta do poder de vida extraído de uma borboleta negra.
“O único mistério que via em tudo aquilo era saber que diabos estávamos fazendo ali.
– Isto está meio morto, não? – sugeri, consciente da ironia.
– A paciência é a mãe da ciência. – replicou Marina.
– E a madrinha da demência! – devolvi. – Não tem nada para fazer aqui.”
Óscar é um menino sem família que vive em um internato religioso e que aproveita as horas vagas para descobrir e imaginar os segredos das ruínas e ruas da cidade. Marina é uma menina bonita, mais madura do que sua idade poderia indicar, que vive com seu pai, um pintor um dia famoso que desistiu de quase tudo, menos da menina, após a morte da mulher de sua vida.
Os dois tropeçarão um no outro e juntos acabarão por descobrir uma história tão estranha que não poderia nem ter sido imaginada. Não terão muito tempo para pensar no que estão fazendo, até o momento em que não adiantará mais pensar, já que farão parte da estranha história.
O livro é daqueles “inlargáveis” do começo ao fim e o fato de ser curtinho só ajuda, afinal, já que falta pouco, deixa eu ler mais um pouquinho.
Para quem ainda não conhece o trabalho de Záfon, que é soberbo, acho que Marina é uma boa porta de entrada, já que carregava todas as características dos demais livros do autor, mas de maneira mais leve.
Só que, também como em seus outros livros, é melhor você se preparar para ter seu coração um pouco partido quando o livro acabar.