The Newsroom : The Blackout, Part 1: Tragedy Porn (1×08)

Gente, eu queria falar tanta, mas tanta coisa desse episódio de The Newsroom!! Então me perdoem o texto enorme e tanto de divagação abaixo.

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Olhando um céu de outros tempos na esperança de recuperá-los, talvez?

Há quinze dias, mais ou menos, uma  manchete de um site internacional chamava a atenção para o fato de que o ator Mandy Patinkin considerava Criminal Minds o maior erro de sua vida. É claro que, ao ler a manchete, muitos fãs da série se sentiram magoadas. O tom sensacionalista foi copiado por veículos e veículos sem conta por todo lado.

Uma leitura mais apurada do restante da matéria explicava que Patinkin considerava o erro de sua vida ter atuado na série pelo efeito que ela teve sobre sua alma e vida pessoal. Na verdade ele já havia dito algo semelhante logo que decidiu deixar o elenco, mas na época também tinha muita gente mais preocupada em falar que o resto do elenco não queria nem filmar com ele a despedida do que ouvir o que ele tinha a dizer.

Patinkin falou, e repetiu agora, sobre a dificuldade de lidar com o clima pesado retratado por aqueles crimes. Ele reafirma que não critica a série ou seu elenco ou seus fãs, mas que ele tem sim preocupações quando as histórias que vemos antes de colocar a cabeça no travesseiro é sobre violência sem sentido.

Eu, uma apaixonada por seriados policiais em geral, mais de uma vez falei em meus textos que tenho medo de me tornar uma neurótica ou que de vez em quando não consigo evitar de pensar em este ou aquele crime acontecendo perto de mim. Acho que isso é normal, acho que é muito difícil nos mantermos totalmente afastados do que vemos ou aprendemos, imagina então quando isso faz parte de nossa rotina de trabalho diária, em doses de oito, doze horas.

E por que estou falando tudo isso? Porque o termo Tragedy Porn não deixa de ser aplicável a histórias como essa.

Não que na história de Patinkin exista tragédia, mas a manchete replicada a exaustão mostra um interesse mórbido da grande massa por algo relacionado a ódio, vingança… morte.

E a massa é aquela que faz a audiência. Como manter as televisões ligadas em política e economia quando o canal ao lado oferece todo um sem número de apelos aos mais básicos instintos de forma tão lúdica – amei Don explicando cada uma das estratégias do canal ao lado – e tão apimentada? Porque falar de política e economia quando eu posso escolher julgar alguém culpado ou inocente apenas com base no que o canal ao lado nos mostra?

The Blackout, Part 1 não foi um episódio genial como seus dois antecessores, talvez por ter sido quebrado em suas partes,  mas é impossível não ficar de queixo caído com a forma como Sorkin ataca de forma tão incisiva aquilo que tem se tornado tão comum – quem nunca pensou que a televisão aberta, nos últimos anos, ao invés de melhorar, nivelou por baixo sua qualidade?

A questão é que não adianta demonizar Reese e sua louca busca por audiência: é ela que garante a venda de publicidade, é ela que garante o pagamento das contas. Seria ele realmente um vilão se, ao fazerem tudo certo, Will e Mack acabam perdendo METADE de seu público?

Não, Will, Mack e Charlie não tem um trabalho fácil pela frente e ver Mack riscando aqueles assuntos realmente importantes para que eles dessem um bloco inteiro para cobrir o tal julgamento, ela ironizando que a falta de emprego não é mais um problema, mostra isso. Charlie dando ouvidos ao tal diretor de alguma tecnologia na agência de segurança também, afinal ele precisa de tempo e a história sobre Reese pode lhes dar o tempo necessário.

Enquanto, do outro lado, ao escolher o homem com quem Mack o traiu para fazer sua reportagem, Will demonstra ainda não ter superado nada e que perdão não é a sua solução agora – enquanto eu fico achando que isso possa ser um problema muito maior pra ele que pra ela, apesar dela estar magoada.

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Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

3 Comentários


  1. Perguntar ao invés de afirmar é um comportamento que traz o outro para o seu lado, pois mostra que não somos o dono da verdade, ajudando a desarmar as tensões.

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  2. Ah, Si, eu baixei a temporada inteira e só falta assistir a season finale. Gente, Aaron Sorkin mora no meu coração. Se ele um dia montar peça mambembe no interior dos EUA eu junto dinheiro pra ir assistir. O que são os diálogos? O que foi a cena do Don parando seu chilique e se dando conta que a tripulação do avião, mais do que o público em geral, merecia receber em primeira mão a notícia da morte do Bin Laden? Jim apurando matéria antes mesmo de ser contratado? Will totalmente chapado se preparando para dar a notícia de uma carreira? E por aí vai – cheguei a sentir novamente o que me empurrou a ser jornalista!

    Aaron Sorkin é um artesão da palavra – é quase como ler Cortázar depois de Stephenie Meyer.

    *sem fôlego*

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    1. Tô na platéia da peça mambembe contigo, ohh homem inteligente!!!

      EU vejo os episódios repetidas vezes, cada vez me pego descobrindo algo que eu não tinha prestado atenção. Nossa, é MARAVILHOSO!

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