Todo dia, todo momento, em todo nanossegundo o mundo muda. Elétrons batem uns nos outros e reagem. Pessoas colidem e mudam o caminho umas das outras.
Mudança não é fácil. Constantemente, é complicado e difícil. Mas talvez seja uma coisa boa.
Porque a mudança é o que nos fortalece. O que nos torna resistentes. E nos ensina a evoluir.
Eu sei que muita gente, muita gente mesmo, desistiu de Touch logo no começo. E eu até concordo que a mitologia da série em si demorou um tempo para engrenar. Só que eu poderia dizer, olhando daqui para trás que, na verdade, ela foi no tempo exato.
A questão é que, pra mim, os episódios funcionaram muito bem sozinhos, ou seja, as tramas relacionadas ao número indicado por Jake sempre foram amarradinhas com um final que enchia meus olhos de lágrimas. O episódio acabava e eu estava satisfeita.
Então eu tinha dois prazeres: descobrir as pistas que nos levariam ao ponto seguinte da estranha relação de Jake, Teller e Amelia e descobrir como é que eles iam conseguir conectar histórias de pessoas em cantos opostos do mundo usando somente um número. Sim, eu sei, de vez em quando eles precisaram força a mão um tanto para que o número fosse “O” número, só que, se a gente pensar direito, muitas das coisas que acontecem na vida da gente podiam ser muito diferentes se a gente interpretasse determinada informação de outra forma, não é mesmo?
Finalmente, ter encontrado prazer em ver o desenrolar de cada trama, todas as semanas, fez com que esse episódio (estou tratando como um só, tá?) funcionasse ainda mais: ver Martin e Jake reencontrarem pessoas que conheceram ao longo do caminho e terem a ajuda delas para que o que era necessário realmente acontecesse – e o necessário era que eles chegassem a Los Angeles e encontrassem a mãe de Amelia – foi delicioso. Mesmo que a ligação fosse apenas aparecer num mesmo lugar, como as nossas duas japonesinhas alegres naquele pier.
Isso sem contar o valor do acaso: impossível não imaginar porque seria importante Martin esquecer de pegar as balas da arma, para em seguida entender que ele estaria morto se tivesse lembrado.
A temporada se encerra nos mostrando que a mãe de Jake, e consequentemente sua irmã, já sabiam que Jake era uma criança especial. Abigail, aparentemente, mesmo sem entender direito o que o que pretendia a empresa para a qual trabalha, sabia que precisava proteger o menino só que, ao invés de contar a Martin sobre o segredo, resolveu lutar por sua guarda. No final, a encrenca era maior do que ela pensava.
Já Clea nos dá a surpresa da noite, ou vocês pegaram logo que ela ajudaria os dois? Eu passei um tempo imaginando porque ela teria mudado de atitude, se a tinham ameaçado, se tinham contado algo. Então aproveitei em dobro quando percebemos que, na verdade, ela apenas montou o plano perfeito para que Jake fugisse.
Além disso, ainda tivemos o encontro entre Randall e Martin, para que ele pudesse transmitir o recado de Sarah e ainda permitisse a fuga. De novo o acaso, ou o destino, como for da preferência de vocês.
Com tudo isso o episódio ainda conseguiu algo que eu acredito ser o maior trunfo da série: sutilidade. Mesmo quando temos histórias mais tristes os roteiristas não partem para o dramalhão, deixando tudo mais leve.
E a mãe de Amelia? Bem, pelo que entendi ela é nossa versão feminina de Martin e passou parte de sua vida seguindo os caminhos indicados pela menina.
O que indica que, a partir de agora, ela se juntará aos dois e tentarão não somente encontrar a menina, mas também descobrir porque, afinal, tanta gente está disposta até mesmo a matar por aquilo que essas crianças podem oferecer.
Mas a verdade é que fica em nossa memória, de todo esse excelente episódio final, Jake e Martin com suas mãos se tocando, não é mesmo?
P.S. Gif encontrado no Tumblr pesquisando em busca de um clipe com Don’t Worry. Se alguém encontrar por aí, please, me avisa? Vocês não fazem ideia de como o acaso, agora na vida real, fizesse com que eu assistisse ao episódio no exato momento em que eu precisava ouvir que tudo ficará bem.