Opinião: Enlightened

Eu acho que boa parte dos telespectadores se surpreendeu com a escolha de Laura Dern no prêmio de melhor atriz de comédia. Não que a maioria questione o talento da atriz, mas porque Enlightened foi uma série que não “pegou”. E eu, ainda, questiono bastante o fato da série ser classificada como comédia já que eu não ri em nenhum episódio desta primeira temporada.

A sinopse: Enlightened é a nova e inusitada série da HBO escrita por Mike White e estrelada por Laura Dern no papel de Amy, uma executiva autodestrutiva do setor de saúde e beleza, que tem uma crise nervosa no trabalho, diante de todos. Após três meses de tratamento e meditação em um centro de recuperação no Havaí, Amy retorna mais calma e preparada para reconstruir a vida e transformar o mundo que deixou pra trás. Isso inclui: dar conselhos geralmente indesejados para sua mãe Helen (Diane Ladd) com quem Amy passou a morar, conviver com seu ex-marido, o preguiçoso Levi (Luke Wilson), cujo único prazer é consumir drogas entorpecentes e trabalhar com uma equipe de colegas muito estranhos. A série mostra Amy percorrendo um caminho não-convencional entre o que ela é, o que deseja ser… E o quanto todos estão dispostos a tolerar dela.

O que você encontra: acho que a série é um feliz retrato da frustração pela qual muitos passam na faixa dos 30, 40 anos, quando olham pra trás e descobrem que as escolhas feitas em sua vida acabaram em um destino pouco interessante. Amy é uma mulher que não consegue experimentar a real felicidade. Tem uma relação péssima com a mãe, ainda sonha com um casamento que não deu certo, teve um caso com seu chefe que não quis abandonar a esposa e perdeu o emprego em que sempre trabalhou, mesmo não sendo o que realmente queria fazer de sua vida.

Em seu retorno do afastamento ela acaba sendo rebaixada de função e isso só aumenta sua depressão, que em momento algum é admitida.

Ao mesmo tempo em que ela quer fazer algo importante, algo significante, ela não consegue se libertar do passado e não tem a coragem necessária para jogar tudo pra cima.

É um seriado difícil – um colega que escreve sobre séries me perguntou se eu não tinha vontade de cortar os pulsos depois de cada episódio e ele tem lá seu tanto de razão – porque ele retrata um lado não muito bonito que quase todos nós temos, ou conhecemos alguém que tem.

E por que eu continuo assistindo? Porque, às vezes, você precisa olhar para esse retrato para criar coragem e mudar as coisas. Quem sabe, na verdade, a maior esperança para a próxima temporada, depois de uma cena bastante apoteótica no final desta primeira, seja de que Amy se liberte do passado, aprenda que se não é possível mudar seu ambiente, talvez seja hora de mudar de ambiente, e encontre seu tanto de felicidade.

Em tempo: tínhamos uma segunda Laura concorrendo na mesma categoria dos Golden Globes, a Linney, que estrela The Big C, produção do Showtime exibida aqui no Brasil pela HBO. A segunda temporada da série, já exibida nos EUA, estréia neste domingo na faixa das 22h00 e eu realmente acho que todos devem assistir. Sou fã incondicional e torci muito para que Linney levasse o troféu: ela está maravilhosa como a mulher que descobre ter câncer avançado e luta por sua vida.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

1 comentário


  1. Oi, Simone!
    Quando comecei a ler e vi você questionando a classificação da série como comédia, imediatamente pensei em “The big C”. Que eu me lembre, esta também é considerada comédia, né? Mas eu não consegui continuar acompanhando, paramos acho que após uns 5 ou 6 episódios. Não sei se tem a ver com o fato de, pela mesma época, uma amiga ter morrido de câncer (bem nova), mas pra mim foi difícil ver as situações que ela (Laura Linney) estava enfrentando.
    Agora acompanhando já tantas séries, acho que não vamos dar conta de retomá-la.
    Fiquei curiosa com “Enlightened”, por essa visão que você traz da série, mas acho que também vai ficar pra depois. Agora, além do que já acompanhamos, vamos incluir Boss e Homeland.

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