Livro: Jeff Em Veneza, Morte Em Varanasi

Eu gosto demais de Cora Rónai, sua prosa, sua paixão pelos felinos e por tecnologia. Cheguei ao blog dela por acaso e fui ficando, acompanhando dia a dia suas publicações e cada vez mais fascinada com sua cultura, o tanto de coisa que conhece, os livros que leu, os filmes a que assiste.

Então, antes de lerem o que achei de Jeff Em Veneza, Morte em Varanasi, acho que vale uma lida na opinião dela sobre o livro, para entenderem porque não pude resistir a comprar quando o vi na vitrine da livraria e acabei por passá-lo na frente de vários outros da minha pilha ao lado da cama.

Mas, ao contrário de Cora, não consegui gostar do livro.

Dividido em duas partes, ele não dispõe de capítulos. A primeira parte é centralizada em Jeff, jornalista freelancer que é contratado para ir a Veneza durante uma bienal de artes a fim de entrevistar uma mulher cujo maior feito foi engravidar de um excêntrico artista  que também fez dela um desenho nunca visto por ninguém.

Ao longo dessa entrevista você realmente vê um pouco de genialidade, você fica fascinado com a forma como ela é descrita, a força que é colocada naquelas palavras. Pena ser uma cena tão pequena. Quando ela acaba você só consegue pensar que ele deveria voltar para àquela casa. Para àquela entrevista.

O restante da primeira parte poderia ser resumido em sexo, arte moderna, bebidas e sexo.

A segunda parte poderia também ser estrelada por Jeff, mas o nome do protagonista que segue para Varanasi a fim de escrever um texto para uma revista de turismo nunca é mencionada. Então poderia ser Jeff ou qualquer outro.

Ele chega à cidade para cinco dias, mas acaba ficando pelo resto de sua vida. Tudo muda e tudo continua o mesmo. É interessante ver a cidade por seus olhos, principalmente porque ele não tenta embelezar a pobreza da Índia de forma falsa.

A segunda parte é mais feliz que a segunda – ou não, pode ser que eu tenha gostado tão pouco da primeira parte que a segunda se tornou interessante – mas não o bastante para fazer valer a escolha de um dos melhores livros que li.

Jeff em Veneza, Morte Em Varanasi me deixou com a estranha sensação de dever cumprido, mas sem paixão.

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Enquanto eu lia o livro minha psicóloga me perguntou o que eu estava achando, bem na parte em que eu mais odiei, sabe quando isso acontece? Depois de ter contado a ela o motivo de ter comprado o livro, minha admiração pela Cora, ele falou algo que é interessante de se pensar: essas pessoas tão ricas culturalmente, que já leram tanto, que já viram tanto, algumas vezes conseguem ver algo que passa ao largo dos olhos de pessoas normais como eu. Então a gente não consegue achar esse tanto de maravilha.

Ou isso, ou eles já piraram de vez e curtem a viagem de forma totalmente diferente da nossa.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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