E por que tem reprise?

Ao divulgar na semana passada que o Universal Channel estaria reprisando os seriados House e The Event acabei por receber alguns comentários bastante irritados de fãs que não concordam com isso. Um deles cita o fato de não termos nada a ver com os americanos e que queremos só inéditos.

Pois, na verdade, temos tudo a ver com eles e a maneira como eles exibem seus seriados, dos quais nos tornamos fãs.

Por conta disso, resolvi explicar um pouquinho sobre isso e, quem sabe, acalmar alguns ânimos:

Os canais abertos americanos, como CBS, ABC e NBC, exibem suas temporadas entre os meses de Setembro e Maio. Mas, ao longo deste período, os seriados podem deixar de ser exibidos por conta de feriados nacionais ou campeonatos esportivos – a FOX, por exemplo, suspende Bones por quase dois meses todos os anos por conta do campeonato de beisebol.

Já os canais fechados, como HBO, AMC e Showtime, distribuem suas estreias ao longo do ano e costumam exibir as temporadas sem reprises. No entanto, canais como o USA, que também é fechado, costuma dividir em dois as temporadas de alguns seriados, Psych, por exemplo, fica fora do ar nos meses de setembro e outubro.

Aqui no Brasil os canais abertos demoraram a estrear novas series, amarrados por contratos que estabelecem a partir de quando podem exibir um seriado ou por pura falta de visão, pegue o exemplo de Dexter que estreará sua primeira temporada na Rede TV agora e já teve cinco exibidas lá fora. Por conta disso, estes canais podem exibir as series sem as reprises, do outro lado, temos o exemplo de Supernatural, exibido diariamente pelo SBT, que acabou por esgotar os episódios que tinha direito de exibição em menos de um ano e deve deixar os fãs na saudade até poder exibir a nova temporada em uma espera de outro ano.

Os canais fechados podem exibir os seriados com um intervalo menor, porém costumam justificar a demora por conta de necessidade de legendas e/ou dublagem – e não adianta falar do povo da internet que normalmente dubla uma série de um dia pro outro porque estamos falando no mínimo de sistemáticas diferentes, além da questão do custo: se o canal quiser uma legenda mais rápido tem que pagar mais caro e ele nem sempre acha que o benefício em função disso vale a pena.

Apesar deste blablablá, neste ano, talvez impulsionados pelo povo que faz o download impacientes para esperar por seu seriado preferido, Universal, Sony e Fox resolveram agir de forma mais rápida – isso sem falar da HBO que exibiu o episódio final da terceira temporada de True Blood de forma simultânea.

A FOX investiu em The Walking Dead e exibiu o seriado com apenas 03 dias de diferença para a exibição americana. Além disso, contou com a vantagem do seriado não ter nenhuma reprise no meio de sua curtíssima temporada.

No entanto, para os demais seriados de sua programação, como Bones, Lie To Me e Glee o canal ainda mantém uma grande janela e novos episódios só devem ser vistos a partir de fevereiro do ano que vem.

Universal Channel e Sony optaram por trazer seus principais seriados com, em média, um mês de intervalo em relação a estreia nos EUA. Com isso, quase dois meses depois, são obrigados a reprisar os episódios, já que podemos contar pelo menos duas semanas sem exibição lá fora desde o início desta temporada.

Por conta disso, o Universal teve reprises na semana passada e a Sony terá reprises nesta. E a forma como conduziram a exibição é elogiável: no caso de Grey’s Anatomy, por exemplo, eles encostaram na exibição americana e estão apenas um episódio atrás, episódio este exibido nesta última semana.

O Warner Channel manteve o padrão de anos anteriores e trouxe as estreias em Novembro, por conta disso, deve demorar um pouquinho mais para reprisar, o que deve ocorrer na época dos feriados de fim de ano, período em que pouca gente reclama, até por não ficar tão ligado na telinha.

Só esperamos que o canal não venha de novo a sofrer de um pequeno (enorme) problema de seu passado: nos últimos anos ele tirou seriados da programação sem aviso prévio, em meio de temporada (Gossip Girl). Outra mancada foi ter simplesmente deixado de exibir a temporada final de Without a Trace, deixando os fãs de anos a ver navios.

O AXN foi outro a manter seu padrão: ao invés de colar suas estreias na agenda americana, o canal prefere aguardar até fevereiro do ano seguinte e, desta forma, consegue exibir todas as temporadas sem reprise.

Com certeza, ao tomar essa atitude, o canal escapa de pelo menos um risco: no caso de novos seriados, os americanos não costumam ter dó e o cancelamento pode ser realizado já no segundo episódio. No ano passado o Universal Channel acabou padecendo deste mal ao estrear Three Rivers um mês após a agenda americana. Cancelado em seu quinto episódio, o seriado acabou por causar uma janela na programação do canal, que teve de realizar outras mudanças para compensar a perda.

De qualquer forma, eu acho que a vida do fã de seriados hoje é muito mais fácil que no passado: além de se preocuparem com a forma que exibirão seus programas, os canais até informam em sua programação da ocorrência de reprises, coisa que não acontece lá fora.

Eu, por exemplo, assisto a tanta coisa que agradeço ao fato do AXN ter mantido seu padrão, caso contrário eu não conseguiria acompanhar a tudo que quero.