Temple Grandin

Um roteiro: mulher estudada, formada em Harvard, anos 50, recebe uma sentença terrível do médico. Sua filha de 04 anos tem uma doença pouco conhecida chamada autismo, também conhecida como esquizofrenia infantil, nunca falará e deve ser internada para toda uma vida. Ela não aceita o que o destino lhe preparou e luta com todas as forças para provar que sua filha pode ser diferente, mas não menos. Sua menina cresce, aprende a falar, frequenta a escola, se forma na faculdade, obtém dois mestrados, um doutorado, se torna referência em sua área de atuação e professora em uma renomada faculdade.

Olhando friamente enxergamos três destinos possíveis para um roteiro como esse: se tornar um filme para a TV, usando o termo de forma perjorativa; se tornar um sucesso estrelado por atriz de maior grandeza que ganhará o Oscar pelo papel de sua vida; ou ficar esquecido na gaveta de algum funcionário de uma produtora de cinema.

Mas este roteiro na verdade á a história de uma vida e foi escolhido pela HBO para se tornar um filme de qualidade estrelado por uma atriz que andava meio esquecida.

Estou falando de Temple Grandin, filme que faturou sete Emmys neste ano, inclusive de melhor atriz para Claire Danes (perfeita). E se mais prêmios Emmy existissem, mais prêmios o filme mereceria.

O filme consegue com maestria mostra os desafios enfrentados por Temple e sua mãe para provar ao mundo que ela podia mais. Ele consegue com seus efeitos de som e imagem nos demonstrar como a mente de Temple funciona e como um autista é afetado pelo mundo a sua volta – o efeito de sons altos, a falta da rotina – mas não se reduz a isso: ele se torna uma lição verdadeira de vitória em um mundo que se acostumou às respostas fáceis da auto-ajuda.

Como mãe eu chorei a cada desafio enfrentado por Eustacia, mãe de Temple, e a cada pequena vitória como um quase abraço ou uma canção cantada de forma horrível. Eu me senti recompensada ao entender que, façamos o que façamos, pais e mães, vivemos assombrados pelo medo de não fazer o bastante e nos sentimos sozinhos tão constantemente – por mais que hoje o casal divida mais as responsabilidades, tristezas e alegrias, ainda nos sentimos sozinhos.

As lições são tantas: ser diferente, mas não ser menos; cada porta leva à um novo mundo.

O filme nos deixa com enorme curiosidade para conhecer mais sobre a vida de Temple, mas não porque o filme seja incompleto, mas porque, a cada pedaço da vida dela que ele nos mostra, ele desperta maior interesse. Na verdade ele consegue o mérito raro de ser do tamanho exato para que você saia satisfeito, mas ainda com a sensação de que veria mais.

A natureza é cruel, mas nós não precisamos ser.

Temple Grandin

E se o filme é um trabalho de mestre, a vida de Temple Grandin é inspiradora em cada momento. É uma história para se levar consigo pelo resto da vida – pena que os livros que inspiraram o filme ainda não tenha sido lançados no Brasil.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

9 Comentários


  1. Simone, a história da Temple é muito interessante mesmo! Estou com muita vontade de assistir o filme.
    Não sei em que livros a história foi baseada, mas existem dois livros da Temple publicados no Brasil: Uma Menina Estranha e Na Língua dos Bichos. Li trechos do primeiro e o segundo completo, ajudaram bastante quando trabalhei com autistas. Conhecer a visão que o próprio autista tem sobre si é totalmente diferente de quem tem apenas o conhecimento teórico.

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    1. Oi Re, uma menina estranha é um dos livros sim, eu pensei que não havia saído por aqui pois não achei no Submarino. Agora que falou vou buscar na Cultura – se tem, tem lá.

      Sem dúvida alguma saber a visão deles faz toda a diferença.

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  2. Pessoal, sou mãe de uma criança Autista. Fiquei sabendo que dia 07/10/2010 vai passar na HBO hd o filme sobre a vida de Temple Grandim, só que eu não tenho hd. Se alguém conseguir gravar para me emprestar fico desde já agradecida, Um grande abraço, Grazielle.

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  3. sou avo de uma criança autista
    acredito que na minha infancia tambem o fui
    hoje tenho 64 anos r fica dificial saber
    na epoca em que era criança, não se sabia nada o assunto
    meus familiares que ainda vivem e que me viram criança, dizem que era muito, muito timida e não me comunicava, enfim
    eu posso compreender bem o meu neto
    não sabia a existencia desse filme, como posso fazer para obte-lo?

    lourdes cavendish

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  4. Olá, tenho um enteado autista.Ele simplesmente é demais! Admiro a sua inteligência, ele tem síndrome de asperger.Gostaria de poder ajudá-lo mais profundamente, se tiveres alguma sugestão, por favor, me mande por e-mail.Assisti ao filme da Temple e simplesmente me apaixonei pelo assunto.Bjos!

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  5. com certeza este filme não pode ficar emgavetado, até pelo simples fato de ser uma história muito comovente e que retrata um quadro de muitas família que desconhecem o real parecer do autismo. parabéns a todos!

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