Meryl Streep: It’s Complicated

Com o Oscar chegando e com a estréia de It’s Complicated era até fácil prever que a Revista Veja traria uma reportagem sobre Meryl Streep, atriz que guarda para si o título de mulher mais indicada ao grande prêmio da academia.

Meryl merecia não só esta, mas muitas outras reportagens: com seus 60 anos de idade ela é a prova mor de que existem sim excelentes papéis para atrizes mais velhas – ao contrário do que muitas apregoam ou usam como justificativa para as intermináveis e incontáveis cirurgias plásticas.

Meryl é linda. tem um sorriso cativante e uma anergia inesgotável. É perceptível que ela adora o que faz e que não abandonou o que era importante para si para ter sucesso em sua carreira: foi mãe exemplar e tem um grupo de amigos com quem convive largamente e divide sua vida. Fica claro, também, em seus filmes, que é um prazer compartilhar com ela o set de filmagem.

A reportagem em questão diz que sem ela Mamma Mia seria um filme insuportável. Mentira. Mamma Mia é um filme delicioso de se assistir vezes e vezes. E é um projeto dela: ao assistir a peça original em Londres acompanhada de sua filha, Meryl saiu do teatro decidida a transpor a história para o cinema. E foi por causa dela que os demais atores aceitaram a empreitada – fato repetido por cada um deles no material extra do filme.

A cena em que ela canta no penhasco é inesquecível e as versões das músicas do Abba do filme me são hoje mais queridas que as originais.

Meryl teve um cuidado imenso ao cuidar de sua carreira, o que fica claro na escolha de seus filmes e suas indicações ao Oscar: O franco-atirador (em 1979), Kramer vs. Kramer (em 1980), A mulher do tenente francês (em 1982), A escolha de Sofia (em 1983), O retrato de uma coragem (em 1984), Entre dois amores (em 1986), Ironweed (em 1988), Um grito no escuro (em 1989), Lembranças de Hollywood (em 1991), As pontes de Madison (em 1996), Um amor verdadeiro (em 1999), Música do coração (em 2000), Adaptação (em 2003), O diabo veste Prada (em 2007), Dúvida (2009) e, neste ano, Julie & Julia (2010). Levou para casa dois prêmios: Kramer vs. Kramer e A Escolha de Sofia.

Sim, gosto muito de Sandra Bullock e jamais desmereceria o trabalho das outras atrizes indicadas, mas tô aqui torcendo para que ela leve o terceiro.

It’s Complicated tambem tem seu algo de especial: foi o primeiro papel escrito especialmente para Meryl. Além disso o filme é uma daquelas deliciosas comédias românticas. Com vantagens: Meryll faz o papel de uma mulher que sim, sofreu com a perda de seu casamento, mas não é uma infeliz. Ela encontra felicidade em sua família e em seu trabalho – uma deliciosa confeitaria de sonhos. É essa a felicidade das pessoas que fizeram as escolhas corretas em sua vida, apesar de nem tudo ter dado certo – o sucesso ou felicidade de alguém não pode ser medido simplesmente por um casamento que deu ou não certo.

Alec Baldwin faz o papel do marido que, 10 anos antes, a trocou por uma mulher mais jovem. Ele e a personagem de Meryll acabam se reencontrando na formatura da filha mais nova e os dois acabam tendo uma noite juntas. Enquanto ela fica com o pé atrás pensando em como estava sua vida antes e como está agora – avaliando bem onde está se metendo – ele se anima com sua descoberta e faz de tudo para tê-la de volta.

No meio do caminho dele um arquiteto gracinha e recém separado interpretado por Steve Martin (não dêem bola para a Veja, ele está uma graça no papel), que está fazendo os projetos dos sonhos dela e que se encanta pela linda mulher que ela é.

Uma das melhores cenas do filme é quando os dois, Meryl e Martin, acabam por experimentar um baseado em meio a uma festa de família. Ri de doer a barriga.

Esqueça quando a revista diz que o filme está abaixo de Meryl: o filme é delicioso e deixa pequen as marcas indeléveis em que permite ser tocado por ele – e essas são as melhores.

Diria eu que, além de um prêmio por Julie e Julia, Meryl ainda vai precisar de um especial por toda a sua carreira: ela merece.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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