Você já pensou em viver sua vida vendo na pessoa a seu lado quando ela diz verdades e quando ela diz mentiras? E ser a outra pessoa desta relação, aquela cujos pensamentos e sentimentos são lidos?
Sempre pensei nisso ao assistir Lie To Me. Ficava pensando no por que de o casamento de Val ter terminado e aqui, de maneira muito inteligente, os roteiristas demonstram isso: o fato de você ver um determinado sentimento no rosto de uma pessoa não pode ser tratado como verdade absoluta. E quando você convive com alguém que tem certezas absolutas sobre tudo que você sente a sua vida se torna muito, muito mais difícil.
Conhecemos Zoe (meu marido quase pulou do sofá ao ver Jennifer Beals na telinha, ele nunca assistiu a The L Word comigo e não fazia idéia do trabalho da atriz na televisão), ex-esposa de Cal que trabalha para a promotoria (assunto que já havia sido adiantado no episódio dos suicídios).
Zoe precisa da ajuda de Cal para investigar um incêndio cuja única testemunha é um menino. Aprendemos (estou sempre aprendendo com este seriado) que existe diferença entre fantasia e mentira: quando uma criança acredita no que diz, acho que vale para adultos também, você não verá nela sinais de mentira.
Cal tem de partir para fórmulas alternativas, como reconhecer as expressões das demais pessoas envolvidas na questão.
Um aprendizado reforçado: você reconhece mais facilmente as expressões que está acostumado a ver sempre – no caso Zoe reconhecendo uma expressão que deve ter sido feita por seu marido incessantemente ao longo do casamento.
A história por trás do incêndio, o clichê do jornalista que dorme com toda cuja esposa surta, pode não ter sido tão interessante, mas a intenção não era que isso nos chamasse a atenção, e sim o foco na relação de Cal e Zoe, que terminam o episódio na cama.
O segundo caso da noite – modelito CSI de dois casos por episódio – só valeu por causa das questões relacionadas ao reconhecimento que temos de pessoas homossexuais, só não sei o quanto de verdade existe na questão.