Starbucks: a aura, as qualidades, os defeitos

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Como eu comentei em um artigo da Sam, minha relação com a Starbucks é sentimental, diria até apaixonada, mesmo considerando que alguns preços são, sim, absurdos.

Apesar de já ter ouvido falar da rede de cafeterias mais de uma vez, a primeira vez em que criei um tipo de vínculo com a marca foi graças ao filme You’ve Got Mail, de 1998 – até hoje meu filme preferido, assistido um sem-número de vezes.

you've got mailNão foi por causa da Starbucks que o filme ganhou meu coração, foi porque a personagem de Meg Ryan é dona de uma livraria de esquina, com área especial para crianças. Mas jamais esqueci a cena em que a personagem entra em uma das lojas da rede enquanto a voz de Tom Hanks, ao fundo, comenta o fato de tomarmos um sem número de decisões todos os dias, desde o momento em que escolhemos o café que iremos tomar.

No ano seguinte eu adquiri o livro Dedique-se de Coração, escrito por Howard Schultz, criador do conceito da marca. Schultz trabalhava para uma empresa varejista de café quando teve a idéia de ensinar aos americanos como apreciar o verdadeiro café. Mais que isso ele queria criar uma empresa em que as pessoas orgulhassem de trabalhar e fossem felizes.

Talvez ele também tenha se esforçado muito para criar a mítica que hoje rodeia a marca. E, nisso, ele foi muito bem sucedido.

O livro é ótimo e eu o devorei rapidamente. Por causa dele passei a admirar a pessoa e o profissional Schultz, que teve coragem de abandonar um emprego seguro, com remuneração razoável, e ir atrás de seu sonho, quando seus antigos patrões não apostaram em suas razões para mudar.

Anos depois, Schultz compraria a empresa que havia abandonado como funcionário, tornando-a parte do conceito que ele queria imprimir.

Dedique-se de CoraçãoHá alguns meses a Revista Exame publicou uma matéria em que comentava o fato de que as lojas da Starbucks haviam perdido parte de sua aura especial, que o cheiro de café tinha sido substituído pelo cheiro de ovos fritos pela manhã e que o conceito de Schultz para o trabalho estava morrendo.

Schultz, que estava afastado da companhia, retomou seu posto, convidou seus colegas de início de projeto para voltar, e trabalhou para corrigir os desvios de percurso, quem sabe ainda inspirado pela imagem de seu pai, que não tinha nem ao menos seguro de saúde em seu emprego quando Schultz era uma criança.

Em São Paulo já são muitas as lojas da marca, somente na região da Paulista podemos contar três. Mas a tarefa de atravessar uma longa distância com seu negócio trouxe seus riscos e não é em toda loja que podemos sentir a atmosfera das lojas americanas – principalmente as localizadas na zona portuária de Seattle, aonde a empresa nasceu.

Eu frequento semanalmente a loja localizada em frente ao Hospital do Coração, e, eventualmente, as lojas da Alameda Campinas, Joaquim Eugenio de Lima e Shopping Villa Lobos.

A da Alameda Campinas é a que mais me parece ter a atmosfera esperada para uma loja Starbucks, pena que seu atendimento não corresponda sempre ao que esperamos, bem como seu funcionamento. Imaginem chegar para tomar um café e descobrir que a cafeteria não tem creme? Ou, muito pior, uma cafeteria sem forno para aquecer seus lanches ou seus pães-de-queijo? Somente ali eu passei por isso.

Já a loja em frente ao Hospital do Coração ganha milhares de pontos por seu atendimento simpático. Todos os atendentes sempre estão sorridentes, mesmo às sete da manhã, e sempre capricham quando meu pedido inclui caramelo extra para o meu Caramel Machiatto.

Você pode até achar absurdo, sendo o Brasil um dos maiores exportadores e consumidores de café, o fato de uma cafeteria americana e cara fazer sucesso por aqui. Schultz nunca pensou em nos ensinar em tomar café, ele fez o contrário, ele queria levar café de qualidade aos americanos acostumados a tomar aquelas canecas enormes de café aguado, motivo pelo qual a base de suas bebidas sempre ser o café expresso.

Eu não vou à Starbucks a procura de um expresso, categoria de café em que os brasileiros sempre se saíram bem, mas vou à Starbucks a procura de cafés diferentes, das misturas que eu não achava possíveis.

Vou a Starbucks para encontrar os amigos, ou para ler um livro em um ambiente aconchegante em meio a um dia a dia corrido. Ou vou à Starbucks para buscar um Caramel Machiatto no inverno ou um Caramel Frapuccino no verão e receber um sorriso simpático. Para começar meu dia bem mais animada.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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