Admirável Mundo Novo: Empresas Latino Americanas se tornam globais

Lourdes Casanova Carlos Cavalcante IEL INSEAD

Nesta última terça-feira, dia 11 de Agosto, tive a oportunidade de participar de um café da manhã para executivos e acadêmicos oferecido pelo IEL. Confesso que o interesse inicial em participar do evento foi de tiete: ter a oportunidade de ouvir Soumitra Dutta, professor do INSEAD e autor do excelente livro Throwing Sheep In The Boardroom, é coisa rara e ele estaria presente ao evento realizado no Hotel Maksoud Plaza.

Fiquei agradavelmente surpresa com a qualidade do evento, que também contou com a presença de Lourdes Casanova, também professora do INSEAD e realizadora de um estudo sobre as empresas latino-americanas que se tornaram multinacionais globais nos últimos anos.

O evento foi aberto com algumas palavras do superintendente do IEL, senhor Carlos Cavalcante, que falou sobre a importância da inovação em tempos de crise e da parceria de sucesso entre IEL e INSEAD, graças a qual, vários executivos brasileiros, mais d e100 a cada ano, tiveram a oportunidade de fazerem cursos no exterior, atualizando-se e trocando experiências. E a troca de experiências também é importante para os executivos de outros países, afinal, a “unicidade” de nossa economia, a maneira como nossas empresas se reinventaram, é conhecida no mundo todo.

O INSEAD, hoje a maior escola de negócios do mundo, atua com o conceito de “uma escola de negócios para o mundo”, independentemente dos locais onde estão instalados seus campus – hoje a escola dispõe de um campus na França, na Índia e está implementando um novo campus no Oriente Médio.

Lourdes Casanova falou sobre a importância das empresas da América Latina, que hoje representam algo como 8% da economia mundial e sobre a importância da China no mercado internacional. Não que ela acredite no final da importância dos EUA como capitão dos negócios internacionais, mas por acreditar numa disputa maior por cada espaço no mercado.

Para exemplificar isso ela citou as diversas empresas internacionais que hoje são consideradas modelo, como a Tata Company, que inovou o mercado automobilístico, a EMBRAER, Infosys, Gazprom, CEMEX e Orascom Telecom, não por acaso, a maioria delas atuante no mercado de telecomunicações, campo no qual a inovação mais aconteceu nos últimos anos.

Lourdes lembrou ainda que, das empresas que hoje figuram nas principais listas das maiores e melhores, muitas delas são chinesas e seis são brasileiras. Outro sinal indicativo do crescimento da importância dessas empresas, mesmo em um panorama de crise financeira, é o fato de várias terem se tornado investidoras, adquirindo empresas internacionais. No Brasil podemos citar a Vale como uma empresa investidora.

Por que esse sucesso no mercado global? Ainda segundo Lourdes, as empresas latino americanas atendem a vários dos requisitos para o sucesso, foram menos afetadas pela crise por serem menores, têm grande experiência com crises em seus mercados locais, maior diversidade de atuação e têm conseguido inovar com eficiência.

Por outro lado, é evidente a necessidade de que o Brasil, que possui empresas e produtos com penetração internacional, crie uma marca própria, o que auxiliaria as empresas nacionais em seu processo de internacionalização. Ela também destacou que o fluxo de crescimento e poder econômico nunca foi tão favorável aos países das regiões Sul e Oeste do mundo.

Ao abrir espaço para perguntas, Lourdes foi questionada sobre a responsabilidade social das empresas multinacionais e sua resposta foi bastante adequada ao que enxergamos em nosso mercado: as grandes empresas americanas e européias trabalham a responsabilidade social como marca, enquanto as multinacionais latino-americanas precisam ter uma visão diferente sobre o assunto, porque as necessidades de seus países são muito maiores.

Outra interessante questão colocada foi sobre como a professora enxergava o crescente investimento das empresas chinesas. A resposta foi precisa: existe desafio e oportunidade. É necessário lembrar que, em vários mercados, a economia brasileira e a chinesa são complementares. Em outros, as empresas precisarão se adaptar. Um exemplo de mercado onde a oportunidade é clara é o mercado de tecnologia, principalmente a chamada tecnologia verde.

Lourdes finalizou que seria uma pena caso os países optam-se pelo fechamento de suas economias em função da crise em um momento em que tanto conhecimento pode ser compartilhado. Finalmente, comentou que se sentiu desafiada em se apresentar para a platéia presente, já que os brasileiros tanto têm a falar sobre inovação em momentos de crise.

*******

Amanhã relato a palestra de Soumitra Dutta, bastante interessante.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

Deixe uma resposta