Trazer a filha pro trabalho…

2009-07 (jul)2

Então, a tal Gripe Suína, Gripe A, Gripe N1N1, sei lá como você chama essa nova gripe, mata menos que a gripe comum e menos que verminoze, mas o Governo achou de adiar a volta das férias das escolas municipais e estaduais até o dia 17. Tudo muito bom, tudo muito bem, até porque esse tipo de escola já não atua em período integral e as mães acabam sendo obrigadas a ter um plano B para fora do horário escolar. Mesmo assim já tem problemas, vejam um exemplo: algumas professoras da escola da minha filha têm filhos em creches municipais e ja não puderam trabalhar nesta semana.

Já nas escolas privadas o esquema é outro, a maioria tem período integral, clube de férias e as mães e pais que não conseguem folga e não contam com outras redes de apoio dependem muito disso.

Pois bem, o Governo “sugeriu” que estas escolas também fechassem. E o Sindicato delas disse que, se mantidas abertas, cada uma estava por sua conta e risco.

Recebi a novidade ontem de noite ao buscar a minha filha no clube de férias e já quase pirei. Liguei pro chefe e avisei que as opções eram: ela vai comigo pro escritório ou eu não vou pro escritório. Hoje vim com ela e já já tô indo embora , já que, como ela mesma disse, a paciência dela com isso já acabou – as fotos são de quando ela ainda tinha alguma e ela ocupou a mesa de um funcionário meu que está de férias, usando o computador dele.

Amanhã inverto o período, pois tenho algumas atividades para fazer a tarde. Segunda nem venho, terça minha mãe já estará em São Paulo para me socorrer, mas vai ter que mudar toda a vida dela, desmarcar fisioterapia, arrumar um lugar para deixar o cachorro. Tudo isso para me ajudar.

No Shopping Paulista, na hora do almoço, eu não era a única com roupa de executiva com uma criança pela mão. Uma fornecedora de equipamentos de tecnologia, em visita ao escritório, contou que acabava de sair de outro cliente, onde a responsável também estava em companhia do filho.

A Sam, sempre ela, havia escrito sobre o assunto das férias outro dia e tinha pedido minha opinião, mas eu não tinha conseguido passar por lá para comentar.

Ela falou sobre as mães que passam a se dedicar as crianças de forma integral. Eu fiquei um ano com a Carol logo que ela nasceu, depois ela foi para a escola, a mesma até hoje, já em período integral. Adoraria ter um horário mais flexível, que me permitisse mais tempo com ela, no começo até tentei desta forma, mas não deu muito certo.

Hoje não vejo muito jeito dela passar menos tempo na escola, nem por causa do trabalho, mas porque agora ela estuda em formato bílingue e a parte da tarde está preenchida de atividades.

Como tudo na vida, essas coisas tem seu lado negativo e seu lado positivo: Carol é bastante independente e tem uma educação de excelente qualidade. Do outro lado fico com a constante sensação de que não passo tempo suficiente com ela. Mas, vamos admitir, mesmo mães que passam o dia todo com seus filhos são perseguidas pela culpa pelos mais diversos motivos. Parece que a culpa chega no momento do nascimento e nunca mais vai embora.

Por outro lado, não tenho a mínima modéstia ao dizer que me considero uma excelente mãe. Meu tempo com ela é dela, fazemos muitas atividades juntos, sempre procuramos coisas interessantes para fazer, e ela é nossa prioridade.

No trabalho, optei por uma desaceleração na carreira, de maneira a estar mais perto de casa e conseguir ir buscá-la todos os dias no horário certo. Viagens somente eventuais e, de preferência, me permitam voltar no mesmo dia. Deste modo tenho a garantia que, diariamente, sou eu que lhe dou banho, brinco com ela, conto uma história, assisto televisãoe a coloco para dormir.

Continuo mantendo outros interesses e sou uma pessoa extremamente produtiva – como diria meu marido, uma verdadeira marajá portuguesa, com três empregos e um salário – o que me orgulha e que, espero, sirva de exemplo para que ela também não seja obrigada a escolher um só lado da vida para se sentir feliz e completa.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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