Se existiu um dia em que eu realmente odiei alguém foi neste episódio. Como eu odiei House. Como eu odiei sua mesquinharia, seu egoísmo, sua falta de timing. Como eu odiei a falta de sentido de seus atos.
Esta quinta temporada de House tem despertado os mais diversos sentimentos nos fãs da série. Meu amigo Paulo acha natural a mudança que o seriado sofreu, diz que depois de 05 anos no ar é normal existir uma evolução.
É justamente aí que nossos pontos de vista divergem. Não houve evolução no seriado. Se eu puder dizer assim, houve uma involução. Parece que Gregory House regrediu. Além de não solucionar os mais diversos problemas que tem – vamos encarar, House é ferrado demais (preferia usar damage, mas tudo bem) – ele simplesmente não tem mais justificativa para seus atos.
Eu comecei a assistir House no final da segunda temporada, bem no final. Fiquei fascinada pelo personagem. Meu marido me deu o Box da primeira temporada e eu adorei entender melhor Gregory. Sim, ele nunca foi muito normal, mas ele passou por experiências que só o prejudicaram mais. E a todos a sua volta – sou uma defensora da teoria que uma loucura só existe (não a patológica) quando existe interação; é mais ou menos assim: seu irmão só é do jeito que é porque seus pais o deixaram ser assim e passaram a interpretar o papel complementar, se um é vítima, o outro é algoz – ele envolveu Cuddy e Wilson, e sua ex-mulher também, num ambiente ainda mais doente.
Da quarta temporada em diante tudo virou diversão. Não é que algo atormentava House. As situações se tornaram soltas, virou o torturar pelo prazer de torturar. Pior, House virou sádico para a diversão do público, perdeu sua motivação.
O início da quinta temporada não foi dos mais auspiciosos – e olha que os dois episódios finais da quarta temporada foram excepcionalmente bons – e os episódios ficaram abaixo da média. A história de cada paciente virou acessória e a diversão dos fãs passou a ser descobrir a maneira mais dolorosa de matar a 13.
O paciente do episódio Joy segue o padrão e não empolga. Os assistentes de House batem cabeça. Wilson, bem, amo o Wilson, mas vamos encarar: sua participação se torna superficial. Sobra House aproveitando cada oportunidade para humilhar Cuddy.
Lisa esteve magnífica. Diria que foi o único personagem entre todos que realmente evoluiu. Ela ganhou densidade, suas ações são justificadas, ela tem várias dimensões. Sua luta para ser mãe nos envolve e emociona.
Talvez por isso eu tenha odiado tanto Gregory House nesse episódio. Em instante algum havia algum motivo para que ele falasse o que falou, fizesse o que fez. Ele apenas fez.
A relação dos dois está longe de ser simples. House a culpa pela decisão de lhe operar quando ele não podia escolher o que fazer por estar em coma induzido. Acho que ele lhe culpa até mesmo pela sua separação. Ao mesmo tempo ele gosta dela. Tirando Wilson, sua relação com Cuddy é o mais próximo que ele chega de uma amizade.
Por causa disso, ou apesar disso, eu esperava que ele respeitasse pelo menos um pouco o momento pelo que ela passava. Não estou pedindo que ele seja um anjo, mas que ele conseguisse manter fechada àquela sua boca enorme.
Espero que o beijo trocado pelos dois seja o momento de recuperação. Que ele seja o que era preciso para que House volte a ser o homem cheio de conflitos internos das primeiras temporadas, que nos faz gostar dele apesar de tudo, e não esse boneco sádico como um menino de onze anos de idade, que chama a menina da mesa da frente de gorda só para que os colegas dêem risada.
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quase chorei com a Cuddy tadinha…
depois de tudo o que fez a garota naum deu o bb para ela…
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Os casos da semana, nessa temporada, estão completamente esquecíveis. Tanto que não conseguia me lembrar qual tinha sido o paciente de Joy (tive que ir checar a informação). Eu não vou discutir que os escritores parecem ter tirado um pouco da aura de tormento de House para torná-lo mais assistível, porquê parece que fizeram isso mesmo. Mas não acho que House involuiu. Acho que os produtores perceberam o potencial mais cômico de House e tiraram um pouco o pé do dramático para apostar nessa nova abordagem, mais palátavel. Mas apesar de me parecer uma decisão comercial, eu não achei ruim. Além do mais, não é a primeira vez que House praticamente tortura pscicologicamente a Cuddy só porquê ele pode. Ele já fez isso em Finding Judas e o assunto era exatamente o mesmo, a capacidade de Cuddy de ser mãe. Li em algum lugar que House parece ver essa tentativa de Cuddy de ter uma criança como uma tentativa desesperada e errônea de preencher o vazio da sua vida. E isso meio que faz sentido pra mim, mas eu prefiro ficar com a teoria nas linhas de “misery loves company”. Acho que ele tem medo de perder Cuddy e Wilson.
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O incômodo que as pessoas sentiram nesse epsódio é como o incômodo sentido por house com a mudança que ele sacou que aconteceria caso Cuddy virasse mamãe: seria o mundo dele (com as coisas que ele não contou pra gente ainda) virando do avesso, com perdas enormes a vista, mudanças bruscas e um monte de trecos novos no cenário dele.
O beijo tão estranho no final é quase uma explicação pra tanta babaquice do cara: é o copo d’agua de um Dr House desgovernado pra apagar um incêndio medonho.
Pra mim, o roteirista apenas começou a esquentar o óleo que vai ferver nessa quinta temporada, queimando perigosamente váaaaarios dogmas da série.
Eu aposto nisso: na provocação, em redenções e num final numa praia diferente.
Será?
😉
Abs!
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Concordo com quase tudo. E com o conhecimento de quem viu 3 episódios depois deste (e desistiu da série) eu digo que o tal beijo mais atrapalhou do que ajudou.
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Texto ótimo Simone, e assim como o Cavalca eu concordo com quase tudo.
Parei de assistir a série no episódio 10 dessa temporada e ainda não sei se volto.
House antes gênio, se transformou em um chato, ele zoa só por zoar, ele faz o que quer só por fazer, sem contar que o foco dos pacientes nessa temporada está sendo diferente, eles querem fazer metáforas com o médicos, coisa que a série nunca tinha feito antes. E ficou ridículo.
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Ah, e depois se der o link ali do lado do “Assistimos Muito” mudou, agora é esse: http://www.listentothe.wordpresss.com, se puder trocar eu agradeço.
😀
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Ah, Cavs, aquele Last Resort é uma merda. Injustiça mencionar ele. Eu achei os dois episódios depois dele ótimos. E gostei de The Itch. Mas Emancipation e Last Resort são muito ruins para servirem de indicação de qualquer coisa (especialmente Emancipation, maquineísta toda vida). Mas sim enio, depois desse beijo, tudo muda. Foi um risco bem grande que eles tomaram. E eles tem até o fim dessa temporada pra provar para aqueles que não abandonaram a série ainda que os riscos que eles estão tomando são acertados.