Brothers And Sisters: An American Family (02×02)

A cena acima é emblemática para entendermos o que é a família Walker: um pouco, ou muito, loucos, sem noção de perigo ou vergonha, mas muito, muito, unidos. Capazes de esquecer de todo o pouco sentido que rege suas vidas para defender quem amam. Acho que foi isso que eu pensei ao assistir An American Family.

E o nome do episódio poderia ser, simplesmente, uma família. Toda família tem suas desavenças, suas diferenças, suas contradições e, talvez, por tudo isso é que eles continuam unidos sempre. Quantas vezes eu já não me via na situação de ter acabado de criticar o comportamento de meu irmão para, em seguida, partir em sua defesa. Aquela história do “eu sei que ele não presta, mas só eu que posso dizer isso” não poderia ser mais válida.

E este seriado é perfeito para mostrar estas contradições e os sentimentos confusos que vêem delas: uma hora eu estou com pena de Nora, na seguinte quero bater nela; uma hora eu acho Kitty insuportável em sua pose, na seguinte enxergo alguém perdida em seu confuso papel de noiva/pessoa/assessora/filha/mãe/irmã. Uma hora estou chorando que nem criança, na seguinte rindo feito boba.

O episódio em questão foi mestre em altos e baixos: a família pirada por causa da situação de Justin; Justin optando por não tomar drogas para não cair na tentação do vício; Nora tentando se conter e acabando por abusar ainda mais da paciência de Justin e de todos os outros; Kitty não conseguindo se conter e quase acabando com a campanha do noivo; Kevin tentando se encaixar em seu novo papel de namorado a espera; Tommy enfrentando problemas em segredo; Rebecca sendo jogada de um lado para o outro, uma hora a nova preferida dos Walker, na seguinte praticamente expulsa da família, meio menina mimada sem ser.

Particularmente achei apenas forçosa demais, clichê de mais, toda a linha narrativa atribuída a Robert. primeiro a história dos funerais, para encerrar com a frase de efeito “Quando eles deixarem de morrer!”, depois Kitty e Nora e a confusão com o locutor de rádio, que lhe permitiu o lindo (meio brega) discurso de “eu a amo por causa disso e não apesar disso”. Não sei se é implicância minha, mas, ás vezes, o personagem dele acaba me soando caricato demais.

Ao mesmo tempo, achei ótima a cena dele com Justin. Só quem enfrentou o terror da guerra poderia entendê-lo e sim, é importante que ele nunca se esqueça do que passou.

O seriado também ganha pontos comigo porque foge da tendência geral  de se criticar a guerra do Iraque a qualquer custo. Ele mostra um monte de maneiras de você ver o que está acontecendo. Tendo uma posição política ou não ele lhe permite entender o que é passar por aquilo, não julga nada.

E, apesar de tanta coisa séria, ou por causa disso, chamam a atenção os momentos leves: Sarah falando de sua abstinência sexual, Kitty discutindo com o locutor ao telefone, kevin chamando o locutor de Lucifer, toda a história de Lincoln ser gay, Robert e seu assistente e seus diálogos bem sacados, Robert e suas respostas rápidas aos membros da família Walker.

A cena final, Nora abraçando Justin, sem poder ajudar seu filho em mais nada, foi tocante na medida. Ela oferece a única coisa que pode: conforto.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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