Damages: Pilot (01×01)

Se Dirty Sexy Money me conquistou em sua meia hora final, que dizer de Damages, que teve um dos melhores pilotos que vi nos últimos tempos? E olha que piloto é aquela coisa complicada de analisar. Muitas vezes um seriado que tem um piloto medíocre acaba dando origem a um seriado de ótima qualidade. Tudo bem que o caminho inverso também existe e acaba sendo até mais comum.

Li em algum site que Damages trazia nova energia ao velho seriado de tribunal, imediatamente identificado com o seriado Lei & Ordem. Como sou fã de Lei & Ordem é claro que o comentário desceu meio quadrado, mas, ainda assim, não deixa de estar certo. Só vamos acertar algo aqui: do tribunal só vi a escadaria nesse piloto.

Acho que o diferente de Damages é o fato de mostrar os bastidores da luta da lei, não a defesa em frente a um júri ou juiz, tão bem realizada por Alan Shore, mas as maquinações realizadas pelos advogados antes de decidirem que história irão contar no julgamento .

E Glenn Close está arrasando como uma advogada que poderíamos comparar a uma Esfinge: decifra-me ou devoro-te.

Não sei se ao longo do seriado minhas impressões serão confirmadas, mas falando com base apenas neste episódio: Damages se arrisca ao utilizar a inversão temporal para contar sua história. Logo no começo do episódio vemos Ellen nas ruas, praticamente nua e com sangue em seu rosto.

Na polícia ela nada diz e somos, então, jogados no tempo, a fim de ver como ela foi parar ali: recém formada ela recebe a proposta de um ótimo escritório de advocacia, mas não aceita pois irá realizar uma entrevista no escritório de Patty Hewes. O dono do escritório rejeitado ainda lhe procura num bar a noite e lhe conta como Patty irá devorá-la e deixa um cartão seu, onde pede que Ellen assine e onde escreve: Eu fui avisada. Este cartão será encontrado com ela pela polícia e os levará a descobrir seu nome e endereço, ao interrogarem este advogado.

Na primeira aparição de Patty já vemos ela conseguindo um acordo milionário com um advogado, usando de artimanhas nem sempre éticas. Depois desse caso ela abraça um caso contra Arthur Frobisher (personagem do ótimo Ted Danson), que teria usado de informações privilegiadas para enganar seus empregados, convencendo-os a comprar ações de sua empresa e vendendo as próprias em seguida.

Ele foi inocentado no processo criminal, mas Patty quer que ele pague caro pela brincadeira. O problema é a inexistência de uma testemunha que comprove que ele esteve com seu corretor pouco antes da venda, arquitetando seu plano.

Até aí parece que temos vilão e mocinha bem definidos, mas já neste primeiro episódio descobrimos que não existe algo tão preto e branco assim. As pessoas não são tão transparentes.

E é em alta velocidade que descobrimos isso e que vemos que Ellen é apenas uma peça nesse complicado jogo. Na realidade, a velocidade e voracidade com que devoramos cada passo é o mesmo com que Ellen se envolve no jogo, alguém louco para agradar, para mostrar seu valor, tão desesperada para ser sucesso que não vê o preço que está pagando por cada escolha.

Ellen cai num turbilhão: a entrevista que seria com Patty não acontece e ela acaba conversando com Tom Kent (Tate Donovam ainda bonitão). A data em que Patty poderia conversar com ela é o dia do casamento de sua irmã. Ela escolhe o casamento, Patty vai até lá conhecê-la.

No primeiro dia de trabalho ela vê a loucura das salas, ela conhece sua sala, ela é engolida pelo caso Frobisher. E ainda é pedida em casamento antes do final do dia.

Com loucura ela vê Tom ser demitido após, numa jogada de mestre, Frobisher ter descoberto o valor pelo qual os funcionários aceitariam um acordo e ela vê o processo sair de seu controle. Mais louca ainda ela fica ao saber que sua cunhada pode ser a única testemunha do encontro de Frobisher e o corretor, o que motivou Frobisher financiar seu restaurante, com direito a assinatura de um contrato de confidencialidade.

Ela começa a desconfiar que um homem parado na porta do restaurante pode ser um assassino, mandado por Frobisher. Ellen imagina que Kate, nome da cunhada, seja o real motivo de sua contratação, e conversa com Tom. Ele diz que Patty nem sabia quem ela era.

A balança pende de vez quando Kate encontra seu cão morto, ao lado de uma mensagem que manda que ela fique quieta: “Se Fobrisher achou que eu ficaria calada será o contrário” é mais ou menos o que ela pensa.

Ellen entrega a cunhada de bandeja para Patty, o que, na realidade, ela já queria fazer faz tempo. Estava apenas pensando numa maneira de fazê-lo sem deixar de ser a boa moça. Afinal, entregar a cunhada só por causa de sua ambição seria realmente feio.

Mas é Tom quem entrega uma lembrancinha do Tio Pete para Patty (Tio Pete é o velhinho faz tudo do escritório), enquanto mostra sua ainda existente surpresa, afinal, Ellen descobriu o motivo real de ter sido contratada, mas Patty conseguiu não só virar a história como fazê-la entregar a cunhada.

A lembrancinha??? A corrente de Açafrão, a cachorra de Kate.

É, você pode se enganar quanto a quem é o bandido de verdade….