The Sopranos na Revista Veja

The Sopranos

A revista Veja desta semana, publicada no último sábado, traz uma reportagem especial sobre o seriado The Sopranos, a reportagem tem o nome de “Shakespeare em Nova Jersey” e faz referência à importância do seriado para o mundo da televisão em geral e dos seriados em especial. A autora é Isabela Boscov.

O que é particularmente interessante é que a reportagem fala sobre uma temporada que ainda nem estreou por aqui, tendo sido encerrada no último mês nos Estados Unidos, discutindo o buxixo causado pelo tipo de final que teve.

Acho que é mais uma reportagem que demonstra a mudança no mundo da televisão. Sua publicação, em sincronia com a exibição do seriado no exterior se deve, principalmente, pois o publico da tv a cabo, e da revista em si, não espera mais pela estréia um ano depois de uma nova temporada de seu seriado preferido, escolhendo baixá-la horas depois da estréia em seu computador pessoal.

É claro que a reportagem tem outros méritos, como discorrer sobre o que o seriado mudou, com suas cenas fortes, seus diálogos bem montados e sua produção de primeira linha. O texto chega a comparar Sopranos as melhores histórias de Shakespeare e chama Tony de Hamlet do subúrbio. Como a reportagem fala: é um grande filme de 72 horas, muito melhor do que muitas das produções cinematográficas entregues nos últimos tempos.

Principais destaques em itálico:

“Na primeira temporada de Família Soprano, o gângster Tony Soprano (James Gandolfini), recém-alçado ao posto de capo da máfia de Nova Jersey, sofria um ataque de pânico depois que uma mansa família de patos que se instalara em sua piscina ia embora no fim do outono. Mansidão, afinal, nunca foi o forte do clã Soprano: ainda na temporada inicial, Tony sobreviveu a um atentado orquestrado pela própria mãe e por seu tio; no decorrer dos oito anos em que a série esteve no ar, matou primos, genros em potencial e parceiros “de negócios” mais íntimos que irmãos; entrou em disputas de vida e morte com sua irmã, Janice (Aida Turturro); esfolou a mulher do chefe da “família” do Brooklyn, quando este foi preso e precisou vender sua mansão; e travou uma guerra suja e amarga com a própria mulher, Carmela (Edie Falco), quando ela tentou se divorciar dele. Com tudo o que a série tem de violento (e quem assistiu, por exemplo, ao episódio em que o personagem de Joe Pantoliano matou a chutes uma namorada grávida ainda há de ter lembranças vívidas dele), é nesses instantes que Família Soprano é decididamente assustadora: na força caótica e implosiva dos seus momentos de intimidade.

… Eis, então, por que a teledramaturgia se divide muito claramente em antes e depois de Família Soprano: até sua estréia, em 1999, a idéia de que uma ficção criada para o ritmo volúvel da tela pequena pudesse conter tanto drama quanto uma peça de Shakespeare era mera teoria. Família Soprano, porém, a demonstrou de forma empírica, até o último termo possível. E, agora que chegou ao final (seu criador, David Chase, diz ter atingido o esgotamento e garante que nunca haverá um A Volta dos Sopranos), vê-se que a revolução que o programa operou na televisão é tão profunda que se voltou em parte contra ele mesmo. Como encerrar com estrondo uma série em que as apostas sempre andaram no limite?

… Essa é a razão pela qual não se deve medir o final de Família Soprano por um critério tão simplista quanto o impacto. O desfecho, já exibido nos Estados Unidos, provocou uma enxurrada de artigos na grande imprensa americana, como se se tratasse da cobertura de uma das débâcles presidenciais – e com o mesmo tom de partidarismo habitualmente dedicado a elas. Muitas pontas ficaram soltas, reclamaram os críticos; mostrar que elas nunca poderiam ser amarradas e que esses personagens não têm solução era justamente o propósito da série, argumentam seus defensores.”

Ah, em um quadro a parte a reportagem aproveita para falar sobre seriados diretamente influenciados por The Sopranos e que hoje também carregam sua própria legião de fãs fieis: Deadwood, Battlestar Galactica, The Wire e Prime Suspect.

O link, apenas para assinantes da revista ou do UOL é: http://veja.abril.uol.com.br/270607/p_124.shtml

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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