Cinema: A Rota Selvagem

Uma história sobre amizade, sobre amor e, principalmente, sobre a busca por pertencimento. Tudo isso contado com uma sensibilidade imensa, digna de se tornar um clássico instantâneo. Pode preparar os lencinhos, leitor: A Rota Selvagem chega aos cinemas em 15 de novembro para machucar seu coração.

Dirigido e escrito por Andrew Haigh (“45 Anos” e “Weekend”) e baseado no romance de Willy Vlautin, o longa é uma história sobre amor, solidão, família e amizade, contada por meio da conexão de um garoto com um cavalo de corrida.

No filme temos Charley (Charlie Plummer), um menino de 15 anos que chega a Portland com seu pai solteiro, Ray (Travis Fimmel). Por lá, encontra uma oportunidade de trabalho na pista de corrida local, cuidando dos cavalos. Nisso, o jovem acaba se apegando a um dos animais, chamado Lean On Pete, que se torna seu companheiro de viagem numa odisseia pela nova fronteira americana, em busca de uma tia que há muito tempo Charley não vê.

A Rota Selvagem emociona por falar de uma busca que é de todos: ser amado, pertencer a algo. Quieto e solitário, Charley não expressa seus sentimentos em momento algum, exceto pelos momentos junto com Pete, o cavalo que rapidamente se torna seu único amigo e confidente. Dessa amizade entre homem e animal, se fundamenta a narrativa delicada do filme, que nos entrega momentos profundos de reflexão enquanto acompanhamos a trajetória de Charley e torcemos ardentemente para que ela tenha um final feliz.

A história segue um ritmo calmo, cortado por acontecimentos bruscos, que servem como um chacoalhão para a plateia lembrar que não é porque as coisas estão calmas que elas estão perfeitas. Aprendemos rapidamente e muito com Charley, em uma interpretação linda de Charlie Plummer, esse moço tão talentoso. Existe tanta dor e tanta solidão nele, mas Charley segue em frente, muitas vezes não por ter esperanças de um futuro melhor, mas apenas por teimosia, por não poder suportar o que tem ali. É preciso seguir em frente, sempre.

E talvez a maior mensagem do filme seja essa. De seguir em frente, mesmo tudo estando à beira de desabar. Charley sai pelo mundo com seu cavalo Pete, a vida o arrasa a cada passo e, ainda assim, ele continua. Qual outra alternativa ele teria? Desistir? Não é uma opção.

A Rota Selvagem tem ainda no elenco Steve Zahn, Steve Buscemi e Chloë Sevigny. Rei e rainha do cinema indie, Buscemi e Sevigny emprestam ainda mais cores melancólicas à história, em interpretações poderosas e cheias de sentimento.

Com paisagens sublimes, silêncios perfeitos e explosões de sentimento, A Rota Selvagem chega para mostrar que para descobrir a si mesmo você precisa arriscar. Não é uma trajetória fácil, mas você precisa percorrê-la para saber.

Com direção e roteiro de Andrew Haigh, o filme tem produção executiva de Darren M. Demetre e Lizzie Francke. A distribuição internacional fica por conta de Filmcoopi Zürich AG, ExportaçãoA24, ExportaçãoArtificial Eye. A produção é The Bureau Sales, Film4 e British Film Institute (B.F.I.). A Rota Selvagem estreia nos cinemas brasileiros em 15 de novembro, com distribuição nacional da Diamond Films.

Escrito por Tati Lopatiuk

Tati Lopatiuk é redatora e escritora em São Paulo. Gosta de romances em seriados, filmes, livros e na vida. Suas séries favoritas são Girls, The Office e Breaking Bad. Pois é.

Seus livros estão na Amazon e seus textos estão no blog.

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