Cinema: Limites

Os filmes de estrada (road-trip como dizem lá) são um clássico americano e, por isso mesmo, facilmente caem no clichê. Ainda mais quando Shana Feste, responsável pelo roteiro e direção, tem a proposta de tornar Limites um filme sobre reparação da relação entre um pai e sua filha. E não mentirei dizendo que ela escapa do clichê, mas direi que aqui a ideia de abraçar a proposta funciona.

Laura (a excelente Vera Farmiga) tem uma cota bastante grande de questões a resolver: não consegue deixar um animal abandonado que seja que atravesse seu caminho, não gosta de seu trabalho, não consegue uma relação amorosa decente, não tem dinheiro o bastante. Ela tem seu filho, Henry (Lewis MacDougall, de A Monster’s Call e Pan, mostrando de novo que nasceu para atuar), e ele é inteligente, ainda que esquisito. O pai do garoto abandonou os dois há muito tempo, mas ela definitivamente é uma mulher de sorte (talvez justamente por isso).

Principalmente Laura tenta vencer, com a ajuda de sua terapeuta, a dependência de um relacionamento nada saudável com seu pai, Jack (Christopher Plummer), um tipo egoísta e charmoso que sempre coloca sua vontade em primeiro lugar.

O destino – ou as escolhas erradas de Laura, o que dá no mesmo – coloca os três dentro de um charmoso Rolls-Royce para atravessar para dos EUA em direção à Califórnia. Entre brigas, paradas não planejadas, animais encontrados e muitos cigarros de maconha, os três sairão diferentes de como iniciaram a viagem.

Sim, talvez a viagem seja curta demais para aparar todas as arestas de 40 anos de vida, mas é impossível resistir a esperança de que isso possa acontecer com a gente mesmo. E se o filme abraça o clichê em alguns momentos, em nenhum ele apela ao dramalhão ou exagera o tom. Nada de trilha sonora lhe dizendo como se sentir.

Passagens pitorescas, e lindas, uma trilha sonora aconchegante, uma fotografia caprichada se somam aos momentos divertidos do roteiro – com  direito a participações especiais memoráveis da velha guarda. Além disso, o trio principal de atores tem química em cena e se entregaram ao papéis.

A grande verdade é que, como os reparos de relações na vida, o sentimento que a gente carrega ao deixar o cinema não dure mais que um dia, mas isso não torna a viagem de pouco menos de duas horas no cinema seja menos prazerosa – se você for como eu provavelmente até derramará algumas lágrimas.

 

Limites foi escrito e dirigido por Shana Feste, produzido por Brian Kavanaugh-Jones e Chris Ferguson. Os produtores executivos são Bailey Conway Anglewicz e Jennifer Besser  e ele estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta, dia 13 de setembro, com distribuição Sony Pictures.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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