Cinema: Benzinho

Já diria a clássica tatuagem: amor, só de mãe. E enquanto os filhos crescem, ganham o mundo e fazem seus planos, as mães acompanham tudo, aflitas, de perto ou de longe, irradiando o amor desmedido que as tornam únicas no mundo.

Benzinho tem como protagonista uma mãe assim, que ao ver o filho partir, ainda precisa se manter em pé, mesmo destruída por dentro.

O longa, uma coprodução entre Brasil e Uruguai dirigida por Gustavo Pizzi, traz a agridoce história de Irene (Karine Teles), que mora com o marido Klaus (Otávio Müller) e seus quatro filhos no Rio de Janeiro. Em meio aos projetos malsucedidos do parceiro e aos problemas de relacionamento da irmã (Adriana Esteves), Irene faz das tripas coração para atender a todos da família e ainda estudar e trabalhar. Quando o filho mais velho, Fernando (Konstantinos Sarris, ator grego em sua estreia nos cinemas) é convocado para jogar handebol na Alemanha, a mãe precisa lidar com o maior desafio de todos: se despedir do filho antes do previsto.

Falando de família, Benzinho traz uma reflexão sobre o amor em todas as suas vertentes: fraternal, entre pais e filhos, entre um casal, e nos entrega uma narrativa fluída e doce sobre a vida. Sem apelar para o drama, sem exageros, sem sair do tom, o longa é um abraço caloroso em um dia ruim, trazendo o conforto que só a família pode trazer.

Os conflitos familiares costuram a trama para uma paisagem maior, do afeto sem barreiras, do quanto cada um ali se doa pelo outro. Não é uma família perfeita, não é um comercial de margarina. E por isso é tão verdadeiro e até doloroso assistir a Benzinho. Sem que você se dê conta, no meio do filme as lágrimas estão rolando. E você não entende, mas sabe o motivo, pois ele está guardado bem no fundo do seu coração. Existe algo no longa que consegue tocar esse ponto em cada um de nós, fazendo com que o reconhecimento seja imediato. Amor, um passado não tão distante de vacas magras, a constante sensação de que não fizemos tudo o que podíamos pelos os que amamos.

Benzinho é um elogio às mães e às famílias, sabendo que ambas são imperfeitas, inconstantes. E ainda assim, fortes, valentes, ainda assim as instituições que mantém não só o mundo funcionando, mas fazendo com que ele funcione movido a amor. Um filme lindo, doce e nada óbvio que merece ser visto e revisto inúmeras vezes. Quantas vezes seu coração precisar.

Correndo fácil no circuito de premiações de cinema, Benzinho teve sua estreia mundial na competição do Festival de Sundance e participou da Mostra Voices no Festival de Roterdã. Além disso, venceu como Melhor Filme pelo júri e pela crítica o Festival de Málaga e pelo júri no Festival de Cinema Luso-brasileiro de Santa Maria da Feira. O longa também participou dos festivais de Gotemburgo, São Francisco, Washington DC, Berkshire, Provincetown, Edimburgo e do Festival Internacional do cinema latino de Los Angeles, entre outros.

O longa tem produção Bubbles Project, Baleia Filmes, TvZERO e Mutante Cine, coprodução Telecine e Canal Brasil, e distribuição Vitrine Filmes. Com direção de Gustavo Pizzi, produção de Tatiana Leite e roteiro de Gustavo Pizzi e Karine Teles, Benzinho chega aos cinemas brasileiros em 23 de agosto.

Escrito por Tati Lopatiuk

Tati Lopatiuk é redatora e escritora em São Paulo. Gosta de romances em seriados, filmes, livros e na vida. Suas séries favoritas são Girls, The Office e Breaking Bad. Pois é.

Seus livros estão na Amazon e seus textos estão no blog.

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