Cinema: Com Amor, Simon

Participar de uma sessão de cinema em que rolam gritos e palmas em alguma parte do filme porque todo mundo foi envolvido pela história contada não é algo comum e não tem como não sair sentindo o coração mais leve quando isso acontece e você concorda completamente com a reação.

E foi isso que aconteceu comigo no último sábado ao assistir Com Amor, Simon em uma das sessões de pré-estreia pagas que rolaram antes da estreia oficial nesta quinta, dia 05 de abril.

O filme é uma acertada adaptação do livro Simon Vs. A Agenda Homo Sapiens, publicado por aqui pela editora Intrínseca, e conta a história de Simon Spier (o ótimo Nick Robinson de Tudo e Todas as Coisas), garoto normal, de família normal, nem popular demais nem de menos, com amigos legais e gay.

E ser gay é algo que ele guarda a sete chaves: sua família não sabe, seus melhores amigos nem imaginam. Ele na verdade ainda está tentando entender isso quando vê uma mensagem quase anônima no Tumblr da escola, se identifica com Blue, que guarda o mesmo segredo. Se a mensagem não tem assinatura, ela tem e-mail e Simon em um impulso começa a se corresponder com o autor do post.

Os dois desenvolvem uma amizade (com muita paquera), sem realmente se conhecerem… até que Simon dá uma bobeada e deixa o computador da biblioteca da escola logada em sua conta de e-mail. Quem descobre o segredo é Martin (Logan Miller) que resolve usar o que sabe para conseguir uma ajuda de Simon para conquistar a garota de seus sonhos.

Simon então, dividido entre ceder à chantagem ou se assumir, tem medo mesmo é que, caso os e-mails venham a público, Blue desapareça sem que ele possa realmente conhecê-lo.

Com Amor, Simon é uma doce comédia romântica adolescente comum e essa é sua principal qualidade: com um elenco gracioso e que trabalha muito bem, boa trilha sonora, tem o charme dos clássicos dos anos 80 e ao mesmo tempo é moderna. O ritmo é rápido, mas nunca confuso. Nada sobra, nada falta e, com isso, você não percebe o tempo passando e quando vê, já está batendo palmas e dando pulinhos na cadeira quando algo dá certo.

Outra coisa que me fez um bem danado ao assistir ao filme, como mãe, foi o fato de que o mundo mostrado aqui está não somente longe do preto e branco (as pessoas não são perfeitas, é isso), como ainda os adultos não são vilões nem palhaços, algo comum quando o foco são os adolescentes. Ainda que um dos personagens adultos sirva como alívio cômico (ele não existe no livro, a não ser que você considere o nome dele ser citado como existir), isso funciona.

E, de verdade, ver tanta naturalidade na tela ao lidar com as dúvidas de adolescência, com erros e perdões, com o “diferente”, me diz que talvez tenhamos caminhado pelo menos um pouquinho em melhorar o mundo.

Ah, para os apaixonados pelo livro: a adaptação ficou muito boa. Uma mudança aqui, outra ali (sim, rolam umas duas desnecessárias), mas no final a mensagem principal do filme e o Simon são os que amamos nas páginas.

 

Com Amor, Simon (Love, Simon) – EUA, 2018
Direção: Greg Berlanti
Roteiro: Isaac Aptaker, Elizabeth Berger
Elenco: Nick Robinson, Bryson Pitts, Nye Reynolds, Josh Duhamel, Jennifer Garner, Katherine Langford, Alexandra Shipp, Jorge Lendeborg Jr., Keiynan Lonsdale, Miles Heizer, Logan Miller, Thalita Bateman, Skye Mowbray, Tony Hale, Natasha Rothwell, Drew Starkey, Joey Pollari, Mackenzie Lintz

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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