Cinema: 15h17: Trem Para Paris

No início da noite de 21 de agosto de 2015 um ataque terrorista ao trem n° 9364 da Thalys, trajeto Amsterdã – Paris, foi impedido por três jovens americanos que faziam um “mochilão” pela Europa: o soldado Alek Skarlatos, o piloto da força aérea Spencer Stone e seu amigo de infância Anthony Sadler.

Em tempos em que o terrorismo se tornou a terceira grande guerra, um acontecimento como esse não passou despercebido, sendo noticiado ao redor do mundo, com os três rapazes recebendo medalhas por seus atos e, agora, chegando a grande tela em um filme dirigido por ninguém menos que Clint Eastwood.

A ousadia maior de Eastwood foi colocar os rapazes interpretando a si próprios em um filme que acompanha a vida dos três protagonistas (heróis?) das dificuldades da infância, passando pelas decisões quanto ao que fazer de suas vidas, até a série de eventos improváveis que culminaram com o ataque – cuja reencenação garante minutos de grande tensão para a audiência – intercalando com cenas do homem  que tentaria matar quinhentas pessoas naquele trem.

Mas a ousadia acaba por aí. 15h17: Trem Para Paris é uma grande propaganda americana. Para ser mais exata uma propaganda WASP – White Anglo-Saxon Protestant (Brancos Saxões e Protestantes). A sigla é usada para classificar o grupo mais tradicionalista entre os americanos, descendentes diretos dos primeiros britânicos colonizadores, defensores do direito ao porte de armas e que encontra no presidente Trump a representação mais radical.

Se em nenhum momento é feita abertamente uma apologia deste “modo de vida”, a escolha de Eastwood de mostrar a relação dos meninos com as armas ainda muito jovens e ressaltar o perfil religioso das suas famílias de origem acaba por facilitar a ligação, na mente de quem assiste, de que foi isso os que tornou heróis, ainda que não seja.

Finalmente, o filme carece de regularidade: ainda que o recortes de imagens do terrorista sejam usadas desde o início do filme, apenas ao final é que realmente ficamos tensos com relação a seus atos; como era de se esperar, a atuação dos trio principal não convence (ainda que sem a direção de Eastwood a coisa pudesse ter ficado bem pior) e o recorte das vidas destes não seja suficiente para que você crie algum tipo de vínculo (e eu nem vou falar do fato de vermos quase nada da vida de Anthony, o único que não se tornou soldado, o único que não era ligado em armas na infância e o único negro).

Talvez um documentário tivesse funcionado melhor aqui, já que reconheço a importância dos fatos relacionados a como o atentado ter sido evitado serem contados.

Além dos três estreantes, o filme conta, em seu elenco com a atriz Jenna Fischer (Passe Livre, série de TV The Office); Judy Greer (Planeta dos Macacos: A Guerra); Ray Corasani (série de TV The Long Road Home); PJ Byrne (O Lobo De Wall Street); Tony Hale (série de TV Veep); e Thomas Lennon (Transformers: A Era da Extinção). Quando crianças o trio é representado por Paul-Mikél Williams (Anthony); Bryce Gheisar (Alek); e William Jennings (Spencer).

O roteiro, baseado no livro de Anthony Sadler, Alek Skarlatos, Spencer Stone e Jeffrey E. Stern, é assinado por Dorothy Blyskal. E a produção ficou a cargo do próprio Eastwood mais Tim Moore, Kristina Rivera e Jessica Meier. O produtor executivo do filme é Bruce Berman.

Nos bastidores, a equipe criativa inclui os colaboradores frequentes de Eastwood Tom Stern, que foi cinematógrafo em 13 filmes de Eastwood; e Deborah Hopper, figurinista de Eastwood em 17 de seus filmes; o editor Blu Murray, que editou, mais recentemente, Sully – O Herói do Rio Hudson; e o compositor do filme, Christian Jacob. O veterano diretor de arte Kevin Ishioka, cujo trabalho pode ser visto em Sully – O Herói do Rio Hudson e Dunkirk, foi o desenhista de produção.

 

A Warner Bros. Pictures apresenta, em associação com a Village Roadshow Pictures, uma produção da Malpaso, 15h17: Trem para Paris. O filme chega aos cinemas brasileiros nesta quinta, 8 de março. Será distribuído mundialmente pela Warner Bros. Pictures, uma empresa da Warner Bros. Entertainment; e, em territórios selecionados, pela Village Roadshow Pictures.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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