Bates Motel: Visiting Hours (5×09)

Visiting Hours começa com uma cena que merecia prêmios sozinha: enquanto Norman coloca suas digitais no sistema da polícia Freddie e Vera se alternam no papel, a mesma entonação de voz, o mesmo olhar ao mesmo tempo perdido e forte. Se ao longo desta temporada nos extasiamos ao ver Freddie atuando, a cena serve tanto para “assinar” o que sabíamos, como para pontuar que não existe mais volta: dificilmente veremos Norman novamente, provavelmente apenas quando ele estiver no momento de maior desespero ou a beira da morte, porque sua segunda personalidade não vai deixar isso acontecer.

E essa certeza ganhou até um diálogo para representá-la:

Emma: Eu poderia falar com o Norman?
Norma em Norman: Ele está dormindo em seu quarto. Tem torta de maçãs no forno. Quando ele acordar vai sentir o cheiro e saberá que está tudo bem.
Emma: Poderia dar então um recado a ele por mim? Poderia dizer a ele que estou com saudades?

O que dizer do desespero de Dylan e Emma? Da situação impossível em que o casal se encontra? Ela tendo a confirmação de que sua mãe morreu pelas mãos de Norman, ele tendo de estar ao lado de seu irmão, não por ser irmão, mas por saber que ele está doente. Eu confesso que chorei quando Madeleine o culpou pelo ocorrido: Dylan é um sobrevivente e, na maior parte das vezes, sobreviventes não conseguem estender a mão porque estão usando as duas mãos para se agarrar a vida.

Emma poderia ter entendido isso melhor que Madeleine, que nada sabe sobre o inferno que ele passou e o quanto ele lutou para que Norman fosse internado, quem sabe entenda melhor agora que olhou nos olhos de seu velho amigos e viu que ele não estava lá. Ainda assim, sua partida da cidade me dá certo alívio: pelo menos ela e o bebê escaparam – até porque eu fiquei morrendo de medo do Alex entrar na delegacia enquanto ela ainda estava lá.

Poderia dividir o episódio em duas partes: do sofrimento e perda, por Madeleine, por Emma, por Dylan e por Norman; e do ódio, por Alex e a forma como ele entrou naquela delegacia e estava disposto a matar Norman. Será que ele ainda o fará? Eu não esperava que ele recuasse e, agora que o fez, não sei se ele terá coragem de terminar o que começou.

Além disso, o encontro de Alex e Norman representa o encontro de duas pessoas agora dominadas pela loucura.

P.S. Querida Madeleine, seu marido te enganava a anos e você não sabia, não é mesmo? Tola.

P.S. do P.S. Confesso certa tristeza pelo rumo que a história de Romero tomou. Tento entender o que o segurou na cadeia por dois anos e de repente estourou nesse desejo de vingança imediata, tento entender porque ele fez a loucura que fez na cadeia, tento entender porque ele não leu as anotações de Chick. Sei que Romero aqui está funcionando como meio, não acredito que veremos Norman na cadeia, mas eu confesso um vazio decorrente do esvaziamento de um personagem que eu gostava de mais.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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