Sim, você precisa ver Dunkirk

Respire.

Esse é o meu principal conselho para você quando as luzes da sala de cinema se apagarem. E você deve assistir Dunkirk no cinema, preferencialmente em uma sala IMAX, a mais adequada para a imersão no desespero de quatrocentos mil homens que o filme é.

Dunkirk não é um episódio muito falado da Segunda Guerra Mundial – foi abordado por um filme menor e por um livro, do qual Christopher Nolan partiu para sua adaptação.

E o motivo é porque ele é um episódio de derrota: após uma malsucedida tentativa de impedir os alemães de avançarem pela França, foi preciso a retirada do exército inglês do território através da praia de Dunkirk, norte do país, de forma emergencial. 400.000 mil homens tomaram a praia no final do inverno de 1940. A ambição inglesa era conseguir retirar 40.000 deles com vida.

Ainda assim, usando uma frase de Churchill para o episódio, este é um caso em que “existe vitória na derrota”: após uma operação que envolveu o uso de pequenos barcos civis, mais de 330.000 soldados foram resgatados com vida e voltaram para casa.

Casa é o termo usado ao longo de todo o filme para se referir à Inglaterra, e a escolha de Nolan não foi à toa: é isso que faz com que o sentimento de desespero daqueles soldados se torne palpável para pessoas de qualquer país.

Nolan também acertou em outras escolhas pessoais: nada do uso de CGI para os destroieres na sequência de batalha no mar para este filme, foram usados navios de verdade; para os soldados e veículos militares que tomavam a areia a distância, o uso de peças de papelão criava a ilusão do imenso exército; 62 barcos foram usados nas cenas de resgate; 1.500 atores inexperientes foram escolhidos para interpretar os meninos de 17, 18, anos que formavam a massa de soldados que não conseguia entender a imensidão do que acontecia a sua volta.

O filme, de menos de duas horas, usa três linhas temporais diferentes, que se encontram perto do final: na areia, uma semana separa a chegada dos soldados à praia e o momento do resgate; do outro lado do Canal da Mancha, um dia separa os barcos civis e Dunkirk; no ar, uma hora antes do horário estimado, spitfires ingleses seguem para dar cobertura a operação – e sim, foi utilizado um sptifire original nas cenas.

Em um filme em que não vemos o rosto de qualquer alemão, nunca o terror que o exército nazista representava ficou tão claro.

Além das cenas belíssimas e detalhadas – filmadas com uma combinação de câmeras 15/70mm IMAX  e Super Panavision 65mm –, a trilha sonora de Hans Zimmer desempenha importante papel, ainda que não seja da música que você lembrará quando finalmente conseguir levantar da cadeira: o tic-tac em diferentes velocidades e volumes entra na sua cabeça, aumentando a aflição, já enorme pelas inúmeras tentativas frustradas de soldados de se salvarem.

E o tic-tac é o do relógio de bolso de Nolan, gravado por Zimmer quando eles ainda discutiam o projeto.

Dunkirk é um grandioso filme de guerra que não é um filme de guerra. Em verdade ele me lembrou porque eu me tornei uma verdadeira apaixonada pelo assunto: são nos tempos difíceis que a solidariedade humana e a luta pelo certo são o mais importante.

Dunkirk é um grandioso filme de guerra que funciona por seus pequenos detalhes: a voz de Michael Caine no rádio da Royal Air Force, a medida de combustível escrita tremida no painel de um spitfire, o soldado juntando folhetos de guerra para ir ao banheiro, o sorriso dos personagens de Kenneth Branagh e Michael Fox quando algo finalmente dá certo.

Dunkirk é o grandioso filme de guerra que não era feito há muito tempo e merece todos os elogios que tem recebido.

Ainda no elenco: Fionn Whitehead, Aneurin Barnard, Mark Rylance, Tom Glynn-Carney, Tom Hardy, Jack Lowden, Cillian Murphy e Harry Styles – sim, o rapaz do One Direction e ele se sai muito bem.

Nolan dirigiu Dunkirk a partir de roteiro original próprio, utilizando uma combinação de tecnologia IMAX® e filme 65mm para levar a história às telas.  O longa foi produzido por Emma Thomas e Nolan e teve Jake Myers como produtor executivo.

A equipe criativa nos bastidores de Dunkirk incluiu o diretor de fotografia Hoyte van Hoytema, o designer de produção Nathan Crowley, o editor Lee Smith, o figurinista Jeffrey Kurland, o supervisor de efeitos visuais Andrew Jackson e o supervisor de efeitos especiais Scott Fisher. A música foi composta por Hans Zimmer.

Dunkirk foi filmado em locações na França, Holanda, Reino Unido e Los Angeles.

Warner Bros. Pictures apresenta Dunkirk, uma produção da Syncopy Production e direção de Christopher Nolan. Com estreia marcada para 27 de julho no Brasil nos formatos 2D e IMAX pela Warner Bros. Pictures, uma empresa da Warner Bros. Entertainment.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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