Colossal: todo mundo tem um monstro dentro de si?

Confesso, quando eu entrei na sala de exibição que a Paris Filmes mantém em São Paulo para assistir Colossal (sozinha, num dia frio e chuvoso e de trânsito impossível na cidade), eu não tinha nem ao menos lido a sinopse enviada pela assessoria de imprensa. Era um filme com a Anne Hathaway e um filme “independente”, motivos o bastante para eu querer ver.

Se você confia no meu julgamento e quer aproveitar plenamente a surpresa que este roteiro carrega, deixe este texto, vá ao cinema – ele estreia neste dia 15 de Junho – e depois venha aqui me contar o quanto gostou. Caso contrário, continue lendo após a imagem e vá ao cinema em seguida.

 

Anne Hathaway é Gloria, uma representante legítima dos “novos tempos”: trinta e poucos anos, desempregada há um bom tempo, sem perspectiva alguma, passando noites bebendo com amigos, levando um fora do namorado (Dan Stevens), o que significa que também sem lugar para morar. Lhe resta somente voltar para a pequena cidade natal, se alojar na casa vazia de seus pais que, graças a crise financeira geral, nunca foi alugada. A falta de móveis é um detalhe.

Gloria não chora, Gloria não tem raiva, ela não se sente culpada pelo que está passando, nem culpa ninguém, ela não bate portas, grita ou desabafa. De alguma forma ela está anestesiada e nem isso percebe.

Voltar à cidade natal não é um recomeço, ela apenas sobrevive. Reencontra um velho amigo, arruma um emprego de garçonete em um bar e, bem, continua bebendo, trocando o dia pela noite e, acordando com aquela ressaca, descobre que Seul está sendo destruída por um monstro gigante que coça a cabeça.

Que coça a cabeça da mesma forma que ela.

Gloria tem, então, um novo motivo para viver: entender a ligação entre ela e esse monstro colossal. E, se for possível, evitar que ele destrua mais alguma coisa.

O roteiro inteligentemente brinca com fantasia e verdade, diria que poeticamente ele nos lembra de que é importante viver e não apenas passar pela vida. Que algumas vezes, ainda que a gente finja que algo é pequeno demais para nos incomodar, tudo o que sentimos realmente importa.

E ele dá uma oportunidade perfeita para Anne Hathaway fazer o que faz de melhor: ser a garota comum com a qual podemos nos identificar e, ainda que muitos vejam o cinema apenas como uma forma deliciosa de passar o tempo, nos fazer acreditar mais em nós mesmos.

Sinopse

Glória (Anne Hathaway) é uma mulher comum que depois de perder o emprego e terminar o seu relacionamento é forçada a deixar sua vida em Nova York e voltar para sua cidade natal. Quando surgem relatos noticiosos de que uma criatura gigante está destruindo Seul, na Coréia, Glória gradualmente percebe que possui uma ligação com esse fenômeno. Na medida em que os acontecimentos na Coréia saem do controle, Glória percebe a razão pela qual sua existência aparentemente insignificante tem um efeito colossal e impactará o destino do mundo.

Ficha técnica

Direção e Roteiros de Nacho Vigalondo

Elenco: Anne Hathaway, Jason Sudeikis, Austin Stowell, Tim Blake Nelson, Dan Stevens

 

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

Deixe uma resposta