Docto Who: Extremis, The Pyramid at the End of the World e The Lie of the Land (10×06, 10×07 e 10×08)

Dessa vez eu não me enrolei, simplesmente deixei para falar dos três episódios ao mesmo tempo, tendo assim uma história com começo, meio e fim. E que história! O tanto que eu reclamei dos roteiros na nona temporada já foi plenamente esquecido, deixado para trás.

A história tem início em Extremis, com direito ao Papa visitando o Doutor na busca de ajuda na tradução de um texto de milhares de anos. o problema é que todos que traduziram este texto até hoje acabaram optando pela morte, um indicativo de que, como dizem, a ignorância pode ser uma benção.

Mas a visita do Papa não foi o momento que mais mexeu com os fãs, mas a confirmação de quem habita o cofre, a explicação de como Nardole voltou para a vida do Doutor, a lembrança querida de River Song e a viagem de sabermos que tudo que vimos no episódio, na verdade, foi apenas um jogo virtual permitindo a monges extraterrestres conhecer as reações de nosso povo.

Já sabíamos que Missy estava no cofre, o que não sabíamos é que ela tinha se metido em alguma confusão que resultou em sua condenação à morte. Ato que nosso Doutor pareceu disposto a cumprir como seu , não fosse a intervenção de Nardoli com o diário de River, como se ele se tornasse o grilo falante do Senhor dos Tempos.

Outro destaque do episódio, claro, é a forma como o Doutor continua escondendo de Bill o fato de que continua cego. Usando de Nardole e de um óculos especial que lhe dava informações sobre os ambientes em que estava. Além de todo o suspense por conta da cegueira, ela foi fundamental para o desfecho do episódio, já que o tal óculos pode ser usado pelo Doutor da “simulação” dos monges para o nosso Doutor de verdade.

Só que a tensão mesmo veio The Pyramid at the End of the World: os monges deixam claro que algo ameaça a raça humana e se oferecem como os salvadores do planeta, o Doutor sabe que o preço dessa oferta não será barato e tenta ser mais rápido que eles em descobrir a ameaça e saná-la e os líderes mundiais batem a cabeça em desespero.

Eu fiquei pensando que apenas o Doutor pudesse assumir o compromisso pela raça humana, já que ele estava investido do cargo de presidente do planeta, mas a coisa era mais aberta e acabamos vendo uma Bill sem desespero (mas sem segundas intenções) entregando o futuro do planeta para salvar o companheiro.

Não sei vocês, mas eu fiquei BEM tensa na hora em que vi o Doutor cego preso. A sacada de obrigá-lo a digitar a tal sequência de números e só aí o fato dele estar cego fazer diferença garantiu que eu escalasse o sofá – na verdade essa questão da tensão funcionou muito bem no episódio todo, eu via a dupla de cientistas trabalhando e ficava imaginando que porcaria eles ia fazer.

Ah, e assim como o Doutor eu fiquei apaixonada pela Erica! Mais uma daquelas participações que me fazem pensar em “vamos aproveitar como companheira!”.

E se foi Bill que nos entregou nas mãos dos monges, nada melhor do que ela nos salvar, não é verdade? É isso The Lie of the Land nos trouxe e eu achei muito bonito quando o Doutor disse que é porque existem pessoas como ela (como Rose, como Donna, como Martha, como Amy) que ele continua voltando para nós.

Porque se temos alguns milhões que com certeza tomam decisões pelos motivos errados, temos os que fazem com que a gente se orgulhe da humanidade.

Mais que isso, o roteiro amarrou pontas de forma muito eficiente. Se a presença de Missy no cofre era necessária para que o Doutor e Bill encontrassem um caminho para a salvação – o caminho que a gente sabia que ele não tomaria -, a falta que Bill sente de sua mãe, colocada desde o primeiro episódio, foi fundamental para que eles derrotassem os monges no próprio jogo.

Claro que antes nós vivenciamos a confusão de ver o Doutor propagando o discurso dos monges, depois vê-lo entregando Bill a estes, ver Bill atirando nele e só então tendo certeza de que tudo era parte de um plano maior. Ufa.

Além disso, ele abordou a questão de acreditarmos nas coisas simplesmente para tornar nossa vida mais fácil – não à toa o estado de sítio que toma Londres poderia ser comparado com o início da subida do nazismo na Alemanha, por exemplo. O mundo distópico do domínio dos monges na verdade não difere daquele encontrado em outras obras no principal ponto: não é difícil acreditar que ele se torne realidade, mesmo que estejamos em pleno século vinte e um e principalmente pela importância que a mídia ganhou.

E ainda deixou uma questão interessante quando Missy confronta o Doutor: “Sua versão de bondade não é absoluta. Ela é vã, arrogante e sentimental. E se você está esperando que eu me torne tudo isso, eu ainda ficarei por um bom tempo aqui.”

Se o Doutor é a bondade e o mestre sempre representou o outro lado, será que um meio termo bastaria ao Doutor?

P.S. Devorei Vitoria no GNTPlay nesta semana – devorei mesmo, apenas dois dias) e amei. E foi a comprovação de que meu problema era mesmo a Clara e não a Jenna, que está linda no papel da rainha.

P.S. do P.S. Nardole revelando seu lado badass em Extremis: não tem preço!

P.S. do P.S. do P.S. Não, você não está louco, a “imagem do papa” na biblioteca era de uma mulher. Existem especulação que na Idade Média tivesse existido uma papa mulher, o que é negado veementemente pela igreja.

P.S. do P.S. do P.S. do P.S. Confesso que eu ri: a única parte humana do Nardole são os pulmões. A parte mais barata também e fundamental para que Bill tivesse que salvar o Doutor.

P.S. do P.S. do P.S. do P.S. do P.S. E saber que Doctor Who pode estar garantida até a temporada 15 não é a melhor notícia? Calma, nada oficial, mas é que a China acabou por comprar os direitos de exibição não somente das temporadas de 1 a 10, como da 11ª já confirmada pela BBC e também a opção pelos direitos das temporadas de 12 a 15. E aqui entre nós é um mercado nada desprezível, não é verdade? A notícia está aqui.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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