Cinema: O Dia do Atentado reconstrói episódio marcante da história americana de forma acertada

Fanfare for the Common Man (Fanfarra para o homem comum)

Um pouco de história: na tarde de 15 de abril de 2013, duas bombas foram detonadas na Rua Boylston, perto da Praça Copley, durante a maratona de Boston, a terceira maior dos EUA, que atrai anualmente dezenas de milhares de pessoas. Dias depois, a investigação chegou ao nome de dois suspeitos, irmãos muçulmanos nascidos na Chechênia, que viviam em território norte-americano havia dez anos na ocasião do ataque.

O primeiro suspeito, Tamerlan Tsarnaev, foi morto em ação da polícia, em 19 de abril, em um subúrbio de Boston. No dia seguinte, seu irmão, Dzhokhar, que estudava na Universidade de Dartmounth de Massachusetts, foi preso pelos agentes federais.

É esta a história que o filme O Dia do Atentado procura retratar. Um filme que presta uma homenagem à cidade e ao seu espírito de comunitário, enaltecendo o trabalho das polícias locais e federais. Em outras palavras, é um filme que verte patriotismo por todos os lados.

A sinopse já revela a que o longa se propõe: “Após os atentados terroristas à Maratona de Boston em 2013, um grupo formado pelo Sargento da Polícia Tommy Saunders (Mark Wahlberg), o Agente Especial Richard Deslauries (Kevin Bacon), o Comissário da Polícia Ed Davis (John Goodman), o Sargento Jeffrey Pugliese (J.K. Simmons) e a enfermeira Carol Saunders (Michelle Monaghan) se une aos bravos sobreviventes para identificar e capturar os responsáveis pelo ataque terrorista antes que eles possam fazer novas vítimas.”

Linear e previsível? Sem dúvida nenhuma.

Mas devemos reconhecer que o diretor do filme, Peter Berg, acerta ao reconstruir esse episódio de forma inteligente  e muito bem amarrada: vemos os diferentes personagens, em diferentes situações, vivendo suas rotinas diárias e como suas vidas foram afetadas pelos fatos ocorridos durante e após a maratona.

O ritmo é quase o de um documentário. O ambiente realista que se cria e se torna mais palpável devido ao trabalho da montagem que alterna entre as imagens filmadas e os arquivos de filmagens reais de moradores e da televisão e repórteres nos locais. Apesar de já conhecermos a história, o diretor consegue manter o clima de suspense, até o desenlace final da trama.

É interessante notar que neste filme o ator Mark Walberg interpreta novamente o típico “herói anônimo americano”, já vivido por ele nos filmes O Grande Herói, de 2013, Horizonte Profundo – Desastre no Golfo de 2016 e O Atirador de 2007. O mocinho que faz atos heróicos, ajuda a comunidade e salva o país do desastre sem esperar reconhecimento ou algo em troca por suas atitudes. Seria a tentativa de criar uma marca registrada?

Enfim, O Dia do Atentado não é um blackbuster, mas entretém e consegue ser extremamente eficiente na homenagem que se pretende.

Escrito por Carlos Miletic

Apaixonado por literatura e cinema, não resiste a um filme de terror, muito menos a um livro de mistério. John Wick é seu modelo e Stephen King o seu pastor.

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