Cinema: Paixão Obsessiva (fujam para as colinas)

Um filme não precisa ter uma pretensão, mas eu me pergunto: por que alguém contaria uma mesma história novamente se não for para oferecer algo novo, certo?

Bem, o próprio nome em português do filme que chega hoje aos cinemas brasileiros já se constitui em um spoiler: Paixão Obsessiva é exatamente o que você encontrará pela frente.

O filme  conta a estória de Tessa (interpretada por Katherine Heigl), David Igeoff Stults) e Julia (Rosario Dawson).

Tessa tenta lidar com o fim de seu casamento, enquanto seu ex-marido David (Geoff Stults) já começa uma nova fase de sua vida, casando-se com Julia (Rosario Dawson). O novo casal irá viver na casa que antes Tessa compartilhava com o marido e Julia passará a conviver com filha Lilly (Isabella Rice), filha do primeiro casamento.

Julia tenta se adaptar a sua nova situação de esposa e madrasta, acreditando finalmente ter encontrado o príncipe encantado de seus sonhos depois de um passado conturbado que quer esquecer.

O problema é que, como o nome do filme indica, o sentimento de Tessa atingem a obsessão e ela infernizará a vida de Julia de todas as formas que puder

Você já deve ter visto isto em algum lugar antes, não é mesmo? Então se você acha que vai encontrar algo diferente, desista enquanto há tempo.

Paixão Obsessiva é o primeiro filme dirigido pela veterana produtora Denise Di Novi (Amor a toda prova e Golpe Duplo). Contudo, nem sua falta de experiência serve de desculpa para a sucessão de erros contida no longa: falta ritmo, tudo é óbvio e previsível, o que é fatal para um filme de suspense.

Pior: durante os longos 100 minutos pelos quais o filme se arrasta há a clara tentativa de manipulação de sensações e sentimentos. A trilha sonora tenta avisar ou alertar (melhor seria dizer gritar) o que deve ser sentido no momento seguinte, tirando o pouco de surpresa que ainda poderíamos encontrar.

Aliado a isso há o roteiro horrível e mal desenvolvido de Christina Hodson e David Johnson cheio de problemas estruturais e com diálogos simplesmente inverossímeis. Aquilo que deveria ser o clímax do filme é repleto de exageros, absurdos e situações forçadas. Até aquele “susto” que você deveria levar quando acha que está tudo resolvido é previsível.

Mas é a direção que merece um destaque à parte: os atores estão completamente engessados e parecem ter uma dificuldade enorme de representar. A Tessa de Katherine Heigl mais se parece com uma boneca Barbie psicótica (a expressão não é minha, é usada no próprio filme): Loira, sem vida, sem sal, sem expressão, sempre de olhos arregalados e sem piscar, ou seja, completamente inexpressiva. Para quem assistiu Toy Story, e apenas para servir de contraponto, a boneca Barbie do desenho dá um show de interpretação. Já a Julia de Rosario Dawson parece estar chupando infelicidade pelo canudinho durante quase todo o filme.

Convenhamos: a gente já não espera grandes coisas de um filme estrelado por Katherine Heigl e Rosario Dawson e o resultado não poderia ser outro. Aquilo que deveria causar tensão na plateia, acaba causando risos.

Esta é uma daquelas bombas (em qualquer sentido) em que seria mais coerente se tivessem apenas traduzido o nome original do filme: Inesquecível (Unforgettable). Eu estou até agora tentando esquecer que vi este filme, fuja enquanto é tempo.

O elenco principal ainda conta com a estrela do cinema e televisão Cheryl Ladd, como a mãe de Tessa, Helen; Sarah Burns (Big Little Lies) como Sarah; Whitney Cummings (Padrinhos Ltda.) como a melhor amiga de Julia, Ali; Simon Kassianides (Agents of S.H.I.E.L.D.) como Michael Vargas; a jovem atriz Isabella Kai Rice (True Blood) como Lily, e Robert Ray Wisdom (Ballers) como o Detetive Pope.

O filme é produzido por Di Novi, Alison Greenspan (Se Eu Ficar) e Ravi Mehta (Ajuste de Contas), com produção executiva de Lynn Harris e roteiro de Christina Hodson.

A equipe de criação nos bastidores foi incluiu o diretor de fotografia várias vezes indicado ao Oscar Caleb Deschanel (Os Eleitos e Um Homem Fora de Série), o desenhista de produção Nelson Coates (O Voo), o editor Frédéric Thoraval (Busca Implacável) e a figurinista Marian Toy (Ballers). A trilha sonora foi composta por Toby Chu.

 

Escrito por Carlos Miletic

Apaixonado por literatura e cinema, não resiste a um filme de terror, muito menos a um livro de mistério. John Wick é seu modelo e Stephen King o seu pastor.

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