Westworld: The Original (1×01)

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O que é mais fascinante: interagir com máquinas tão perfeitas que nos fazem esquecer que não são humanas ou a chance de fazer coisas que seriam consideradas ilegais ou imorais sem ser julgado por isso? Pois o parque criado por cientistas e chamado Westworld oferece as duas coisas ao seu público com reconhecido sucesso por 30 anos.

The Original não perde tempo em nos contar como o parque foi criado ou como as pessoas se preparam para seus períodos neste mundo de fantasia – o que gastou vários minutos do filme The Westworld de 1973 em que a série foi inspirada – e por alguns minutos nós chegamos a confundir alguns dos androides, ou anfitriões, como são chamados, com pessoas reais.

westworld-the-original-robert-ford-anthony-hopkinsIsso é possível as constantes atualizações realizadas pelo doutor Robert Ford (Anthony Hopkins), idealizador do “parque” e ainda a pessoa que mais conhece os programas que permitem que os anfitriões recebem.

Em sua última intervenção ele permitiu que estes acessassem pequenas memórias de suas atuações anteriores – as memórias são apagadas ao final de todos os dias, permitindo que eles sigam suas “vidas” sem se lembrar de hóspedes que possam ter sido desagradáveis de alguma maneira e por desagradável você pode entender  estupro, violência e morte.

Só que, ao que parece pelo que vimos neste episódio, esta última atualização trouxe outros problemas e alguns dos anfitriões começam a agir de forma diferente da a qual foram programados.

Estranhamente vemos um deles fazendo algo muito próximo do pensar humano. Ele começa a questionar algo que ele nem ao menos sabe o que é e precisa ser retirado de circulação, passando a habitar um arrepiante porão onde outros robôs desativados também vivem.

Entre eles uma versão antiga de Búfalo Bill com a qual o doutor Ford vez ou outra conversa.

O androide desativado era o pai de Dolores Abernathy (Evan Rachel Wood tão linda que não parece “gente de verdade” mesmo), a mais antiga anfitriã e, ao que parece, uma das preferidas de Ford. Uma garota que enxerga a beleza na natureza e segue sua vida sem lembrar o horror de ver seu pai morto e de ser violentada em um celeiro, que se repetiu mais de uma vez.

Outros androides também apresentaram problemas – ver um deles com buracos de bala bebendo leite e este leite vazando foi das coisas mais estranhas num episódio cheio de coisas estranhas -, mas acredita-se que possam voltar ao normal com a retirada da atualização e eles voltarão ao trabalho depois da manutenção.

Se isso é verdade é apenas um dos segredos da série, ao que parece.

Uma conversa entre Theresa Cullen e Ashley Stubbs, ela a manda-chuva do parque, ele o chefe da segurança, nos insinua que existe o interesse do criador do parque e de seus visitantes, mas não somente isso guia o que é feito lá dentro. A diretoria poderia usar o parque como parte de algum outro experimento?

Além disso, temos o homem de negro interpretado por Ed Harris. Inicialmente ele nos parece apenas um cruel visitante – é ele que mata o pai de Dolores e a violenta em seguida -, mas seus atos nos fazem desconfiar que ele busca algum tipo de resposta ou explicação e que para isso está disposto até mesmo a eliminar anfitriões até que um deles lhe diga o que ele quer saber.

Eu diria que um lugar administrado por pessoas cuja moral é tão dúbia que eles não ligam para ver uma garota sendo violentada – ainda que ela seja um androide, ela é tão humana que me parece impossível que ao assistir isso a pessoa não ache que é errado – tem tudo para se tornar um inferno na terra.

Talvez a ideia inicial seria questionar quando à tecnologia irá longe demais, mas a verdade é que a maldade humana é com o que devemos nos preocupar. Ford fala disso por um momento para Bernard, seu assistente, quando fala de uma sociedade que erradicou a doença e que não teria mais para onde evoluir. Seria o resultado disso o contrário? Voltarmos a agir como animais? Porque me parece muito provável que este tipo de ação deixe os limites do parque.

P.S. Se a central de comando tudo vê, tudo sabe, como eles não sabem o que o homem de preto está fazendo? Ou melhor, ninguém achou estranho o que ele está fazendo?

P.S. do P.S. O personagem de Rodrigo Santoro, o pistoleiro, no filme foi vivido por Yul Brynner e ele se torna bem assustador quando as coisas saem do controle.

P.S. do P.S. do P.S. Quem mais acha que o Michael Crichton tem algum trauma de infância relacionado a parques de diversão? Westworld, Jurassic Park… Vejo um padrão.

P.S. do P.S. do P.S. do P.S. Esta é a segunda adaptação do filme, a primeira ganhou o nome de Beyond Westworld, estreou em 1980 e teve apenas cinco episódios.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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