Cinema: Como eu era antes de você

como eu era antes de você posterComo eu era antes de você tem o mérito de ser um livro que nos faz chorar muito, afinal retrata como a vida nem sem é justa, mas não apela para o dramalhão desnecessário, ele não é piegas. Sua riqueza mora em seus personagens, ao mesmo tempo próximos como amigos que crescem conosco e tão diferentes de tudo que já vimos.

Jojo Moyes, na verdade, é uma excelente criadora de personagens e o livro foi responsável pela explosão de fãs para todos os seus livros – diria eu que ela tem uma legião deles, bastante fiéis – que comemoraram a notícia de sua adaptação para o cinema.

Por conta disso, tal adaptação era recheada de desafios: como retratar na tela estes personagens tão queridos? Quais tramas paralelas incluir e quais deixar de lado ao transformá-lo em uma história de duas horas de duração?

Como levar para a tela o encanto que sentimos ao ler e imaginar aqueles personagens?

Pois a missão foi cumprida com sucesso: Emilia Clarke é a Louisa de nossos sonhos e Sam Clafin consegue transmitir a frustração de ter de aceitar uma vida cortada pela metade – ambos bem diferentes dos papéis que os levaram ao estrelado, ela como a mãe de dragões em Game Of Thrones, ele como um dos parceiros de Katniss a partir do segundo filme da saga Jogos Vorazes.

Para quem não leu o livro é importante lembrar que esta não é mais uma comédia romântica: Como eu era antes de vocês nos traz a história de Louisa, uma garota de uma pequena cidade inglesa que, precisando ajudar seus pais, aceita o trabalho de acompanhante para Will Traynor, filho de um rico casal que tinha uma vida de sonhos em Londres até ser atropelado por uma moto e ficar tetraplégico.

A escolha de uma ex-garçonete com zero experiência em cuidados por parte da mãe de Will nos parece estranha a princípio, até que ela pede a Louisa que ela seja mais como uma amiga dele do que uma pessoa paga para acompanhá-lo.

Will e Louisa não poderiam ser mais opostos: ela tem um gosto bastante excêntrico para roupas, Will é elegante mesmo dormindo de pijamas cinzas; ela sorri com os olhos todo o tempo, mesmo quando está triste existe uma luz ali, Will mantém uma sombra no olhar mesmo nos menores momentos.

E, sem sombra de dúvida, este é um dos maiores méritos do filme: Emilia está tão perfeita no papel que eu simplesmente não consigo imaginar qualquer outra atriz interpretando a personagem! E Will? Bem, me confesso bastante satisfeita com a forma como Sam o retratou.

Claro, aos leitores do livro poderão faltar detalhes que não deveriam faltar, as tramas paralelas foram em sua maioria deixadas de lado para o foco no casal de personagens, mas eu não acho que nada realmente importante tenha ficado de fora – talvez mais sobre o passado de Louisa, que ela contou a Will no castelo, do que qualquer outra coisa.

como eu era antes de você meia calça abelha no filme

O importante é que a meia de abelha está lá!!! Mais que isso: todo o extravagante guarda-roupa dela está lá e eu sorria a cada nova roupa. Fosse o vestido vermelho que usa na imagem oficial do filme, fossem seus sapatos coloridos e estampados.

Além de Emília e Sam ainda traz outros nomes conhecidos do público: Matthew Lewis, o Neville de Harry Potter, interpreta Patrick, namorado de Louisa; Brendan Coyle de Downton Abbey, o pai da personagem; Jenna Coleman de Doctor Who sua irmã, e Charles Dance, de Game Of Thrones, o pai de Will.

 trilha sonora e a fotografia são outras qualidades que precisam ser citadas quando falamos do filme: as músicas embalam perfeitamente a história de descobrimento dos dois personagens e a Inglaterra que vemos é de deixar qualquer um apaixonado.

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Para quem leu o livro e não se importa com os spoilers: como eu disse mais a cima o episódio de Louisa com os rapazes em sua juventude é omitido, bem como o caso do pai de Will com outra mulher. Ao ser questionada quanto a isso, já que se envolveu no roteiro, Jojo explicou que algumas coisas até chegaram a ser filmadas só que exigiriam de mais tempo de explicação do que o disponível sem prejudicar a narrativa do que o casal passou. A irmã de Will ficou de fora também.

A relação de Louisa e Patrick também é simplificada, mas Matthew foi muito feliz em retratar o arrogante noivo de Louisa e sua inconformação com o fato de que ela escolhia ficar qual Will ao invés de correr, literalmente, atrás dele.

O filme também gerou uma nova onda de protestos, assim como na época em que o livro estourou, por conta dois críticos a decisão de Will em relação a sua vida. O assunto não é simples, mas precisamos lembrar, como sempre, de ter empatia pelo outro, ou seja, tentar entender suas decisões ao invés de achar que algo retratado no comentário de alguém, ou num livro, ou num filme, é um ataque a suas próprias escolhas.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

2 Comentários


  1. Estou ansiosa pelo filme! Li o livro várias vezes, conversei com amigas cadeirantes sobre o assunto e acho que vai render boas discussões!

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