Ao que parece, Entropy não marcou somente o final da complicada trama do grupo de assassinos que estavam atrás de Garcia, mas também funcionou como um divisor de águas nos episódios da temporada: sai a dificuldade de descobrir o assassino, o que deixa um tempo maior para a atuação de quem o interpretar.
Isso aconteceu nos três episódios após Entropy e ganhou ainda mais em The Bond e neste, Hostage.
Não que os anteriores não tenham sido ótimos episódios, mas a mudança traz um novo ar para esta segunda fase da temporada, muito bem vindo.
E Hostage traz mais que isso: além de tempo para Daniel Roebuck desenvolver seu Mike, um homem que sequestrou pelo menos três garotas e as manteve presas em um porão fazendo com que estas assumissem os nomes que ele escolhia, lhe chamassem de pai e permitisse que ele abusasse delas, o episódio deu tempo para a construção das duas figuras centrais de sua trama, a menina Gina, que foge do cativeiro e conta das duas outras que estão presas, e Violet, a menina que está há tanto tempo presa que assumiu uma nova personalidade e aceita sua realidade como a única possível.
Mike, como em muitos casos de abusadores, foi abusado por seu pai, mas é sua frieza que nos causa arrepios na espinha. Ele manipulou durante anos não apenas as meninas cativas, mas as pessoas a sua volta e é visto como um cara normal, daqueles para quem você não olha uma segunda vez.
Já Gina tem uma força admirável, que foi o que não só a manteve sã, como lhe permitiu fugir.
E Amelia Rose Blaire executou uma Violet perfeita. Você vê em seus olhos a confusão quando dizem que aquela sua realidade não é verdadeira, quando colocam seu pai verdadeiro e o homem falava ser seu pai no mesmo quarto que ela. Ela apenas se acalma quando conversa com JJ e a cena é tão boa que eu mesma me senti confortada.
O caminho da personagem não será fácil daqui em diante – naquele mundo imaginário aonde continuam morando todos os personagens de que gostamos ou nos marcaram: viver em uma casa normal novamente, receber o carinho de seus pais, e entender que as duas meninas a quem ela deu a luz no tempo em que esteve presa são suas filhas e não suas irmãs.
Mike morre de um tiro dado pela terceira garota presa, morta após ficar doente, e não existe justiça nisso, nem conforto.
Um daqueles episódios que pesam no coração quando chega ao final, ao qual é impossível ficar indiferente.