Obrigação de ser feminista: sou mãe de menina

Essa história toda do “Bela, recatada e do lar” gerou textos ótimos e memes muito engraçados, mas mais de uma vez eu vi gente questionando porque tanto mimimi por causa do tal perfil machista da Veja sobre a esposa do vice-presidente.

Em um desses questionamentos a pessoa dizia: espere até que sejam mães, estarão tão ocupadas que não terão tempo de reclamar destas besteiras.

Guardo aqui comigo a certeza de que a moça é mãe de menino.

Porque ser mãe de menina te obriga a ser feminista. Você olha em volta e percebe que, ainda que não seja culpa da roupa de uma garota caso ela seja abusada por um canalha, você tem que aconselhar sua filha de 12 anos a não sair de casa de shorts caso vá usar o transporte público porque o número de babacas com que ela encontrará será enorme.

Você olha em volta e vê pais de colegas amiguinhos dela, e isso bem antes da chegada da pré-adolescência, ensinando seus filhos a serem “pegadores”, terem mais de uma “namoradinha”, a serem “machos”.

Você olha em volta e vê muitas mães preocupadas que as filhas de 10 anos se comportem como mocinhas, afinal, o que vão pensar delas se saírem pulando e correndo por aí?

Você olha em volta e vê que tem tanta coisa errada que se você puder poupar sua filha de pelo menos algumas delas, bem, você está no lucro.

Digo para minha filha, com orgulho nos olhos, que ela é perfeita, sendo moleca, não sendo dada ao esmalte e ao batom, adorando uma brincadeira de correr e sendo a melhor na queimada no time da escola.

Então, no dia em que me tornei mãe de uma menina, mesmo que eu não fosse feminista ainda, passei a ter a obrigação de ser. E de reclamar cada vez que vejo algo errado sendo propagado como “nada demais”.

Vai ter mimimi.

P.S. Publicado originalmente no Medium.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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