Grey’s Anatomy: She’s Leaving Home (11×22)

Depois de ficar tão decepcionada com a trama que conduziu a morte do Derek – sim, mortes na vida real são aleatórias, mas pessoas que acabam de escapar de morrer em um acidente de carro tendem a não ficar paradas no meio da estrada para serem acertadas por outro carro; ou ficam porque se sentem sobre humanas? não sei – eu comecei este episódio duplo respirando fundo e sem saber muito bem o que pensar.

A falta de Cristina sem sombra de dúvida me incomodou. Até a ida de Meredith para o hospital sozinha, com suas crianças, estava tudo ok. Meredith nunca foi uma pessoa de muita gente mesmo, eu não sou. Só que aí ela cai desmaiada no hospital, depois de dizer que seu marido morreu e então continua sem sua melhor amiga, sem sua pessoa.

Me corrijam se eu estiver enganada: mas eu sou capaz de ver Cristina entrando em um avião e voltando para Seattle assim que Owen ligou para ela após o desmaio.

Bom, passado esse tremendo incomodo e após assistir ao episódio, confesso que ainda me sinto estranha.

De algumas coisas eu gostei de mais: adiantar o tempo foi bom, ainda que eu não tenha gostado que ela tenha sido marcada por datas comemorativas. Na verdade adiantar o tempo era necessário, afinal não é fácil você sacar fora um dos personagens principais, marido da protagonista, e conduzir o dia a dia como se nada tivesse mudado.

A escolha de mesclar cenas de Meredith longe e do dia a dia do hospital com duas histórias de pacientes em destaque também foi boa e escolheram bem os pacientes que nos acompanhariam nesse luto – e eu chorei mais pela morte da JJ que a do Derek.

Só que teve um monte de coisa que eu definitivamente não gostei: a partida de Meredith sozinha, ela pedindo para que o Alex não lhe ligasse, a constante comparação entre ela e sua mãe.

Eu seria capaz de entender Meredith partindo? Talvez, ainda mais depois de saber que ela estava grávida. Quem sabe ela atravessar o mundo e pedir colo para Cristina. Ela repetindo o isolamento que sua mãe lhe impôs em seus filhos? Não.

Pelas lembranças de Meredith de sua relação com Derek, e essas sim foram bem escolhidas, vimos o quanto nestes 11 anos ela cresceu, ela se encontrou, ela saiu da sombra do sofrimento que Ellis tinha lhe imposto.

Se colocar em sua nova filha o nome de sua mãe é a maior prova de que tudo isso ficou para trás, tirar de Meredith o que ela conquistou nos últimos anos entre o momento em que questiona a psicóloga do hospital sobre ela estar quebrada e o momento em que ela perde o amor de sua vida foi mais uma decisão cruel e desnecessária.

Não havia paralelo possível entre a perda do amor de sua vida para Ellis e para Mer: uma fez escolhas egoístas e o perdeu e depois, egoisticamente de novo, tenta o suicídio em frente a filha pequena; a outra perdeu o amor de sua vida em um ótimo momento dos dois para a tal aleatoriedade da morte.

Assim como achei de tremendo mau gosto o paralelo entre o nascimento do bebê e a tentativa de suicídio de Ellis.

Do lado oposto, temos a ótima escolha de cenas de Meredith sozinha em sua cama, primeiro a insonia, o estranhamento e depois o descanso. Acho que minha dificuldade em en ender do que senti pelo episódio é justamente pela montanha russa que ele me proporcionou: “goste”, “não gostei, “ai, que lindo”, “odiei”,”aff, Shonda”.

Owen seguindo para a guerra novamente? Entendo. April o seguindo ainda em luto pela perda do filho? Entendo, mas não acho que tenha sido a melhor escolha narrativa.

E Amelia? Bom, eu já não assistia Private Practice quando ela entrou na série e não acompanhei todo o drama pelo qual passou, então eu realmente não sei o que pensar da forma como ela encarou a morte do irmão mais velho que foi seu mentor e amigo. Quis abraçá-la em vários momentos e fiquei feliz que Owen tenha voltado para ajudá-la porque, olha, para uma ex-viciada ele bem que segurou o tranco.

Pelo nascimento de Ellis entendemos que mais ou menos 9 meses se passaram e o final do episódio tenta de todas as formas nos mostrar que a vida é assim mesmo, finais e recomeços: uma nova paciente no setor de queimados recebe os ensinamentos da saudosa JJ; Catherine pede Richard em casamento (sério que precisavam colocar isso e o drama da Bailey com o marido nesse episódio?); Meredith volta para casa com uma nova vida nos braços.

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Mais que tudo, colocar todo o drama da perda de Derek em um episódio duplo é a tentativa de recomeçar do zero depois. Só que, num caso como esse, eu não sei se a coisa funcionará tão bem como na vida real… Até porque mesmo na vida real os recomeços não são tão redondinhos assim sempre.

 

 

 

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

1 comentário


  1. Fiqeui até o último minuto esperando pra ver a Cristina… foi um erro ela não ter aparecido. Ok, coisas de contrato, provavelmente, mas mesmo assim. Que pagassem o que a Sandra Oh pedisse, que adequassem agendas, qualquer coisa. A Cristina era essencial ali. A ausência dela deixou tudo meio falso, fora de lugar.

    Achei o paralelo entre o suicídio (tentado) e o nascimento interessante, simbólico. Sangue, vida, recomeços.

    Também fiquei mais abalada com a morte de JJ do que com a do Derek. Aliás, essa história toda foi sofrida, tenho verdadeira paúra de queimadura e nem consegui olhar as primeiras cenas. Depois fui me apegando às personagens.

    Curti a Bailey, ri muito com ela (riso nervoso, mas riso ainda assim). Sobre a Amelia… tenho mixed feelings sobre ela desde sempre.

    Sobre os flashbacks, o que mais me chamou a atenção foi como a Meredith (a atriz mesmo) ficou mais bonita com o passar dos anos.

    Amiga minha adivinhou a história da gravidez antes do episódio ir ao ar, dizendo algo “seria típico da Shonda, adicionar mais esse drama”. Eu dei um pulo quando vi que ela estava certa.

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