Livros: Sal, Leticia Wierzchowski

Sal não é leitura recomendada para quem quer começar a gostar de ler. Ou para os impacientes. Como é comum nos livros de Leticia Wierzchowski ele tem seu próprio ritmo, independentemente do que queremos dele, de como pretendemos terminá-lo. Como é comum no trabalho da Leticia é como se fosse poema em forma de prosa, então você precisa atender à vontade dele.

Meu primeiro livro da autora foi eu@teamo.com. O livro conta de como ela e o homem que viria a se tornar seu marido se conheceram pela internet e eu só o peguei da pilha na livraria, confesso, porque fiquei curiosa de ver uma história parecida com a que eu estava vivendo.

Acabei, na maior cara de pau, enviando um email para o endereço que constava no livro. O da Leticia não era mais aquele, mas o do marido sim e ele encaminhou minha mensagem para ela e então trocamos mensagens algumas vezes. Nem imaginam tamanha a minha felicidade.

Depois disso corri e li todos os livros da autora. Prata do Tempo passou a ser um dos meus livros favoritos para a vida toda, a forma como ela contava a história de uma família entre as paredes de uma casa – ou seriam as histórias daquelas paredes?

sal leticia wierzchowskiSal me lembrou bastante Prata do Tempo: ele também é sobre uma família. A família que vive em um farol e o destino que cada um dos diferentes irmãos acaba tomando para si.

Mas aqui as coisas não seguem exatamente a ordem que deveriam, entre as lembranças de Cecilia, que se torna a esposa do moço do farol e então tem seis filhos tão diferentes, e cada um das crianças falando por si mesmas vamos descobrindo como a vida acontece de forma tão diferente de nossos planos.

Mas, se existem semelhanças com meu livro favorito, existem algumas diferenças de que não gostei tanto. Primeiro porque você praticamente já sabe tudo que vai acontecer logo no início, depois o vocabulários. Leticia não somente abusou das palavras poucos usadas hoje em dia como ainda criou algumas suas.

Nenhuma das duas coisas faz com que o livro seja ruim, não é isso, mas isso tirou um pouco da graça dele pra mim. E, definitivamente, faz que eu repita: ele não é um livro que agradará a todos.

Ah, sim, claro que minha personagem favorita é apaixonada por livros e é dela o trecho que destaquei acima.

Dica: o livro está em promoção na Livraria Cultura hoje, por R4 9,96.

Sinopse

Um farol enlouquecido deixa desamparados os homens do mar que circulam em torno da pequena e isolada ilha de La Duiva, expondo-os, todas as noites, às ameaças dos rochedos traiçoeiros. Sob sua luz vacilante, Cecília, matriarca da família Godoy, reconstitui as cicatrizes do passado com linhas e agulhas. Em dolorosa solidão, ela tece uma interminável tapeçaria em que entrelaça as sinas de Ivan, seu marido, e de seus filhos ausentes, elegendo uma cor para cada um. Muitas gerações da família de origem espanhola zelaram pelo farol naquela ilhota perdida no sul. Apesar da oposição de Doña, sua mãe, Ivan se apaixona por Cecília. Os dois se casam e têm seis filhos – Lucas, Julieta, Orfeu, as gêmeas Eva e Flora, e o temporão Tiberius -, que povoam a ilha com suas personalidades marcantes e talentos misteriosos. Apaixonada pelos livros, a jovem Flora descobre que possui o dom para a literatura e começa a escrever um romance. Tão poderosas são suas palavras que certas cenas deixam o papel e transbordam para a realidade. O manuscrito chega às mãos do inglês Julius Templeman, professor de Cambridge e especialista em literatura latino-americana. Tomado pelo frescor e pela vitalidade da criação da jovem, ele decide deixar a Europa e ir até La Duiva para conhecer pessoalmente a autora. Sua chegada provoca mudanças profundas e irreversíveis nos moradores da ilha e no próprio Julius. Ele desperta desejos, desencadeia paixões e torna-se o vértice de um inusitado triângulo amoroso, cujas consequências levam os filhos de Cecília a se espalharem pelo mundo em busca de outros verões. Leticia Wierzchowski dá voz e vida a cada um dos integrantes da família Godoy, criando sua própria tapeçaria delicada e surpreendente, enriquecida por múltiplos e divergentes pontos de vista.

Brasileiro, esse foi o tema do Desafio Literário do Tigre de Novembro.

desafio literario do tigre

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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