O show do Paul e a inveja branca que não existe

Então nesta semana tivemos show do Paul McCartney em São Paulo. Eu não sei se eu já contei para vocês, mas Paul é meu “Beatle” preferido. Infelizmente eu nunca fui a um show dele, sempre tem algo, na verdade na maioria das vezes falta $algo$.

Então eu estou aqui de bode porque não fui a mais um show dele e eu realmente não sei até quando ele continuará vindo para cá e se eu terei uma nova chance. Fugi das notícias e quase chorei olhando o Instagram de manhã e vendo fotos e mais fotos do evento.

E eu senti inveja de quem estava lá.

Aí eu lembrei de uma expressão bastante usada na internet hoje em dia: inveja branca.

Só que inveja branca não existe. Inveja significa o desejo de ter o que o outro tem.

Quando usam a tal expressão “inveja branca” a pessoa está querendo dizer que quer, mas de uma maneira amigável, que até está feliz porque o outro tem aquilo…

Só que o contrário de inveja é abnegação. Abnegação é ficar feliz pela conquista do outro, sem ligar para o fato de você não ter a mesma coisa.

Também são antônimos de inveja: desapego, desinteresse, desprendimento, renúncia.

Eu acho todas essas quatro palavras muito bonitas, por que será que ninguém as usa?

Acho que é porque quando alguém crava a tal “inveja branca” em uma frase ela quer dizer que admira aquela pessoa. Que compartilha da felicidade dela.

Quem sabe a pessoa simplesmente está com vergonha de sentir inveja e, poxa, inveja não é um mal em si mesmo – vocês já perceberam que eu uso isso bastante? -, o que você faz dela pode ser.

Raiva, medo, inveja, nada disso é ruim. Bater, roubar, matar, passar a perna, por causa de qualquer uma dessas coisas é horrível. Senti-las? Não. Você não pode deixar que a inveja te domine, que ela seja mais importante do que uma amizade, do que suas próprias conquistas.

Elas inclusive podem te impulsionar para frente, podem fazer com que você lute para conseguir aquela coisa que tanto deseja, para fazer com que você supere uma perda, para fazer com que você possa vivenciar um luto.

E a vergonha de sentir qualquer uma dessas coisa me dá uma coisa ruim, me dá a impressão de que temos de parecer todos perfeitos, todos felizes, o tempo todo. Qualquer pisada fora da linha, afff, e você virou pior que o coco do coco da mosca do cavalo do bandido.

A gente precisa ter vergonha é de jogar lixo no chão, maltratar um cachorro, não segurar a porta do elevador, não levantar para que um idoso sente.

Então eu digo para vocês: senti a maior inveja de quem pegou chuva no Palestra Itália. Senti mesmo.

P.S. Blackbird, Let It Be, I (Want To) Come Home, Live And Let Die, In My Life, Don’t Let Me Down, I Want to Hold Your Hand, Hello, Goodbye, todas estão aqui no meu celular, lista de Reprodução chamada Favoritas, mas acho que só vou ouvir quando a inveja passar…

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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