Sessão de Terapia – temporada 3 semana 2

Qual caminho a seguir quando todos parecem errados? O que todos os pacientes de Theo compartilham nesta temporada é a dificuldade de encontrar uma saída, uma opção. Na verdade, eles ainda nem tentaram, porque não percebem que o caminho que estão seguindo é impossível.

sessão de terapia - temporada 3 semana 2 theo e rita

A segunda sessão de Bianca confirmou meu principal medo: ela sofre abuso por parte de seu marido. Sem família, que perdeu cedo, sem amigos, de quem se afastou por conta do pagamento e agora vendo o marido tendo ciúme doentio do próprio filho ela ainda não se enxerga como uma mulher maltratada, ao invés disso fiz ao Theo que quer salvar seu casamento. Quantas vezes você chorou com ela nessa meia hora de sessão? Por aqui um cisco caiu nos olhos duas ou três vezes.

E se na semana passada ficou fácil entender a autorreferência por conta do que Theo está vivendo com seu filho Rafael e o que Diego está passando, o desmaio do filho no banheiro da vizinha do terapeuta e o fato de uma semana ter se passado sem que o pai de Diego fale com Theo serviram para mostrar que as coisas não serão facilmente resolvidas.

Eu fiquei especialmente tocada com o rapaz relembrando o tempo em que ele chamava a governanta de mãe e a certeza de que ele tem que apenas as pessoas que são pagas para ficar ao seu lado permanecem. A vida de Diego é marcada pelas perdas: sua mãe, o conforto de ter alguém que torcia por ele e que acabou ridicularizada, seu pai para o novo casamento, a atenção da madrasta por conta dos novos filhos. Não que essas perdas tenham sido ocasionadas de propósito, nas verdade eu imagino que para os demais elas nem foram percebidas.

Quarta trouxe um Felipe ainda mais perdido. Apesar de minha empatia pela situação do namorado, cansado por ser escondido há tanto tempo, também me comovi com as dúvidas do próprio Felipe, mesmo aquelas que ele nem sabia que tinha – nem eu – e que Theo apontou: seria mesmo somente o medo de ficar sem dinheiro o que impede Felipe de decidir o que fazer?

Engraçado que este foi o caso para o qual eu menos dei atenção na semana passada e já na semana seguinte ele tenha surgido como muito mais intrigante e de desdobramentos mais inesperados. Fico aqui pensando no que Felipe trará nesta semana depois de Theo ter “mostrado a lebre”.

Finalmente Milena. A licença compulsória da professora me assustou e acho que nem esbarramos no real motivo de seu afastamento – ela focou apenas na humilhação de ter sido afastada, mas não nos contou qual foi o gatilho dessa situação. O comportamento dela piora em escala geométrica e fico imaginando o quanto seu filho sofre com isso – a forma como ela olha para a sujeira ou a bagunça de uma criança é o que mais me chama a atenção no seu comportamento maníaco.

Mas sua segunda sessão nos mostrou que o comportamento em si não é nada novo e eu acho que ainda estamos longe de entender quais são seus reais medos travestidos no medo da desordem. Queria destacar o trabalho da atriz Paula Possani: sem esbarrar no dramalhão, no caricato, seus olhares, seus pequenos gestos são muito importantes para entendermos o drama da personagem.

“Se a gente só atendesse quando estivesse sem problema, ninguém aqui ia trabalhar”

Com essa frase, Theo encerra a semana no segundo encontro de seu grupo de supervisão.  E vamos combinar que ela está bem certa, afinal problemas fazem parte da vida, a questão é o quanto um psicólogo precisa de “departamentalização” para seguir seu trabalho sem confundir as estações.

Acredito que o fato de Theo enxergar as semelhanças entre sua situação em casa e a situação de Diego é mais um sinal da evolução dele como pessoa e como profissional, isso depois de duas temporadas em que a relação entre esses dois lados se confundiram tanto.

Assim como Evandro eu acho precipitado ele deixar o Diego agora, ainda mais considerando todas as perdas que ele já viveu, mas ficaria de olho nos próximos capítulos.

E esse foi apenas um dos lados dessa sessão: o quanto um psicólogo pode agir para garantir o bem estar de um paciente? Eu não consigo ver mal na conduta que ele teve no passado com a Carol, que não dispunha de tempo para esperar qualquer coisa diferente disso.

O problema da sessão foi Rita. Eu torcendo por uma relação saudável para Theo começo a desconfiar que talvez ela não venha num relacionamento com Rita, que parece ter uma história muito mal resolvida com o sócio…

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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