Livros: Por toda a eternidade

Quando eu tive que comprar um livro unicamente pela capa para o Desafio Literário do Tigre eu fiquei incrivelmente dividida entre duas opções. Acabei trazendo as duas para casa, li o mais curtinho para o desafio, afinal o mês já correia, e deixei o outro na pilha ao lado da cama. Terminado o livro de Junho resolvi pegar o segundo antes do livro do desafio.

Confesso que minha relação com ele não foi de toda fácil: a personagem principal não ganhou meu coração e eu tinha que me obrigar a cota de páginas diárias quando comecei, além de ter pensado em abandoná-lo.

Não sei ao certo em que momento isso mudou, mas de repente eu só conseguia pensar em quando eu poderia pegá-lo de novo após os afazeres do dia e ontem não o larguei até que a última página tivesse sido finalmente virada – chorando copiosamente em minha cama, não por tristeza, mas simplesmente tocada pela história de suas personagens.

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Suas porque Por toda a eternidade é um livro essencialmente feminino: começa com Tully perdendo sua melhor amiga Kate após uma dura batalha contra o câncer, continua pela difícil tarefa de continuar vivendo que Marah, apenas uma adolescente, encara após a perda da mãe, e se encerra com a mudança de vida de Dorothy, que nos prova que nunca é tarde para recomeçar.

“Ela pôs uma faixa de borracha em torno da perna da calça e subiu na bicicleta. Com um floreio, ela se pôs em movimento, pedalando com sua caixa de dinheiro batendo na cestinha entre os guidões. Carros buzinavam e se aproximavam demais, mas ela mal os notava. Aprendera que as pessoas se sentiam pouco à vontade com velhos hippies em geral, especialmente os que usavam bicicletas.

Na esquina, ela estendeu o braço para indicar sua intenção e entrou na Main Street. Isso de seguir as regras, indicar que viraria, lhe dava prazer. Ela sabia que soava estranho e que a maioria das pessoas não entenderia, mas toda a sua vida fora gasta em anarquia, e a paz que vinha com regras e cercas e sociedade provou ser incrivelmente consoladora.”

Dorothy, cujo passado imensamente triste perseguiu por tanto tempo. Dorothy que precisou acreditar em si mesma quando ninguém mais acreditava. A cada pedaço da história dela eu me apaixonava mais e sem sombra de dúvida é minha personagem favorita do livro.

“Dorothy sabia que era melhor não dizer nada. Às vezes você simplesmente faz a escolha errada e tem de viver com isso. Você pode apenas mudar o futuro.”

Mas eu também não poderia deixar de falar de Marge, a mãe de Kate e uma segunda mãe para Tully, ou a única mãe que ela conheceu até que sua vida parecesse completamente perdida.

“Quando você é mãe, aprende sobre o medo. Você está sempre com medo. Sempre. De tudo, de portas de madeira a sequestradores e do clime. Não há nada que não possa machucar seus filhos, juro. A ironia é que eles precisam que sejamos fortes.”

Você vai lendo o livro, vai conhecendo os detalhes nunca contados da vida de cada uma, as escolhas erradas, os arrependimentos.

Vai aprendendo sobre o vício e a perda e descobre que mesmo não tendo cometido os mesmos erros ou tenha conseguido resistir as várias formas de se esconder dos problemas da vida, é impossível não perceber que os seus erros não são tão diferentes assim. Nunca são.

O bom é que a história renova nossa esperança de que mesmo quando tudo parece negro e sem solução, é possível começar de novo.

Sinopse

Tully Hart é uma mulher ambiciosa, movida por grandes sonhos que, na verdade, escondem as lembranças de um passado de abandono e dor. Ela acredita que pode superar qualquer coisa ao esconder bem fundo os sentimentos de rejeição que carrega desde a infância… Até que sua melhor amiga, Kate Ryan, morre. Então, tudo começa a mudar para Tully, que se vê escorregando em um precipício cheio de memórias melancólicas e remédios para dormir… Dorothy Hart – ou Cloud, como era conhecida nos anos 1970 – está no centro do trágico passado de Tully. Ela abandonou a filha repetidas vezes na infância. Até que as duas se separaram de uma vez por todas. Aos dezesseis anos, Marah Ryan ficou devastada pela morte da mãe, Kate. Embora seu pai e seus irmãos se esforcem para manter a família unida, Marah transformou-se numa adolescente rebelde e inacessível em sua dor. Tully tenta aproximar-se de Marah, mas sua incapacidade para lidar com os sentimentos da afilhada acaba empurrando a menina para um relacionamento infeliz com um rapaz problemático. A vida dessas mulheres está intimamente ligada, e a maneira como elas vão rever seus erros e acertos constrói um romance comovente sobre o amor, a maternidade, as perdas e o novo começo. Onde há amor, há perdão…

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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