Livros: Minha Vida Na França

livro minha vida na frança julia childAh, os livros da estante. Eu, que em teoria parei de comprar livros há mais de dois anos, mas que de vez em quando ainda escorrego em alguma promoção, tenho vários fazendo aniversário e fiquei realmente em dúvida sobre o qual escolher. Ainda mais considerando que em janeiro ainda estou em pleno vapor na função mãe período integral – e a lojinha em manutenção por mais tempo do que eu pretendia – só que voltando a trabalhar no escritório.

E eu também já tinha começado outro livro quando resolvi participar do Desafio, então o livro não poderia ser grande demais. Nem pequeno demais. Ao final, Minha Vida Na França foi do tamanho ideal. Além disso, o pobre coitado estava na fila há anos, desde que assisti ao filme Julie&Julia – acho que o comprei em 2008.

Confesso que foi praticamente impossível para mim ler este livro sem que Julia Child tivesse o rosto de Meryl Streep. Ou melhor: foi impossível ler este livro sem pensar na Julia do filme e do livro Julie&Julia e não naquela que rejeitou a linda homenagem de Julie com seu blog e que acaba não nos parecendo tão legal assim. Foi a voz da atriz que veio em minha mente a cada história contada e isso tornou a leitura ainda mais deliciosa.

Sinopse

Após mudar-se para a França em 1948, Julia Child não falava o idioma nem sabia nada sobre o país. Mas, ao ter aulas no Instituto Le Cordon Bleu, descobriu sua verdadeira vocação – a culinária. E para crescer, teve que se impor em um meio dominado por homens, além de lidar com a rejeição de várias editoras para conseguir publicar seu livro de culinária francesa, ‘Mastering the Art of French Cooking’.

O livro, classificado como biografia, nada mais é que a história da vida que Julia e seu marido tiveram após este ter sido transferido para Paris, cidade em que Julia descobriria a paixão pela culinária, além da paixão pela comida que ela já sabia que tinha, e pelos franceses e sua manias. Ele foi feito a partir do apanhado de cartas trocadas por Julia e sua irmã e por Paulo e seu irmão – eles mantinham o costume de se escrever semanalmente cartas que chegavam a ter dez páginas.

Se você gosta de gastronomia irá se deliciar com os detalhes das descobertas feitas pela autora na Cordon Blue ou das aventuras que o casal viveu passando por restaurantes dos mais diversos tidos, descobrindo novos sabores, aprendendo sobre vinhos.

Se você gosta de história irá adorar saber como era a vida em Paris, depois em Marselha, no pós primeira guerra mundial. Como as pessoas viviam, quais lembranças tinham e como eles percebiam a ajuda recebida dos EUA.

Se você gosta de Paris, ah, “uh-la-la”, irã AMAR ver Julia descobrindo a cidade, seus mercados, suas ruas. Ela contando dos franceses que conheceu em comparação com os franceses que esperava encontrar depois de ter sido criada em uma família tradicionalista americana. Ela contando de sua casa, sua gata, seus amigos.

A questão é bastante simples, na verdade: eu amo gastronomia, adoro história e sou apaixonada por Paris. As chances de eu não gostar desse livro era poucas e, bem, é claro que eu adorei. Ele virou um daqueles com mil orelhas dobradas, trechos lidos em voz alta para os outros e risadas solitárias no ônibus ou no metrô.

O livro viria a ser publicado pouco depois da morte de Julia e, como Alex Prud’homme – co-autor – ressalta: é tão viva a experiência de Julia naqueles escritos que eles se tornaram uma extensão verdadeira dela. E a cada conquista, seja falar o frânces melhor, conseguir fazer a receita tão desejada, conhecer um gastrônomo famoso, você sorri como se fosse a conquista de uma grande amiga.

Alguns dos meus trechos favoritos (não esqueça de ler imaginando a voz de Meryl Streep):

Vinho? – eu disse – No almoço? – Eu nunca tinha bebido vinho a não ser um pouco do Borgonha da Califórnia, que custava um dólar de dezenove centavos e certamente não tinha sido no meio do dia.

Na França, Paul explicou, a boa cozinha era considerada uma combinação de esporte nacional com talento artístico, sendo que sempre se servia vinho com os pratos, tanto no almoço quanto no jantar.

“Nossa família se completou quando fomos adotados por uma poussiequette à qual demos o nome de Minette. … Ela foi minha primeira gata e eu a achava maravilhosa. Logo comecei a notar que havia gatos em toda parte, espreitando em vielas, tomando sol em muros ou olhando para a gente das janelas. Eram criaturas muito interessantes e independentes. Para mim, eram iguais a Paris.”

“A gente nunca se esquece de uma coisa bonita que tenha feito – disse ele (o chef Bugnard) – Mesmo depois de comê-la, ela continua sempre presente em nós.”

“Os franceses são muito sensíveis à dinâmica pessoal, e acreditam que é preciso ser digno das recompensas. Se um turista chegar perto de uma barraca de comida pensando que vai ser enganado, o vendedor vai perceber e se sentir na obrigação de enganá-lo. Mas se um francês perceber que um visitante ficou encantado ao entrar na sua loja e está genuinamente interessado no que está à venda, vai se abrir como uma flor.”

P.S. Não achei texto para Julie&Julia aqui no blog, mas achei para Destrinchando, segundo livro da Julie.

 

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

3 Comentários


    1. Eu gostei bastante dos dois, li o livro depois e da mesma forma que esse acabei ficando com Meryl na cabeça como Julia e continuei encantada.

      Minha Vida na França é um livro bem maior, a parte sobre a vida do casal em paris é riquíssima e dá uma vontade enorme de conhecer cada um dos lugares descritos.

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