The Newsroom: News Night With Will McAvoy (2×05)

Algumas vezes, ao assistirmos um seriado querido, é praticamente impossível não pensar se ele está datado ou não, ainda mais se considerarmos que o mundo tem mudado cada vez mais rápido. É aquele corte de cabelo nada a ver, um problema que não existe mais por conta da tecnologia ou mesmo uma gíria utilizada. Felizes são os seriados e filmes que ultrapassam os anos e, mesmo com tudo isso, continuam agradando não só os fãs fiéis, mas também atraindo novos fãs.

Outra coisa bastante complicada para uma série é ultrapassar fronteiras. Se para as séries de comédia ou fantasia isso não entra na pauta dos roteiristas como problema, nos dramas, ainda mais se focados em política, essa pode ser a pedra no sapato. The Newsroom anda conseguindo superar tal obstáculo com louvor, ainda que sofra uma ou outra crítica de quem não é muito ligado no assunto.

The Newsroom: News Night With Will McAvoy (2x05)

A escolha de suas bandeiras é um dos motivos para tanto: quando eu falo do horror da Guerra, seja no terceiro mundo seja pelo uso de armas químicas por uma grande potência, é fácil fazer com que pessoas dos mais diversos países entendam. Quando eu falo de políticos que tem uma imagem, enquanto na verdade são outra pessoa, isso é universal. Quando eu falo da defesa de posições por vezes contraditórias – eu sempre disse que, se fosse americana, existia uma grande chance de ser republicana, a questão é que eu seria uma republicana ao estilo de Will – é fácil fazer com que o telespectador se identifique.

Mesmo quando a série escapa da política a escolha de suas bandeiras sobressai como correta: Sloan enfrentando o sucesso indesejado por conta de suas fotos na internet, tendo sua intimidade violada da pior maneira. Assim como o menino que se matou após ter sua homossexualidade revelada por outra pessoa – e a gente só entende o porque da menção deste caso quando ficamos sabendo sobre Sloan e, mais tarde, quando Neil vê o tuíte do convidado da noite.

Nada mais atual que este assunto. Se eles foram felizes em abordar esta questão lá nos EUA quando mais um garoto se suicidou por conta do bullying, aqui o seriado acabou sendo exibido quando na internet muitos falavam de um menino de 15 anos que resolveu falar sua opinião de como “as garotas devem ser” no blog de uma revista jovem. Lá Mac impediu que o garoto fizesse algo de que ele se arrependesse para o resto da vida – sair do armário em horário nobre, expondo seu segredo e sua família ao julgamento de todos -, aqui nenhum editor parou e leu o que o tal garoto escreveu e pensou nas consequências disso para a vida dele.

Em comum, o personagem e o rapaz brasileiro carregam consigo aquela certeza adolescente de que eles são os donos da verdade. Em comum a aparente segurança de quem pode enfrentar o mundo de peito aberto. Em comum as inseguranças escondidas, o medo do julgamento alheio, o despreparo para enfrentar o mundo, a solidão de não ter alguém que lhe oriente.

Tudo isso enquanto Charlie parece ter encontrado as provas necessárias para que eles divulguem o tal projeto Genoa que tanto temem que tenha sido verdade.

Enquanto, num canto da sala, uma Maggie que tem medo de voltar para casa, mas não tem coragem de procurar outra casa, cortou uma frase que não devia de uma gravação.

E enquanto, sem ter saído um segundo sequer de seu balcão, Will lembrou do sofrimento de sua infância e adolescência, tentou superar isso e então se descobriu sem pai.

Porque a diferença entre felicidade e sofrimento, entre certo e errado, entre o que eu falo e o que você entende pode estar em apenas uma frase, em apenas 5 segundos.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

6 Comentários


  1. então a Maggie não se transforma assim que volta da Africa … no episódio anterior me deu a impressão que ela muda o cabelo logo depois que volta mas deve acontecer mais alguma coisa até isso acontecer …

    querendo dar colinho ao Will e super empolgada com o Don <3

    boato ou não … navegando pela internet eu li uma matéria que dizia que a Olivia Munn se não se comportasse, ou seja deixar de ser uma diva metida, os dias dele em Newsroom estariam contados …

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    1. Então, algumas pessoas na internet falaram que a questão é que esse ano não temos uma linha temporal clara, ou seja, o que aconteceu hoje pode ter acontecido antes do corte de cabelo. O problema é colocar isso em ordem: ela passa por esse negócio da frase e então se toca que está muito pior do que achava? Não sei se teremos essa resposta de forma clara em algum moment.

      Sim e sim! Queria muito dar um abraço em Will naquele momento em que deram um close em seus olhos avermelhados e já estou muito fã do Don. E continuo fã do Jim e por conta disso fiquei bem irritada com a Maggie falando da namorada dele.

      Hummmm, será? Eu ainda queria ver a Sloan com o Don…

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      1. ahhhh Maggie estava extremamente chata falando tudo aquilo pro Jim …. e pela 1a vez na tev eu vejo um download demorar muito para finalizar …

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  2. Já virou lugar comum dizer que o episódio foi sensacional, né? Impressionante como essa temporada está mantendo a alta qualidade!

    Acho que ainda vão explicar melhor essa história do cabelo da Maggie, o Sorkin não é de deixar furos (e olha, eu ADOREI o discurso que ela fez sobre sexismo).

    E o Will no fim… o que foi aquilo? O episódio acabou e eu fiquei parada olhando a tela vazia, morrendo de pena dele…

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    1. Não tem Sorkin e furos na mesma frase, é isso. Também acho que a questão é não estarmos numa linha temporal exata, quando aparece Maggie cortando o cabelo é porque estamos na linha temporal do depoimento dela, depois voltamos para o ponto em que tínhamos parado.

      Aqueles olhos vermelho. Sem palavras.

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