Festa com brigadeiros e salgadinhos

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A regra aqui em casa é clara: pode comer de tudo, só não pode demais.

Quem me conhece sabe: sou totalmente contra dietas restritivas, que fazem a pessoa abandonar doces, carboidratos ou outros de forma radical. E sempre acho que na primeira escapada a pessoa vai afundar naquele alimento proibido como um sedento e engordar tudo o que perdeu. Além disso, não dá para ser feliz se nos proibirmos de consumir algo que nos dá prazer.

Acho que o segredo está no equilíbrio: um tanto de atividade física, um tanto de comida saudável, um tanto de pequenos prazeres. Não ter fixação em ser magro demais, não relaxar e acabar engordando demais. Largar o carro quando possível, respeitar o seu tempo.

Só que hoje em nem quero falar dessa mania atual da tal dieta Dukan e do Instagram invadido por fotos de pessoas malhando – acho que sigo as pessoas certas, nada disso na minha timeline -, mas do que estão fazendo com as crianças.

Esses tempos tenho visto vários blogs maternos ensinando pais a fazerem festas infantis sem açúcar e sem salgadinhos fritos e isso me incomoda demais.

Minhas festas quando criança eram uma celebração que ia além da festa em si: existia todo o período da preparação, de ver qual tia faria o que, de comprar os refrigerantes para a festa, porque não era coisa que se tinha em casa para o dia a dia, mas apenas aquela garrafa para a pizza de sábado e o almoço de domingo. Uma tia fazia o sanduíche de carne louca, outra o canudinho de creme de palmito, uma terceira as coxinhas. Brigadeiros eram enrolados inclusive pelos aniversariantes.

Se a hora do parabéns era aguardada pelo aniversariante que é o astro da festa, a criançada queria mesmo é que ele acabasse para poder atacar os docinhos espalhados pela mesa.

Por aqui tentamos manter ao máximo tudo isso com a Carol. Sim, ela já teve festa em buffet também, mas a maior parte rolou em casa mesmo e até os tais canudinhos de palmitos puderam ser encontrados, uma homenagem aos velhos tempos que muito adulto comemorou por aqui.

E eu acho que tem de ser assim: encher a cara de coxinha, brigadeiro e beijinho é parte importante da festa, é aquele “hoje pode” que faz a coisa ser mais saborosa. O que não pode é coxinha todo dia, montes de brigadeiros a todo instante.

Fico pensando se essa necessidade de ser radical assim com o que nossos filhos comem não tem mais a ver com nossa dificuldade de lidar com as tentações diárias – o carro do ano, o sapato de R$ 600,00, o restaurante da moda – do que com a real preocupação de que eles cresçam saudáveis.

Parte do trabalho dos pais também reside nisso: ensinar o pode e o não pode, ensinar que o doce, a fritura, o refrigerante, não são maus em si, mas sim o comer a caixa inteira de bombons ou tomar dois litros de refrigerante por dia. Ensinar que se comerem tudo direitinho, o arroz, o feijão E as verduras, vão pode ter sobremesa, mas que bebida junto da comida é só de vez em quando, no final de semana por exemplo.

Porque um dia não vai ter proibição que resista, ele vai a alguma festa sozinho e o que antes foi tão proibido pode se tornar prazer secreto nem tão saudável e virar problema pro resto da vida.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

2 Comentários


  1. Meu avô já dizia que tudo na vida depende de bom senso.
    Então aqui em casa festa de aniversário era a senha pra encher a cara (nós três) de tudo de gostoso & proibido. A única coisa que eu sempre proibi (a neura)foi refrigerante – o pai das meninas é viciado e manda pra dentro até seis litros de coca por dia.

    No resto, eba. Manda mais bolinha de queijo que mamãe gosta.

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    1. Carlos é viciado em Coca-cola, aqui sempre tem. Carol não suporta refrigerante, já experimentou, mas não gostou. Agora, se eu proibisse, vai saber…

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