Porque amor é acolhimento

menina transgenere jazz

Ontem estava passando pelos canais a procura de algo para assistir e acabei encontrando um especial no Discovery Home& Health chamado A Vida de Jazz. O especial foi gravado nos EUA quando Jazz Jennings estava perto de fazer 11 anos e já tinha sido diagnosticada com transtorno de identidade de gênero há quase 8 anos. A menina, que não tem dificuldades em explicar que  “Tenho a mente de uma menina no corpo de menino”, prepara-se para enfrentar a puberdade, provavelmente uma das fases mais difíceis de sua vida.

O especial mostra os desafios vividos pela família Jennings desde o diagnóstico e, acima de tudo, nos dá uma lição de amor verdadeiro. Mesmo confrontados com dificuldades das mais diversas – como ter de ir a justiça para mudar a identidade de sua filha ou sofrer junto com ela quando ela é obrigada a ficar de fora de seu time de futebol por não ter o corpo de uma menina -, os pais, Jeanette e Greg, e os três irmãos, Ari, Griffen e Sander, demonstram que o acolhimento é sim a melhor atitude para garantir uma vida saudável, a despeito de qualquer diferença ou dificuldade que uma pessoa enfrente.

Jazz é a caçula dos quatro filhos e desde bebê preferia brinquedos e roupas de menina. Inicialmente seus pais acreditavam que isso passaria, mas quando ela completou 3 anos eles resolveram recorrer a especialistas que confirmaram o diagnóstico de transtorno de identidade de gênero, nome um tanto complicado para explicar o que Jazz disse na primeira frase dela que eu citei neste texto.

Foi com lágrimas nos olhos que vi seus pais contando da alegria da menina quando, no aniversário de 3 anos, ela pode usar um maiô de menina em sua festa na piscina, ou quando seus irmãos contam com naturalidade de que ela sempre foi uma menina e que isso só fez a família ser melhor. Chorei com seus pais quando eles contaram de como foi triste para a menina ser afastada das competições do esporte que tanto ama, mas, acima de tudo, me senti reconfortada por ver tamanha demonstração de amor.

Sim, eu acho que eu repeti demais a palavra amor nesse texto. Mas sabe o que é: depois de ter ficado chateada com algumas coisas que vi ou ouvi nas últimas semanas, e que acabaram gerando o texto em que falei da presença do Papa aqui no Brasil, ver algo assim faz com que eu afaste a descrença e acredite que o mundo ainda tem esperança.

Quando eu vejo as amigas de Jazz, que sabem da verdade, aceitarem-na sem preconceitos, assim como suas famílias, eu volto a acreditar, sim, que os bons são maioria.

Sabe, as palavras somente são ruins se atribuíamos esse peso a elas. Apesar do nome pomposo, o transtorno de Jazz (um dos significados de transtorno é mudança e não doença) não a define. Não definiu sua família. O amor o fez. É lindo vê-la sorrindo, é engrandecedor ver sua mãe palestrando sobre o que viveram  em faculdades de medicina e psicologia, é fascinante ver a ciência caminhando para que, quando mais cedo feito o diagnóstico, menos problemas crianças como Jazz enfrentem em sua vida.

Para saber mais:

Vídeo com a participação de Jazz no 20/20 quando tinha 6 anos

Texto sobre a ligação entre o transtorno de gênero e uma falha hormonal

Sobre o Transtorno de Identidade de Gênero

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

2 Comentários


    1. Eu achei demais da conta tudo na história. No momento em que a mãe fala que é abençoada por ter os filhos que tem minha vontade era de falar para ela: mas vc é uma benção!

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